Tuesday, June 12, 2012

Avignonesi Desiderio 2006

Com o frio de São Paulo no último feriado, nada de melhor do que aquela velha combinação já manjada aqui do blog: vinho x boa comida x boas companhias. E esta relação se torna cada vez mais interessante quando o vinho apresentado é diferenciado, vindo diretamente da vinícola produtora e por ai vai.

Primeiro falemos um pouco da vinícola que produz tal vinho, a Avignonesi. A mesma se encontra na região de Montepulciano, na Toscana, e tem uma tradição familiar apesar de recentemente ter mudado de mãos. A partir dai, o emprego de técnicas de cultivo orgânico tem sido empregadas de maneira a buscar a expressão mais pura do terroir onde as vinhas estão plantadas.


O vinho propriamente em questão tem duas curiosidades: primeiramente vem de uma DOC pouco conhecida para nós, Cortona, uma pequena cidade Toscana, situada em uma colina verdejante com plantação de oliverias, vinhas e outras plantas ciprestes ao redor, criando uma paisagem singular e apaixonante; em segundo lugar o nome dado ao vinho, Desiderio, nome este dado ao vinho em homenagem a um touro multipremiado da região. Em seu corte, 85% é de uvas Merlot e 15% de uvas Cabernet Sauvignon colhidas de vinhas com idades entra 10 e 20 anos. Após o processo de fermentação, o vinho passa 24 meses em barricas francesas de primeiro e segundo uso. São produzidas em média 28 mil garrafas do vinho. Vamos as impressões.

Na taça, e apesar da idade, o vinho apresentou uma cor rubi violácea bastante forte e quase impenetrável, com lágrimas que tingiam todas as paredes da taça quase que num conjunto único. Ligeiro halo aquoso.

No nariz o vinho se mostrou fechado no início, mas quando foi vertido no decanter e passou lá um tempo se mostrou muito perfumado, com aromas de flores e frutas escuras. Depois de algum tempo um aroma meio "medicinal" podia ser sentido, lembrando vicky (eu supus que era algo mentolado, como aqueles aromas de sauna) num fundo de especiarias. 

Na boca o vinho apresentou um corpo de médio para encorpado, boa acidez e taninos finos porém presentes mas macios e redondos. Retrogosto trazia muita fruta e lembrança floral com leve toque tostado e de chocolate amargo. Final de média para longa duração.

Um grande vinho sem dúvida, muito saboroso e deliciosamente concentrado sem se tornar enjoativo. Vale a prova e deve ser degustado com tempo. Para quem gosta de pontuações, esse vinho recebeu 91 pontos da Wine Spectator e 88 pontos da Wine Advocate. Eu recomendo.

Até o próximo!

Friday, June 8, 2012

Dios Ares Crianza 2007

Voltando a falar de vinhos espanhóis aqui no blog, já que estão em voga por ai, resolvi provar um que tinha por aqui e foi muito bem recomendado. Não decepcionou, mas também não foi tudo isso que alardearam por ai. Acho que os 90 pontos RP são um pouco exagerados mas enfim, segue o jogo.

Este vinho é feio pela Bodegas Pujança, de Rioja, região vinícola mais famosa da Espanha. Pujança tem ligação com força, poder, e talvez esse seja o sentido que o produtor quis implicar em seus vinhos. Mas não sei bem se o atingiu. Este pode ser considerado um vinho de entrada, apesar de por legislação ter a necessidade de passar determinado em madeira e em garrafa antes de ser liberado ao mercado (eis o por que do crianza no rótulo). Não achei entretanto os tempos específicos utilizados pela bodega, então ficaremos só com a informação de que o vinho é feito com uvas Tempranillo. Vamos as impressões.


Na taça uma cor rubi violácea com alguma tendência ao grená. Lágrimas finas, ligeiramente lentas e quase sem cor complementam o aspecto visual.

No nariz aromas de frutos vermelhos, leve toque de especiarias e alguma coisa de baunilha. Frutas em evidência.

Na boca o vinho apresentou um corpo médio, boa acidez e taninos finos, macios e redondos. Retrogosto frutado com alguma coisa de láctea, lembrando danone. Final de curta duração.

Um bom vinho, sem grandes atrativos, porém também sem defeitos. Custou cerca de R$ 55,00 numa promoção da Via Vini (loja on line) e pelo preço, acho que pode ser uma boa compra.

Até o próximo!

Wednesday, June 6, 2012

Nuscaa Cabernet Sauvignon - Malbec 2010

Sempre estamos na busca por um vinho que seja um bom custo benefício para o dia a dia. E me parece que seja o caso deste vinho de hoje. É produzido pela gigante Dominio del Plata, em Mendoza, na Argentina. Segundo o site do produtor, seria uma "edição especial" sem maiores informações. Vale sempre lembrar que a bodega é dirigida pela enóloga considerada símbolo da enologia moderna da Argentina, Susana Balbo. 

Uma curiosidade, se é que podemos considera-la assim, é que o nome do vinho é uma expressão Maia que significa "Terra Nova" e segundo o produtor, seria uma alusão a técnicas sustentáveis que a vinícola emprega em prol das gerações futuras. Interessante não? Bom, como não consegui maiores informações sobre vinho, vamos as impressões.


