Monday, May 30, 2011

O que é uma vinícola boutique?

Estava eu na última aula do curso de sommellerie, curiosamente tratando de américa do sul, quando surgiu o assunto “vinícola boutique”. Nem me lembro ao certo o por que deste assunto ter vindo a tona mas ele me fez pensar: o que realmente é uma vinícola boutique? Evidentemente o tamanho da produção desta vinícola geralmente é um dos fatores principais neste conceito, mas se compararmos então as vinícolas boutique do novo mundo, notadamente Argentina e Chile por exemplo, com as do velho mundo, Borgonha por exemplo, veremos uma enorme diferença no tamanho das propriedades e da produção anual destas vinícolas dentro de um mesmo conceito. Então fui atrás de algumas outras características que possam ajudar a definir este conceito.

Normalmente um item levado em conta para a formação do conceito de vinícola boutique diz respeito ao charme que ela possui em ser gerenciada normalmente por uma família, mesmo que através de gerações, ou seja, normalmente não existem muitos empregados que não os membros da família do(a) dono(a) da vinícola. E por família muitas vezes entenda o pé da letra mesmo, ou seja, parentes diretos como pais e filhos, que executam todas as tarefas da vinícola.

Outra característica para esta definição é que normalmente estas vinícolas focam sua produção em vinhos mais complexos, deixando de lado os vinhos considerados mais fáceis de beber. Evidentemente este foco está no cliente que já tem algum conhecimento de vinhos e procura sempre exandir seus paladares além de buscarem vinhos mais complexos e que desafiem seu paladar. Além disso, seus vinhos normalmente expressam uma paixão do produtor por seus vinhos.

Interessante também é a história de que muitas vinícolas boutique do velho mundo não possuem negociadores/importadores/distribuidores e normalmente só vendem seus vinhos na própria propriedade ou através do boca a boca na região em que se encontram. Ou seja, você só ira provar seus vinhos se estiver passando pela região ou agendar uma visita na propriedade.

Uma outra curiosidade que eu consegui identificar nestas vinícolas boutique é que normalmente estas vinícolas trabalham com uma ou outra casta que não é muito comum na região e/ou país. Um exemplo seria a Lidia Carraro,  que tem seu varietal Teroldego e a Dom Cândido com seu varietal Marselan, no Brasil.

Evidentemente devem existir outras características que construam a definição de vinícola boutique porém estas foram as que eu consegui elencar. Que tal se vocês leitores me ajudassem e elencassem nos comentários outras características de uma vinícola boutique? Conto com sua ajuda!!

Mettler Family Vineyards Epicenter Old Vine Zinfandel 2008

Mudando um pouco o foco de meus últimos posts falando de Portugal e vinhos portugueses, vou falar hoje de um vinho que provei neste final de semana cuja a uva esta se tornando uma das minhas preferidas. Estou falando da variedade zinfandel.

Muito utilizada principalmente em vinhos norte-americanos, como no caso do vinho em questão, esta uva é dada como parente das uvas Primitivo (italiana da Puglia) ou ainda da uva croata Crljenak Kasteljanski, sendo a segunda teoria a mais aceita hoje em dia após exames de dna em ambos os frutos. Com esta uva são produzidos uma infinidade de estilos de vinhos, desde rosés claros e levemente adocicados até tintos encorpadões, escuros, tânicos e de boa estrutura de envelhecimento. O vinho de hoje está mais para a área dos tintos escuros e encorpados. Proveniente da AVA Lodi, tida como a melhor nos EUA para plantação de zinfandel e com terrenos menos caros que Napa Valley porém com tanta qualidade quanto a prima mais famosa, o vinho é produzido pela Mettler Family Vineyards, uma vinícola com mais de 100 anos de tradição e cultivo de uvas nos EUA e que vem passando a arte de geração a geração. Sem mais delongas vamos as impressões.

Na taça o vinho apresentou uma coloração rubi violácea bem escura e brilhante, quase intransponível com lágrimas finas, rápidas e bem coloridas, tingindo toda a taça enquanto desciam por ela. A cor lembrava inclusive tinta quase preta, tamanha sua concentração.

No nariz o vinho se mostrou bem franco, abrindo com um aroma lacteo de côco, quase lembrando um yogurte de côco, uma mistura de frutos vermelhos e escuros cozidos, em geléia e alguma coisa de especiaria, lembrando pimenta.

Na boca o vinho possuia corpo médio, taninos finos e harmônicos com o conjunto porém a acidez deixou um pouquinho a desejar, embora não comprometa o resultado final. Confirma a geléia de frutas na boca, lembrando jabuticaba e o côco fica menos evidente porém aparece também. Final médio, quase doce. Incríveis 15,8% de álcool sem qualquer aresta sobrando, imperceptível, apesar da temperatura do final de semana não permitir que o vinho subisse demais sua temperatura.

Muito bom vinho, fez parte da seleção da SmartBuy Wines Club e valeu a pena. Estou com muita vontade de experimentar os outros!!

Fiuza 3 Castas 2009

Depois de muito falar sobre Portugal, suas uvas principais, suas regiões vinícolas e vinhos mais conhecidos, e ainda me aproveitando do friozinho do final de semana, chegou a hora de postar sobre mais um bom exemplar portugês, que só vem a somar a minha tão batida tese do custo benefício que estes vinhos vem me trazendo até então. Apesar disso, o vinho de hoje é um corte até certo ponto pouco usual, formado por cabernet sauvignon, syrah e touriga nacional (só esta última uma uva autóctone portuguesa). É portanto um vinho com ares moderninhos, fugindo um pouco do tradicional corte português ou mesmos dos vinhos de vinhas velhas.

Este vinho é produzido pela Família Fiuza, que possui terras localizadas dentro da região do Ribatejo, com uma área de produção de 120 hectares de vinha, distribuídos pelas zonas de Almeirim, Alcanhões, Romeira e Azambuja. Segundo o produtor os terrenos argilosos, argilo-calcários e arenosos aliados a microclimas específicos, reúnem ótimas condições para a obtenção de uma excepcional qualidade de uvas. O recurso a castas estrangeiras, nomeadamente francesas, implantadas numa das quintas, em conjunto com castas nacionais de reconhecido valor, permite a conjugação e obtenção de vinhos varietais e mono-vatietais. O vinho passou por fermentação em cubas de inox a 25° seguido de longa maceração. Estágio de 3 meses em barricas de carvalho novas seguido de 3 meses em barricas usadas. Vamos as impressões.

Na taça apresentou uma bonitacor rubi violácea de média transparência e de certa opacidade. Lágrimas finas, rápidas e incolores completam o conjunto visual deste vinho.

No nariz abriu com notas de frutas vermelhas frescas, leve lembrança de especiarias (canela/cravo) e leve aroma de madeira velha/molhada. Tudo muito discreto e integrado.

Em boca o vinho apresentou corpo médio, boa acidez e muito boa estrutura tânica, com taninos finos mas em boa quantidade porém elegantes. Confirmou em boca o frutado e a lembrança de madeira, com um leve amargor final que não comprometeu em nada. Final um tanto quanto curto.

Enfim mais um bom exemplar para o dia a dia, indicado pela simpática vendedora da loja Vinea, valendo o quanto foi pago por ele. E que venham os próximos.

Saúde!