Na taça o vinho apresentou uma forte cor violácea, com algum brilho e quase sem transparência. Lágrimas finas, rápidas e de ligeira cor também tingiam as paredes da taça.

No nariz o vinho abriu com um mix de frutas vermelhas e escuras, leve toque de especiarias e baunilha. Tudo bem integrado e colocado em seu lugar.

Na boca um vinho de corpo médio, boa acidez e taninos finos porém bem presentes e de qualidade. Retrogosto essencialmente confirmando as frutas do nariz e um final de curta para média duração.

Um vinho simples, sem defeitos e que pode sim ser um vinho do dia a dia para acompanhar aquelas refeições mais simples, uma pizza, ou simplesmente uma conversa entre amigos. Eu recomendo!

Até a próxima!

Tuesday, June 5, 2012

Beronia Reserva 2007

Pelo que tenho lido e acompanhado, me parece que os vinhos espanhóis estão na moda nos dias de hoje. E tem toda razão de ser, pois de um tempo pra cá pudemos observar um salta na qualidade dos vinhos e na divulgação destes vinhos no mercado internacional. E é justamente de lá que vem o vinho que será alvo deste post. 

Rioja pode ser considerada a região vinícola mais famosa da Espanha e é de lá que vem a maioria dos mais afamados vinhos. Atualmente também temos a região do Priorato com grande barulho no mercado internacional, mas isto é assunto para outro post.


Segundo o produtor, as uvas utilizadas neste vinho (Tempranillo 90% - Mazuelo 5% - Graciano 5%) são colhidas de suas vinhas mais velhas e passam por um estágio de envelhecimento em madeira por mais de 20 meses, sendo que esta madeira é um mix entre madeira francesa e americana. Além disso passa por um período de 18 meses em garrafa nas caves da bodega, antes de ser liberado para o consumo. Vamos as notas da prova.

Na taça o vinho apresentou uma bonita cor violácea de média pra grande intensidade, pouca transparência e lágrimas ligeiramente espassadas, mais grossas e com certa cor.

No nariz o vinho abriu com aromas de frutas vermelhas e escuras em compota, num mix bem balanceado e fragrante. Ao fundo, notas de chocolate e madeira bem integradas e não mais presentes que a fruta. 

Na boca o vinho mostrou um corpo médio, boa acidez e taninos finos, macios e bem integrados com o restante do vinho. Retrogosto com muita fruta e chocolate num final de longa duração.

Um ótimo vinho, me parece em seu auge mas provavelmente deva ainda permitir um tempo em garrafa. Eu recomendo!

Até o próximo!

Monday, June 4, 2012

Vino Nobile di Montepulciano Gattavechi 2008

O outono é a estação do ano que mais me agrada, os dias são ensolarados mas não são quentes e as noites costumam ter temperaturas mais baixas e são muito amigas de um bom vinho, boas companhias e é claro, uma boa gastronomia associada. Quando conseguimos unir todos estes elementos, posso dizer que a satisfação é completa. Sim, falei tudo isso com o intuito de introduzir o vinho do post de hoje. Ele era um dos elementos discutidos acima, e em conjunto com os demais, pode fazer a noite mais agradável.


Este exemplar vem da região de Montepulciano, na Toscana e é feito com uvas Sangiovese (Prugnolo) 90% e um blend de uvas tintas nativas de região para completar os 10% restantes. A região de Montepulciano por vezes é um pouco desprezada pelos consumidores de vinhos, seja pelas comparações errôneas feitas com os vinhos de Montepulciano D'Abruzzo e com os potentes Sangioveses de Montalcino. Em ambos os casos, os vinhos são ora diferentes por concepção ou pela casta  utilizada. De qualquer maneira este vinho passa ainda por afinamento em madeira eslovena e francesa por dois anos e depois por um tempo em garrafa que gira entre 6 a oito meses antes de ser disponibilizado ao mercado. Vamos as impressões sobre o vinho.

Na taça uma cor rubi de média intensidade e boa transparência, lágrimas finas, rápidas e incolores completavam o aspecto visual.

No nariz o vinho se mostrou bem elegante, abrindo com aromas frutados lembrando cerejas e algo de terroso, lembrando cogumelos. Ambos aromas bem integrados e com um fundo de madeira, sem atrapalhar.

Na boca o vinho tinha um corpo leve, boa acidez e taninos finos, redondos e macios. Retrogosto frutado, confirmando o nariz e num final delicado, delicioso e de média para longa duração.

Um grande vinho, me deu impressão de boa tipicidade italiana e que foi harmonizado de forma graciosa com um fondue de queijo. Sei que a maioria irá torcer o nariz e normalmente os vinhos recomendados para esta harmonização são brancos, mas eu achei a combinação fantástica. Uma pena que não é vendido aqui no Brasil.

Uma curiosidade é que cheguei a conhecer o produtor deste vinho em uma passagem sua pelo Brasil no programa BomdiVinho, do Marcelo Di Morais. Apesar do curto espaço de tempo, ele me pareceu muito simpático e apaixonado pelo que faz, além de ter uma esposa brasileira que é chefe de cozinha. Enfim, que arrume logo um importador pro Brasil.

Até o próximo!