Friday, May 27, 2011

Os mitos e verdades das degustações a cegas

Estou compartilhando com vocês leitores um texto que um colega de curso encaminhou a todos participantes, retirado do caderno "Comida" do jornal Folha de São Paulo. Em suma o texto trata de maneira bem forte a arte das degustações e como o degustador/avaliador pode ser influenciado pelo preço ou nome do produtor. Creio que o texto tenha lá seus fundamentos e verdades, mas não é de todo 100% correto. Depois, se tiverem lido o texto, gostaria que perdessem dois minutinhos a mais pra compartilhar comigo e com os leitores suas opiniões utilizando a caixa de comentários do blog. Obrigado e bons goles.

Legítimo bordô
Pesquisas na França e nos EUA mostram como avaliação de especialistas é influenciada pelo preço das garrafas e pelo tipo exposto nos rótulos

HÉLIO SCHWARTSMAN

ARTICULISTA DA FOLHA

A crítica de vinhos, com seu vocabulário pomposo e sofisticado sistema de notas de zero a cem, não é, em termos objetivos, muito mais do que uma fraude. Essa pelo menos é a conclusão a que se chega quando revisamos os testes científicos a que a indústria da enofilia foi submetida nas últimas décadas.

Em 1963, Rose Marie Pangborn, uma das pioneiras nos estudos da percepção do gosto, mostrou que, quando se adicionava um pouco de corante para que vinho branco ficasse rosado, especialistas classificavam o falso rosé como mais doce do que a mesma bebida sem a tintura.

Com esse experimento, ela abriu as porteiras para uma série de testes que, se não destroem inteiramente a reputação da enologia, chegam muito perto de fazê-lo.

Um clássico no gênero é o artigo "A Cor dos Odores", de Gil Morrot, Fréderic Brochet e Denis Duburdieu. Eles recrutaram 54 estudantes de enologia da Universidade de Bordeaux e os convidaram a provar e a comentar duas taças de vinho, que pareciam ser um branco e um tinto.

Na realidade, porém, ambos os copos continham o mesmíssimo vinho branco, mas, num deles, havia sido adicionado antocianino, um corante que não deixa gosto.

Como prognosticado pelos cientistas, os estudantes não perceberam o truque e ainda descreveram com riqueza de detalhes os aromas de cada uma das amostras com o vocabulário específico para as uvas vermelhas e brancas.

Num outro experimento, Brochet resolveu ir ainda mais longe e serviu um Bordeaux que engarrafou com dois rótulos distintos: "grand cru" (vinho de excelência) e "vin de table" (vinho ordinário).

Como esperado, os especialistas deram avaliações muito diferentes a cada uma das amostras. O "grand cru" foi considerado "agradável, amadeirado, complexo, balanceado e arredondado", enquanto o "vin de table" lhes pareceu "fraco, curto, leve e achatado".

Quarenta dos especialistas julgaram que o vinho de rótulo pomposo valia o investimento; apenas 12 disseram o mesmo da bebida barata.

Um vinho de US$ 10 melhora substancialmente quando é etiquetado como uma garrafa de US$ 90.
Outro estudo seminal, de Gregg Salomon, de Harvard (EUA), mostrou que, quando se oferecem a especialistas três taças de vinho, duas das quais são idênticas, eles são incapazes de apontar a amostra diferente em um terço das tentativas.

Em termos objetivos, o paladar humano só detecta cinco sabores: doce, salgado, azedo, amargo e umami.

É verdade que, no caso do vinho, as sensações gustativas são enriquecidas por algo entre 600 e 800 compostos voláteis que podem ser captados pelo olfato.
O problema é que, mesmo os narizes mais bem treinados não conseguem identificar mais do que quatro componentes na mesma mistura.

O cérebro não entrega os pontos e se fia em pistas externas como cor, rótulo e preço para emitir seus pareceres enológicos. Não fossem os cientistas desmancha-prazeres, ele provavelmente teria sucesso e o logro não seria descoberto nem pelo "sommelier" que prova as sensações como reais e objetivas.

As inconsistências na percepção dos sabores não estão restritas ao ramo vinícola. Já foi demonstrado que podemos nos deleitar com comida de cachorro como se fosse patê de "foie gras".

OUTRO LADO

SOMOS MESMO INDUZIDOS, DIZ ASSOCIAÇÃO

A Associação Brasileira de Sommeliers diz que as pesquisas são irrefutáveis e que os especialistas em vinhos são mesmo influenciados pelo rótulo e pela procedência. "Ninguém tem coragem de falar mal de um vinho famoso. Somos induzidos, sim", diz o diretor Arthur Azevedo.

Thursday, May 26, 2011

Regiões Vinícolas de Portugal – Parte Final

Voltando para o último e derradeiro capítulo de nossa saga portuguesa, hoje é o dia de falarmos das cinco últimas regiões vinícolas do país, suas DOCs e particularidades. Sem maiores delongas, vamos a elas:



6 – Alentejo – DOC Alentejo: Uma vasta zona rural de planícies extensas com muitos sobreiros (árvora da qual a rolha de cortiça é proveniente) e oliveiras. A região é quente – muito quente – no verão implicando na irrigação das muitas vinhas existentes por aqui. O Alentejo é a linha de frente da revolução do nivel dos vinhos em Portugal, adotando métodos modernos na produção de seus vinhos com excelentes resultados e conseguindo a consagração internacional por parte da crítica especializada. Uma região famosa por seus vinhos tintos, geralmente de médio corpo a encorpados, frutados e adequados para o envelhecimento. As suas subregiões DOC são Portalegre, Borba, Redondo, Vidigueira, Reguengos, Granja/Amareleja, Moura e Évora. Já os vinhos brancos não são uma tradição da região (exceto na Vidigueira) mas com a ajuda de tanques de fermentação com temperatura controlada, estão surgindo boas opções neste filão de mercado;

7 – Terras do Sado – DOC’s Palmela e Setúbal: O vinho regional Terras do Sado, a DOC Palmela e o vinho fortificado DOC Moscatel de Setúbal tem origem na Península de Setúbal, uma região delimitada pelo Estuário do Tejo, o Oceano Atlântico e o Rio Sado. A pesca era a principal fonte de renda na região mas agora o turismo e o vinho sobrepujaram esta atividade. Nos solos arenosos é plantada sobretudo a uva Castelão, produzindo vinhos tintos suaves, de maturação precoce com notas de framboesa e groselha, muitos dos quais podem ter um bom envelhecimento. O Moscatel de Setúbal é um vinho fortificado produzido com a casta de mesmo nome e que passa por um longo período de envelhecimento em tonéis. Geralmente com aromas que remetem a fruto secos e/ou passificados além de mel, suas cores vão do âmbar ao castano escuro, dependendo principalmente de seu potencial e idade de envelhecimento;

8 – Algarve: Enquanto suas praias atraem turistas aos montes, os produtores vinícolas estão começando a perceber os potenciais da região. Consequentemente vemos um movimento de renovção das vinhas aqui plantadas, caves modernizadas e os métodos mais modernos de produção sendo aplicados. Os vinhos tintos locais são frescos e frutados;

9 – Açores: Este arquipélago com 9 pequenas ilhas no meio do Atlântico apresenta uma beleza natural absolutamente preservada. O cultivo de vinhas tem um longo passado na região, tendo sido introduzido pelos primeiros colonos portugueses no ‘seculo XV. Na Ilha Terceira (Biscoitos) e no Pico produzem-se vinhos fortificados, enquanto na Graciosa produz-se um vinho branco leve e seco;

10 – Madeira: A belíssmia Ilha da Madeira, distante 1000 km do continente, é famosa por seu vinho fortificado clássico com o mesmo nome, cuja origem remonta a mais de 500 anos atrás e é ainda hoje tema de lendas e de obras literárias.Atualmente algumas adegas estão desenvolvendo um trabalho pioneiro na produção de vinho de mesa de qualidade como os VPQRD Madeirense e o Vinho Regional “Terras Madeirenses” – mais um ponto interessante para os visitantes da ilha.

E é assim que me despesso de você caro leitor que me acompanhou por esta viagem enofílica virtual pelas regiões vinícolas de Portugal. Espero que as informações aqui compartilhadas sejam úteis e que despertem a curiosidade de vocês sobre os vinhos portugueses pois estes não irão decepcionar-lhes.

Bons goles!

Regiões Vinícolas de Portugal – Parte 1

Para finalizar a série de posts que resolvi fazer sobre Portugal e seus vinhos, hoje pretendo fazer um breve resumo das regiões vinícolas do país bem como suas princiapais características e vinhos mais conhecidos. Para que o post não se torne massante, irei dividi-lo em dois, com cinco regiões em cada. Vamos as cinco primeiras:



1 – Minho – DOC Vinho Verde: Região de origem do vinho verde, um tipo muito específico de vinho, leve e normalmente de acidez marcante. O estilo no entanto poderá variar de acordo com qual das seis sub-regiões está produzindo o vinho; os vinhos Alvarinho de Monção, por exemplo são mais secos e econrpados enquanto vinhos produzidos com uvas Loureiro na parte mais central do Minho são mais aromáticos e delicados. Todos partilham um denominador comum: devem ser bebidos jovens, de preferência um ou dois anos após seu lançamento no mercado. A região é marcada por colinas esverdeadas aparentemente intermináveis com vinhas envolvidas em véus de neblina. A arquitetura é marcada por muito granito cinza, marcando as cidades históricas mais antigas;

2 – Trás os Montes – DOC’s Douro e Porto: Sendo a região mais remota e acidentada de Portugal, Trás-os-Montes é a zona de origem dos vinhos do Douro e do Porto. Durante séculos as encostas íngremes do vale do Douro tem sido conquistadas por socalcos de vinhas descendo dramaticamente em direção ao rio; paisagem única e impressionante da região. Embora o vinho do Porto seja o produto mais famoso da região, o vinho de mesa é produzido em quantidades superiores tem atraido a atenção tanto de produtores como de consumidores. Um verão seco e muito quente, um solo pobre e rochoso proporcionam níveis de produção reduzidos com certa qualidade, carregados, opacos, maduros, com aromas de frutos vermelhos e notas de esteva;

3 – Beiras – DOC’s Dão, Bairrada, Beira Interior e Távora Varosa: Os vinhos regionais das Beiras são extremamente interessantes, permitindo ao produtor fazer experiências com outras uvas, além da casta Baga que predomina na DOC Bairrada – muito tanino, de cor intensa, com aromas frutados, complexos e extraodrinário potencial de envelhecimento. Os vinhos espumantes constituem outro bom custo-benefício desta zona de solo calcário. Colinas ondulantes e pequenas propriedades dominam as paisagens das Beiras onde os vinhos tintos da DOC Dão, provenientes de solos ricos em granito e xisto, oferecem grande diversidade em estilos e de expressão de frutos, com um toque terroso e vegetal;

4 – Extremadura – DOC’s Alenquer, Arruda, Bucelas, Carcavelos, Colares, Lourinhã, Óbidos e Torres Vedras:  A noroeste de Lisboa, castas internacionais como Merlot, Cabernet Sauvignon e Chardonnay prosperam entre inúmeras castas tradicionais portuguesas neste clima moderado. Alguns dos melhores tintos da região e alguns brancos de qualidade tem origem em Alenquer, uma área protegida contra os ventos e os nevoerios frios do Atlântico, na qual as uvas amadurecem bem, para produzir vinhos concentrados. A Estremadura também acolhe uma das denominações de origem mais antigas de Portugal – Bucelas – cujo micro clima favorece o cultivo da casta Arinto, resultando em vinhos brancos que se colocam entre os melhores do país;

5 – Ribatejo – DOC Ribatejo: Durante muito tempo apontada como uma região de vinho a granel sem maior qualidade, esta região extremamente fértil situada no vasto e amplo vale do Rio Tejo constitui agora um paraíso para jovens produtores de vinhos. Empreendedores e inovadores, estes produtores criam vinhos estimulantes e com excelente relação entre a qualidade e o preço dos mesmos. Ao contrário das demais regiões ao norte, Ribatejo é formado por grandes propriedades rurais em que as vinhas são apenas uma pequena parte destas terras;

E chegamos então ao final da primeira parte desta pequena viagem pelas regiões vinícolas de Portugal. Espero que estejam se divertindo lendo este post assim como eu estou em elabora-lo. Até o próximo com as cinco regiões restantes.

Wednesday, May 25, 2011

Castas portuguesas e seus nomes diferentes

Conforme prometido, retomando o assunto Portugal, hoje pretendo mostrar algumas castas autóctones famosas do país e sua relevância dentro dos vinhos por lá produzidos. Começarei o post falando de algumas castas brancas relevantes e depois passarei as castas tintas. Espero que a informação seja interessante e que você leitor aproveite.

Castas brancas:




- Alvarinho: Provavelmente a casta branca mais famosa de Portugal devido ao Vinho Verde, esta casta é cultivada sobretudo na região do Minho, na zona de monção e de melgaço, embora comece a ser usada para alguns vinhos brancos em outras regiões mais ao sul. Produz vinhos médios a encorpados, secos, frescos e aromáticos com notas de pêssego, cítricos, maçã com algum carácter mineral;

- Arinto: Cultivada sobretudo no norte e no centro de Portugal, a arinto é a rainha da região de Bucelas, produzindo vinos secos, frisantes, com acidez muito refrescante e apresentando aromas cítricos e minerais;

- Fernão Pires: Casta branca muito versátil usada para tudo, desde vinhos espumantes na Bairrada até brancos acidulados aromáticos no Ribatejo e na Península de Setubal. Caracteriza-se por apresentar aromas florais, de maçã, cítricas e de acidez moderada. Conhecida também como Maria Gomes na Bairrada.

Castas Tintas:



- Aragonez: Conhecida também como Tinta Roriz no norte de Portugal, onde constitui uma das “cinco grandes” castas para vinhos do Porto, esta casta também é muito cultivada no Alentejo e na Espanha com o nome de Tempranillo. Rica em taninos e  em matéria colorante, apresenta aromas frutados de groselha, cereja e framboesa;

- Castelão: Uma das uvas mais cultivadas no sul de Portugal, dominando vinhas na Península de Setubal. É também a uva que compõe o vinho português mais famoso vendido no Brasil, o Periquita. Quando jovem, os vinhos apresentam notas de framboesa e de groselha, amadurecendo com o tempo e desenvolvendo um caracter mais austero;

- Touriga Nacional: Casta mais apreciada em Portugal tendo sido utilizada desde sempre como base para os vinhos do Porto, todos os produtores de maior qualidade do país tem descobrido o seu potencial para vinhos não fortificado também. Devido a seu tamanho diminuto, possui uma concentração elevada de açúcares, extrato, taninos e matéria colorante. Podem apresentar aromas florais de violetas, pinho, eucalipto, ervas aromáticas juntamente com muitos frutos vermelhos;

- Trincadeira: Juntamente com a touriga nacional são as uvas mais divulgadas de Portugal, também conhecida como Tinta Amarela no Douro. Antiga e tradicional do Alentejo cujas condições mais áridas ajudam a produzir tintos secos, ricos e fortes com notas de frutos vermelhos, flores silvestres e vegetais.

Este é um resumão do que podemos encontrar em Portugal. Evidentemente conforme já citei no post anterior, podemos encontrar mais de 200 tipos de uvas autóctones em Portugal e por isso, este é apenas um artigo bem resumido com o que há de mais falado por lá. E no próximo post falaremos um pouco sobre as regiões vitivinícolas de Portugal.

Até lá!

Ps.: Vale ressaltar que toda a informação rapresentada aqui e nos post conseguintes são fruto de várias fontes, sobretudo de releases e impressos da Vini Portugal (www.viniportugal.pt).

Tuesday, May 24, 2011

Portugal na crista da onda?

Tenho lido muita coisa sobre vinhos na atualidade e me parece que Portugal anda meio na moda, ao menos por aqui em Terras Brasilis. E como eu já disse muitas vezes por aqui, sou um grande fã dos vinhos de lá por achar que eles em sua maioria apresentam uma grande consistência e, num mercado altamente inflacionado de vinhos do velho mundo como o nosso, apresentam um excelente custo-benefício. Resolvi então fazer um catadão de informações/fatos curiosos e/ou históricos e outros assuntos relacionados a Portugal em um (ou mais) post.

Segundo Alfredo Saramago, jornalista e autor de livros sobre gastronomia, o processo de produção de vinhos mesmo que rusticamente já existia em Portugal desde os povos primitivos que lá habitavam, esmagando uvas e tomando o suco fermentado proveniente deste processo. Depois foi a vez dos Fenícios ensinarem novas técnicas associadas a este processo e quando os romanos por lá chegaram, se adimiraram com estas técnicas e a difundiram por seus outros lados de seu império. Desde sempre a exportação de vinhos era importante para Portugal e com a época expansionista e dos descobrimentos, o vinho português chegou a todas as outras partes do mundo.

Vamos a alguns fatos também relevantes com relação a história vitivinícola de Portugal:

- Apesar de ter uma área territorial reduzida, Portugal ocupa o 6º lugar na escal mundial de produtores vinícolas;
- O Douro (região famosa pela produção do Vinho do Porto) foi a primeira região vitivinícola do mundo, tendo seus limites demarcados em 1756;
- É possível que Portugal disponha de um número de castas autóctones superior a qualquer outro país – muito acima de 200;
- O número de micro climas, de tipos de solo e a variedade de castas, confere aos vinhos portugueses uma vantagem extraordinária para os apreciadores da bebida;

Apesar da busca pela Touriga Nacional como casta símbolo de Portugal, os vinhos portugueses  tem uma identidade única, tradição, qualidade e há muitos, muitos séculos, são bebidos em todo o mundo possivelmente pelo estímulo que o grande número de castas autóctones dão a seus vinhos. É por isso que no próximo post irei discutir um pouco sobre algumas castas famosas de Portugal. Sigam esta série de posts sobre nossos colonizadores e descubram ou contribuam com novas informações sobre este país fascinante.

Até o próximo!

A informação e o mundo do vinho

Engraçado como as coisas as vezes acontecem com a gente. Como já comentei algumas vezes por aqui, quando comecei a beber vinho e apreciar a bebida, nunca imaginei que iria estudar sobre o assunto e obter muito mais conhecimento sobre o assunto, que pretensamente não passaria de um hobby. Acontece que o assunto me despertou tamanha necessidade de busca por conhecimento que eu não me contentei em apenas beber.

Esta pequena introdução se deu por que ontem a noite enquanto estava na academia me exercitando um pouco, engatei uma conversa com um colega de “sofrimento” que enveredou para o mundo do vinho e meu curso de sommellerie. Em determinado momento da conversa a pessoa me perguntou se após este curso eu estaria satisfeito, se eu já teria as informações necessárias para satisfazer esta ansia gerada com o aumento no consumo do vinho e assim por diante.  Por um momento eu balancei e não soube o que responder. Mas depois imendei algo como: “- Creio que momentaneamente sim, pois não tenho AINDA alguma atividade profissional ligada ao vinho, mas isto pode vir a ocorrer e mais especializações se farão necessárias.”

Acontece que este pequeno diálogo me fez refletir ainda por um bom tempo sobre o assunto e a resposta que eu dei naquele momento pode não ter sido a mais correta. Afinal de contas, o mundo do vinho é muito dinâmico e como vimos a assenção do novo mundo, podemos ter novas supresas mais pra frente. É claro que nem todo conhecimento provem de cursos e especializações e que muitas vezes podemos ser quase auto didatas e a medida que procuramos midia especializada, bibliografia e fontes de pesquisa a necessidade de cursos e similares diminuem.

Entretanto, para iniciantes assim como eu fica muito difícil distinguir boa informação de informação ruim e é neste gancho que um curso entra na jogada. E eu recomendo fortemente o curso ministrado pela sommelliére Alexandra Corvo na sua escola Ciclo das Vinhas. Além de você ter toda a informação necessária para se tornar um consumidor mais conciente, você tem todo o conteúdo do curso de formação profissional com uma carga de exigência menor principalmente nos quesitos relacionados ao serviço do vinho.

A partir daí você entrará num mar infinito de informações disponíveis seja na internet, em livros, revistas e afins. E este momento entrará também a disucussão de o que é informação útil, informação necessária e o que é excesso. Muito tem se discutido por exemplo a utlizaçao dos blogs na internet e a informação neles contidas. É evidente que existem muitas pessoas sérias, e o portal enoblogs está ai pra provar isso. E você, já com uma base sólida vinda de um curso ou especialização saberá julgá-las.  A partir daí, se a sua vontade for traçar novos caminhos, principalmente profissionais, no mundo do vinho, existirão graus mais elevados de cursos e especializações, como os recentes MBAs em marketing e negócios do vinho, os cursos de master of wine e assim por diante.

Mas a grande pergunta que eu gostaria de dicutir é: qual é o nível de informação sobre determinado assunto que satisfaz você leitor?

Monday, May 23, 2011

Bogle Vineyards Petite Sirah 2008

Continuando minha incessante busca para expandir meus paladares, conforme eu já devo ter escrito aqui algumas vezes, resolvi provar agora um vinho californiano de uma uva um pouco diferente, da qual eu ainda não havia provado nada até hoje, a Petite Sirah. Sinceramente não conheço muito sobre a variedade da uva e sobre as divisões de regiões produtoras nos EUA. O que eu pude descobrir é que os vinhedos do produtor (Bogle Vineyards) estão localizados nas proximidades da cidade de Sacramento, na Califórnia, mais especificamente nas AVAs Claksburg e Lodi.

As AVAs nos EUA são regiões com características geográficas definidas pelo órgão competente mas que apenas legisla sobre a origem das uvas utilizada no vinho, onde o mínimo de 85% das uvas devem vir da região demarcada, mas não trata de rendimentos, estilo de viticultura e vinificação e assim por diante. Eu diria, sem muita convicção, que seriam embriões das AOCs utilizadas principalmente no velho mundo. 

Sobre a uva em si eu pouco descobri a não ser que foi criada inicialmente no Vale do Rhône e por lá é mais conhecida como Durif. Esta casta foi criada num cruzamento entre a Syrah e uma uva menos famosa autóctone do Rhône com o intuito de aumentar sua resistência a pragas. Com o passar do tempo no entanto se percebeu que a casta se adaptou muito bem ao clima mais seco da Califórnia onde passou a ser cultivada por alguns produtores, gerando vinhos interessantes até hoje. Sem mais delongas, vamos as impressões.

Na taça o vinho apresentou uma cor violácea bem escura, quase negra e intransponível mas muito viva e brilhante. Lágrimas finas, corrediças e coloridas ajudavam a tingir a taça.

No nariz o vinho se mostrou muito franco, com forte aroma de coco,quae lembrando um yogurte de coco, um mix entre frutas escuras e vermelhas (ameixa e amoras) e ainda um leve fundo especiado, algo como canela e pimenta. Bastante interessante.

Na boca o vinho se mostrou com corpo médio, taninos médios e em boa quantidade, muito boa acidez. Confirmou em boca o frutado e o coco do nariz, chegando a ficar um pouco enjoativo depois das primeiras taças. Mas nada que comprometesse o resultado final.

Vejam o que o produtor diz sobre o vinho: "Trinta e dois anos depois de ter sido produzido pela família Bogle, em 1978, Petite Sirah é hoje considerado "patrimônio" Bogle de variedades. Mais uma vez as qualidades da marca brilham em um vinho que é a integração perfeita de frutas e carvalho. Encorpado na entrada, aromas de geléia de ameixa preta e carvalho tostado definem o estágio para o que está por vir. Vibrante amoras e frutas deliciosas são emoldurados por taninos graves, enquanto fios de couro e baunilha seduzem apenas o suficiente. Um toque final de acidez do vinho termina com um paladar precisamente balanceado".

Um vinho bem ao estilo novo mundo. Deve agradar em cheio aos apreciadores do estilo entretanto pode cansar um pouco os adeptos ao velho mundo. Eu particularmente ficaria em um meio termo, caso fosse possível. Acompanhando comida, no caso medalhões de filet mignon envoltos com bacon, ele se mostrou melhor ainda. Este exemplar foi adiquirido em uma feira (FWS em São José dos Campos) através da importadora Wine Lovers. Valeu a experiência!

Bons goles!

Sunday, May 22, 2011

Barahonda 2009 Monastrell

Este é um exemplar um tanto quanto curioso da Espanha. De uma denominação de origem pouco falada, Yecla, mas com vinhos no estilo mais moderno, buscando um equilíbrio entre velho e novo mundo, muita fruta e pouca influência de madeira, tem criado um certo burburinho no mundo do vinho espanhol.

O vinho é elaborado com 100% de uva Monastrell (Mourvédre) dos melhores vinhedos do produtor, Bodega Señorio de Barahonda, passando por maceração de 18 dias pré fermentativa. Não há informação sobre estágio em barricas, então não posso confirmar. Vamos as impressões.

Na taça mostrou uma bonita coloração violácea escura bem intensa, quase impenetrável. Lágrimas abundantes, finas e coloridas. A taça ficava até meio manchada devido a "potência" da cor.

No nariz o vinho mostrou muita fruta vermelha madura, um pouco de couro e algo de especiarias, alguma coisa que lembrava pimenta. O frutado entretanto era muito explosivo, perceptível logo que se abriu a garrafa.

Em boca o vinho mostrou certa potência, corpo médio, taninos médios de boa qualidade e boa acidez. Álcool em 14% imperceptível. Confirmou o frutado em boca e tinha um final de média persistência quase doce.

Vinho bem feito, um bom custo benefício para o dia a dia, honesto e que valeu quanto custou. 

Bons goles!

Friday, May 20, 2011

Aromas de petróleo da Riesling seriam defeitos?

Semana passada estávamos estudando Alemanha e Áustria na aula de sommellerie e nos deparamos com os famosos vinhos brancos alemães elaborados a partir da casta Riesling, quando chegamos na discussão dos aromas normalmente encontrados em vinhos desta uva, aromas estes provenientes em sua maioria da própria uva.  Especialmente em sua maturidade, vinhos desta casta tem grande potencial de expressar o solo em que são plantadas e comumente mostram também aromas químicos de derivados de petróleo (querosene, por exemplo).

Acontece que pouco depois desta aula, me deparei com um artigo escrito por Adam Lechmere para o site Decanter.com (um dos mais conceituados em se tratando de vinhos no mundo) onde ele dizia que segundo Michel Chapoutier, famoso produtor do Vale do Rhone (França), tais aromas de petróleo e derivados nos vinhos produzidos com uvas Riesling seria um grave erro de viticultura/enologia na elaboração dos mesmos. Segundo Chapoutier defeitos históricos do vinho estão se tornando características intrisecas dos vinhos, sem o devido cuidado na vinificação dos mesmo.

O principal problema, ainda segundo Chapoutier, é que estes aromas de petróleo e derivados vem da decomposição de veios internos da pele da uva (“casca”) , proavelmente por prenssagem em demasia dos bagos nas vinícolas em geral. O detalhe principal na vinificação da uva Riesling, continua o artigo (e Chapoutier é claro) é a prensa de modo o mais gentil possível , sem a dilaceração das película (“casca”) externa, nem das sementes/cabinhos para a produção destes vinhos.

Apesar disso, existem correntes que defendem ainda que estes aromas devem estar presentes principalmente em vinhos considerados mais maduros, até pelo potencial de envelhecimento que a uva tem apresentado. Além disso, a qualidade está também relacionado aos baixos rendimentos aplicados por produtores de maior qualidade. Além disso, devemos prestar atenção também ao local de origem do vinho, uma vez que a maturidade das uvas tem muito a ver com o clima, exposição ao sol, calor, etc. Enfim, diversos aspectos tem que ser considerados nesta discussão.

Evidentemente não possuo conhecimento suficiente para me colocar de um lado ou de outro mas a questão é que muitos vinhos desta uva, principalmente no velho mundo e de aclamados produtores apresentam estes aromas, e por mais que se fale em massificação da produção, alguns deles possuem muita qualidade. A questão está aberta e gostaria de contar com a discussão de todos neste aspecto. Qual é a sua opinião?

Thursday, May 19, 2011

Retsina, mistura de vinho e resina?

Eu sei que este título soa meio bizarro mas é isso mesmo. Ontem a aula de sommellerie era sobre Grécia, Israel e Líbano, países que eu realmente não tenho quase nenhum conhecimento, seja pela dificuldade de encontrarmos bons rótulos a preços acessíveis (talvez a exceção seja a Grécia) seja pela pouca informação que os meios de comunicação especializados divulgam sobre eles. A questão é que eu tive a oportunidade de conhecer um vinho branco bem peculiar produzido na Grécia, chamado de Retsina.

A história deste vinho remonta a mais de dois mil anos atrás, onde era usada uma espécie de resina vinda das árvores de pinho para a vedação das ânforas (vasos antigos de forma geralmente ovóide e possuidoras de duas alças simétricas, confeccionados em barro ou terracota, geralmente terminado em sua parte inferior por uma ponta ou um pé estreito) utilizados para manuseio, transporte e armazenamento do vinho na antiguidade. O que geralmente acontecia era que o contato do líquido no interior das ânforas com esta resina gerava aromas peculiares nestes vinhos, o que acabou por se tornar um vinho típico da região. Mesmo após a invenção de outras formas de vedação das ânforas por parte dos romanos, tais aromas provenientes desta resina se tornaram tão popularmente difundidos na Grécia que os gregos inventaram uma maneira de preservar esta "cultura". Passaram então a fazer a mistura da resina nos vinhos ou mesmo a adição de pequenos pedaços de pinho nas barricas do vinho com o intuito de aromatiza-los. 

Ao se degustar o vinho, conforme citou a professora Alexandra Corvo, a idéia é a já batida ame-o ou odeio-o, tamanhas as emoções que o vinho pode gerar em você. O vinho degustado na aula de ontem apresentou cor amarelo claro tendendo levemente ao dourado, aromas frescos de pinho lembrando produtos de limpeza em geral, com algum floral e frutado leve ao fundo. Tem boa estrutura, se apresentou até meio gordinho em boca porém o retrogosto é marcado em demasia por esta lembrança de "pinho sol" na boca (talvez uma lembrança traumática da época em que eu trabalhei na empresa que fabricava o dito cujo). Não tenho embasamento para discutir qualidade deste vinho, somente que é diferente e para meu paladar pessoal não agradou. Pode ser que com algum prato de frutos do mar possa melhorar um pouco, o que eu particularmente não acredito. Abaixo segue o rótulo do dito cujo.

Para finalizar, se sua intenção é expandir seu paladar e conhecer vinhos muito peculiares, vale a pena ao menos a prova deste vinho. Estudante ou amante de vinhos? Sem dúvida uma excelente pedida. Agora, se a intenção é ter alguns exemplares em adega, dividir com amigos em momentos de descontração, jantares romanticos e afins você e quem for degustar o vinho contigo tem que realmente gostar. De qualquer maneira foi uma experiência enriquecedora. Mal posso esperar por outras!!
Saúde e bons goles!

Tuesday, May 17, 2011

Pratos ideais para você apreciar seus melhores tintos

O inverno está chegando, o frio aumentando a cada dia e cada vez mais os nossos vinhos tintos vão saindo da adega e se juntando aos melhores pratos que vamos comendo. Evidentemente a harmonização de vinhos e comida não é uma ciência exata e depende de vários fatores, assim como a percepção de que um vinho é bom pra cada um de nós. De qualquer maneira, replico aqui um texto interessante, mais um, retirado do catálogo de outono da Mistral.

Os bons vinhos tendem a melhorar muito quando acompanhados por um prato adequado. Em geral, muitas pessoas decidem primeiro o que querem comer e depois escolhem um vinho para combinar. No entando, muitos enófilos fazem exatamente o contrário: escolhem primeiro o vinho e em seguida o prato. Existem alguns pratos que são especialmente bons pra combinar com vinhos finos. Eles valorizam o vinho e fazem com que mostre todas as suas melhores qualidades. Em geral, a cozinha tradicional da Europa é muito feliz nas combinações, pois o vinho sempre faz parte da cultura destes países. Com tintos no estilo Bordeaux, ou finos Cabernets, nada melhor do que um bom cordeiro, filets em geral e pernil de vitela, por exemplo - pratos que combinam também muito bem com os Riojas, em especial o cordeiro ou um leitão assado. Para Borgonhas ou Pinot Noir, coelho, pato e aves em geral são bons acompanhamentos. Com vinhos como Barolo e Barbaresco, massas e risotti com molhos ricos e complexos, ou então assados em geral. Vinhos tânicos como Nebiollo ou Bairrada combinam bem com pratos mais godurosos, como leitão, porco e outros. Outra alternativa interessante é combinar vinhos de uma região com pratos típicos da mesma. Para pratos portugueses, vinhos portugueses, como arroz de pato com um bom vinho alentejano. Para pratos franceses de bistrot, um vinho francês simpático, como um petit chateau de Bordeaux ou um Côtes du Rhone. Para empanadas de carne, um saboroso Malbec argentino e assim por diante.

Vale ressaltar que estas são apenas sugestões e nem sempre podem vir a  agradar qualquer um. O importante é que a combinação seja prazerosa para quem está degustando no momento e, caso tenham sugestões, compartilhem comigo e com todos os outros leitores do blog através dos comentários.

Saúde e bom apetite!

Monday, May 16, 2011

Rosso Di Montalcino Bellarina 2007

Domingo era dia de um almoço bem italiano em casa, com caneloni de ricota com espinafre e salame ao molho de gorgonzola, e eu escolhi um vinho de lá para tentar harmonizar com a comida. E olha que a combinação foi muito legal!

Este exemplar é produzido pela gigante italiana Tenute Niccolai/Palagetto que tem seus vinhedos espalhados por diversas regiões da Itália. Em se tratando especificamente deste vinho, a uva brunello (sangiovese grosso) está plantada na comuna Montalcino. São produzidas cerca de 14000 garrafas deste vinho anualmente. O produtor trabalha as vinhas com baixo rendimento e boa densidade de plantas em solo argiloso. A colheita é feita manualmente com seleção de uvas na chegada a vinícola, além de afinamento em barricas entre 6 a 10 meses. Vamos as impressões.

Na taça o vinho apresentou bonita cor rubi mais escura, brilhante, levemente transparente com bordas ligeiramente tendendo ao granada. Lágrimas finas, abndantes e com certa cor fecham o aspecto visual.

No olfato o vinho apresentou aromas de frutas vermelhas, notadamente cerejas, lembrança de eucalipto (quase como aqueles que são utilizados em saunas, sabe?!) e ao fundo algo de defumado. Nariz bem interessante.

No palato o vinho se apresentou um pouco quente de início (14%), arrefecendo com o tempo em taça. Confirmou o frutado e ainda algum tostado. Final com leve armagor sem prejudicar o bom conjunto. Taninos finos, presentes e com muita elegância. Boa acidez e corpo médio. Persistência média.

Conjunto muito elegante para este vinho que se mostrou extremamente gastronomico. O único porém é que o álcool chega a incomodar um pouco de início e pode voltar a aparecer quando a temperatura sobe um pouco. Entretanto não chega a ser desagradável. Outra boa indicação da Vinea, comprado em uma boa promoção valeu o investimento.

Saúde!

Sunday, May 15, 2011

Red Aposentados e Perigosos

Pense numa trama que envolve a CIA, FBI, ações de guerra norte americanas na Guatemala , soldados e diplomatas russos e por fim o atual vice presidente dos EUA. Sim, este é mais um filme sobre contra espionagem, traição e caçadas. Mas nem por isso podemos tirar os méritos do filme. Com um elenco selecionado a dedo, com grandes atuações e uma carga intensa de humor, o filme é diversão mais do que garantida e te prende em frente a ele do começo ao fim e você se pega torcendo para que o final seja feliz, muito embora você já tenha todo o desenho do filme em sua cabeça por diversas ocasiões. Vale lembrar que o filme é uma adaptação de uma história em quadrinhos escrita e desenhada por Warren Ellis e Cully Hammer respectivamente, tendo sido publicada pela editora Wildstorm/DC Comics e que se só teve três números.

Bruce Willis é Frank Moses, oficial aposentado da CIA que tenta viver uma pacata vida como pensionista. Acontece que em seus contatos telefônicos com o “INSS” americano, conhece uma moça chamada Sarah (Mary-Louise Parker) e acaba por criar um relacionamento virtual com a mesma. Sua vida toma então uma verdadeira guinada quando ele marca um encontro com a moça em sua cidade natal ao mesmo tempo que começa a ser caçado por agentes imbuidos da missão aparentemente de queima de arquivo. E é ai que toda a trama começa.


Começa então um verdadeiro contra atque, um acerto de contas onde Moses se arma da maneira que pode e busca antigos aliados para tirar a limpo a história com a CIA enquanto tenta salvar a sua pele e a de seu atual “rolo” para que possam enfim viver um romance na vida real, criando ainda um contra ponto cômico, no caso Sarah, para toda a seriedades de Moses ao longo da trama. E é nesse contexto que podemos ver ainda um impagável Marvin Boggs (John Malkovich) como um paranóico veterano que aparentemente fora submetido a algum tratamento com drogas por um período extendido tornando-o um pouco louco; a  assassina de aluguel e aficcionada por armas Victoria (Hellen Mirren) emprestando seu charme feminino a trama além é claro de Joe (Morgan Freeman) como outro ex agente aposentado hoje vivendo em um asilo com câncer terminal mas que ainda tem toda agilidade e é mestre em disfarces. Existem ainda diversos bons atores e atuações que ajudam a empolgar a trama.

A história é clichê? Sim. A adaptação dos quadrinhos é fiel? Não, como quase sempre. A diversão é garantida? Sim! Então, assista despretenciosamente e terá bons momentos de risada e diversão sozinho ou acompanhado. Não irão se arrepender!

Até a próxima!

Friday, May 13, 2011

E se eu não conseguir identificar os aromas no vinho?!

Esta é uma dúvida que vira e mexe tira o sono de quem, assim como eu, está estudando e começando no mundo do vinho. Evidentemente que isto depende e muito de nossas experiências passadas com determinados aromas ao longo de nossa vida. Se você é uma pessoa que teve mais contato com a natureza, com o campo, invariavelmente sua memória olfativa vai estar mais calibrada que a minha, que vivi na cidade a vid toda. Mas eu estou sempre tentando adquirir uma maior bagagem olfativa, quando estou em lugares que me propiciam oportunidades tais como supermercados, sacolões, lugares que tem flores, etc. Ainda assim fico inseguro se eu vou realmente conseguir apreciar um vinho quando vejo determinadas críticas/percepções de terceiros a cerca destes pois descrevem certas sensações aromáticas que eu nem mesmo sei o que é que estão falando. Mesmo meus colegas de curso as vezes identificam certos aromas que eu as vezes não sinto de jeito nenhum ou mesmo não conheço. Imbuido deste pensamento achei um texto que descreve um pouco este "problema" e gostaria de sucitar a discussão sobre o assunto. O texto foi tirado do catálogo de outono de 2011 da Mistral, conforme segue abaixo:

Para apreciar um vinho é preciso identificar muitos aromas?

Certamente não. Ficar buscando identificar e relacionar infinitos aromas diferentes e inusitados em um copo de vinho é um jogo um tanto sem sentido, que nada tem a ver com o verdadeiro conhecimento e apreciação do mundo do vinho. Infelizmente, esta prática é comum entre alguns aoreciadores que querem demonstrar conhecimento e impressionar seus amigos. No entanto, ela apenas inibe muitas pessoas que gostariam de se aproximar do mundo do vinho, mas que não se julgam capazes de reconhecer tais aromas esotéricos. Na verdade, todas as pessoas tem plena e total capacidade de apreciar vinhos, e isto não tem nada a ver com identificar aromas específicos. É claro que o aroma de um vinho em si é muito importante, e é um dos aspectos mais interessantes e agradáveis de uma degustação. Mas o que importa é o conjunto, se é agradável ou não, se é intenso, elegante e complexo ou não e assim por diante.

E, para quem quer simplesmente apreciar uma boa garrafa, o mais importante é a própria opinião pessoal, se você gosta ou não do vinho, seja do aroma, do paladar, da cor, ou do conjunto. Quem realmente entende de vinhos não fica buscando identificar aromas, mas avalia o vinho como um todo, usando termos bem mais próximos de nossa realidade. É claro que se o vinho lembra muito um aroma específico, não há problema nenhum em mencioná-lo. Faz parte de suas impressões pessoais. O que não é necessário é tentar dissecar o aroma em todos seus mínimos componentes - impressões que, no fundo, são bastante pessoais. E termos como "cassis pisado"ou "aromas de terra do bosque"não fazem parte do cotidiano da vida da maioria de nós como brasileiros urbanos. Ainda sem reconhecer o tal cassis pisado, todo mundo tem plena capacidade de avaliar e apreciar um vinho, assim como todos são capazes de apreciar um prato e decidir se ele é bom ou não é."

Evidentemente que  existem dois lados da mesma moeda, afinal existe a ocasião em que você quer apenas apreciar o vinho e simplesmente achar que este é bom ou não, combina com sua comida ou não. Mas em outras, quando estamos estudando o vinho, a região, as nuances implícitas pelo clima e solo que os aromas podem ser constituintes importantes. Enfim, uma boa discussão que deixo aberta para que os leitores possam me ajudar.

E até o próximo post!

Tuesday, May 10, 2011

Viagem a Punta Del Este Parte 3: Alguns restaurantes e bares interessantes

Retomando uma série de posts sobre minha recente viagem de férias a Punta Del Este, decidi falar um pouco sobre alguns restaurantes que eu frequentei e recomendaria quem for a Punta dar uma passadinha por lá. Não vá pensando que irá pagar muito barato em Punta, pois em minha opinião comer bem requer sim um investimento razoável, talvez um pouco abaixo do que estamos acostumados em sampa mas mesmo assim nada muito em conta não. Tá certo que quis conhecer a culinária e pratos locais e ainda provar vinhos deles. Vale ressaltar que normalmente os restaurantes já possuem uma espécie de couvert sempre cobrado a parte (entre 3 e 6 reais por pessoa) que inclue pães, manteiga e um ou outro petisquinho a mais. Não deixe de aceitar, os pães invariavelmente são excepcionais! Vamos a algumas dicas:

1 – Guappa Resto & Caffe:  Este restaurante vale muito principalmente pela localização e vista. Fica na rua do porto de Punta (Rambla Portuária) e tem um “deck” do outro lado da rua, que fica quase que literalmente com o pé na areia. É possível ficar apreciando a vista dos barcos indo e vindo e o lindo sol se movendo rumo ao seu poente por muito tempo. Ainda conseguimos receber as visitas de alguns pequenos pássaros enquanto comemos uma saborosa comida. Se estiver por aqui, aposte na brótola ao molho de roquefort com batata assada, realmente espetacular. As massas do restaurante também são muito bem feitas. A carta de vinhos é um pouco escassa, mas possui boas opções importadas (de fora do uruguai). Preço dentro da média para a cidade. Veja maiores detalhes em http://www.guappa.com.uy/ ;

2 – Isidora Restaurante e Café: Outro restaurante que fica na rambla portuária  de Punta del Este, este porém sem deck próximo a praia. Decoração que alia bom gosto, modernindade e classicismo, tem um ambiente e atendimento muito agradáveis. O cardápio é muito conciso, com opções de carnes, frutos do mar e massas. Neste opte por um corte típico uruguaio de churrasco, como o ojo de bife com redução de vinho tannat. Boa carta de vinhos. O preço, apesar de pouco acima do que se pratica em outros restaurantes da localidade, vale a visita. O restaurante possui um site que estava fora no dia do post, mas pode ser que volte a funcionar: http://www.isidora.com.uy/;

3 – El Secreto: Mais uma dádiva na rambla portuária, com um ambiente simples e aconchegante este restaurante alia bom preço a bons pratos, principalmente de carnes. Aliá, acho que dentre as opções foi o mais em conta. O cardápio exibe também opções com frutos do mar, mas o prato que pedimos veio um migué neste quesito, e portanto ainda ficaria com as carnes. Nada porém que deixe a desejar. Possui boa carta de vinhos com opções interessantes nacionais e importados. Por nacionais, por favor leia-se vinhos uruguaios. Caso se interesse e queira maiores informações acesse http://www.elsecreto.com.uy/;

4 – Los Caracoles: Primeira opção desta minha lista que se econtra fora do porto. Este fica próximo a rua Gorlero, uma rua muito charmosa que possui diversos cafés, restaurantes e lojinhas de souvenirs em Punta. Pelo que li a respeito, este restaurante existe deste 1971. Apesar de ter opções de várias ordens (carnes, peixes, frutos do mar, massas) tem como carro chefe a parrila e seus derivados. Ambiente rústico com uma grande grelha onde as carnes são preparadas aos olhos dos clientes. Cortes de carne maravilhosos (prove o entrecotte) fazem a festa dos carnívoros, assim como eu. Carta de vinhos mediana, com boas opções de malbecs argentinos e alguns tannats uruguaios que lidam bravamente com o churrasco. Se quiser fugir do churrasco, a dica é a brotola com molho de camarões, estupenda! Preço dentro da média da cidade. Não encontrei website, portanto para maiores informações visite o local! Não vai se arrepender!;

 5 – El Sargo Resto & Café: Outra opção fora do circuito do porto, este localizado na rua Gorlero, quase em sua esquina inicial, fica dentro de um complexo de entretenimento que ainda conta com spa, cassino e lounge (Nagaró by Mantra). A idéia da casa é apresentar uma ambientação e cardápio clássicos, contemporâneos e bem concisos. Eu diria que até com poucas mas excelentes opções. Recomendo a picanha de cordeiro com batatas rústicas, um show a parte. Carta de vinhos com boas opções locais.  Aliás, foi aqui que degustei o melhor vinho fora da visita a bodega Alto de La Ballena: o Don julio Ariano Special Reserve. Aqui vale a dica de esticar a visita pós jantar e se divertir no cassino que fica no andar de baixo, não é nenhum Conrad mas diverte. Detalhes em: http://www.nogarobymantra.com/index.php ;


 6 – Moby Dick Pub: Provavelmente um dos melhores locais para se badalar em Punta. Bom para petiscar, beber e ainda ouvir muito boa música! Ao melhor estilo pub que conhecemos, com luz mais baixa, rock n’roll rolando o tempo todo e bandas ao vivo aos finais de semana o lugar costuma encher quanto mais tarde vai ficando. Boas opções para cervejas locais (Pilsen, Patricia, Zillertal) e algumas importadas (Stela Artrois) e para petiscar eu recomendaria as pizzas, com massa fininha e excelentes opções de recheio a preços interessantes. Tem ainda uma opção de sacada e deck com uma vista legal do porto de Punta, todo iluminado nas noites. Vale a visita sem dúvida nenhuma! Maiores informações em: http://www.mobydick.com.uy/ ;

7 – La Passiva: Procurando refeições rápidas e/ou lanches querendo fugir do tradicional Mc Donalds e Burger King? Este é o lugar! Localizado na rua Gorlero, este misto de café, restaurante e lanchonete trabalha com a maior especialidade uruguaia no quesito lanches: os chivitos. Normalmente com um bife fino de filet mignon e composto com ovo, salada, bacon e outros anexos (depende do cliente muitas vees), o lanche serve muito bem duas pessoas sem muita fome ou mesmo uma única pessoa se estiver faminta. Servidos em pratos com o acompanhamento de muita batata frita, procure acompanha-lo de uma das cervjas locais e se delicie sem culpa! Vale a visita!



Estas foram algumas poucas dicas do que eu mais curti por lá. Como bom gordinho que se preza, não poderia deixar de procurar me fartar com as opções locais de restaurantes e bares não é mesmo? Existem ainda o Freddo (marca de sorvetes argentinos famosa) com algumas unidades espalhadas por Punta que eu não quis incluir aqui por não ser exclusivo do Uruguay mas que sempre vale a visita, esteja você no Brasil, Argentina, Uruguay ou qualqer outro lugar. E no próximo post: lugares que você não deve deixar de visitar. Até lá!

Thursday, May 5, 2011

Viagem a Punta Del Este Parte 2: Visita a Bodega Alto de La Ballena

Aproveitando a oportunidade que tinha de estar num país que tem alguma produção vinicola consistente e que disponibiliza visitas as bodegas, mesmo numa época do ano em que as vindimas já ocorreram, comecei a procurar na internet (por causa de meu pouco conhecimento sobre o mercado Uruguaio) e descobri que muito perto de Punta havia uma bodega que vinha gerando certo “barulho” devido a grande qualidade que seus vinhos vinham demonstrando em pouco de tempo de produção. A bodega se chama Alto de La Ballena. Comecei os contatos através de um email disponível no site deles e não tardei a fechar data, horário e demais instruções para o dia da visita.



No dia e horário marcados me dirigi a propriedade e quando cheguei ao estacionamento fiquei um pouco preocupado: além do carro em que nos encontrávamos existia somente mais um, de onde saira uma senhora com um pequeno cão galgo. Ela logo se apressou a se apresentar para nós: era a dona da bodega. Um pouco mais confiante, fomos direcionados então a o deck de degustações da vinícola onde começaríamos nossa visita. Depois de alguns minutos de preparação, a Sra. Paula Pivel (dona da bodega juntamente com seu esposo Álvaro Lorenzo) se juntou a eu e minha namorada em uma das mesas do deck e começou a nos contar um pouco sobre ela e como começou o empreendimento Alto de La Ballena, além é claro de informações mais técnicas sobre o cultivo, vinificação e tudo que envolve a produção de seus vinhos.

Paula e o marido conheceram-se quando cursavam MBA, se casaram e desde então perseguiram um sonho que era o de produzir vinhos de qualidade em Maldonado, no Uruguay. Em meados de 2000 adiquiriam os quase 20 ha de terra que possuem na Serra de Ballena e começaram as plantações em 2001. Desde então eles vem cultivando as seguintes castas:  Mertot, Tannat, Viognier, Cabernet Franc e Syrah sendo que a primeira colheita se deu já em 2005 e os primeiros vinhos ingressaram no mercado em 2007. Trabalhando muito a qualidade de seus vinhos a partir dos vinhedos, o casal trabalha com rendimentos baixos (entre 1 e 2 kg por planta) em altas densidades de plantação. Adicionalmente, utilizam-se de todas técnicas necessárias para elevar sempre a qualidade de seus frutos, tais como podas, manejos, etc. O que mais impressiona na propriedade é o solo em que as vinhas se encontram, muito pedregosos com presença de granitos, quartzos, nos mais variados tamanhos, tendo que ser abertos/preparados por ação mecanizada mas que por outro lado geram uma boa drenagem, essencial para o amadurecimento e qualidade das uvas. Complementam ainda o terroir a proximidade do oceano, de um grande lago, boa exposição solar, amplitudes térmicas generosas e brisas noturnas frias.  Um pequeno parentese na descrição da visita: uma dos grandes atrativos da visita é, além dos bons vinhos que eles produzem, o visual do lugar. Situada bem no ápice da Serra de La Ballena, a bodega tem um dos por do sol mais deslumbrantes que eu já vi.

Voltando a visita, depois de explicar como surgiu a idéia da bodega, um pouco de sua vida e etc, Paula nos convidou a subir até um dos pontos mais altos de sua propriedade e ver os vinhedos de uva Syrah, para nos mostrar como é o solo do local, como estão conduzidas as vinhas, e todo o processo desde o plantio até a colheita anual. Ficamos por lá alguns minutos conversando sobre as vinhas e tudo que as envolve, agronomica e viticuturalmente falando. E que mulher simpática e atenciosa ela se mostrou. De volta ao deck, daríamos início as degustações. Nos foram disponibilizados 5 vinhos para a degustação, que serão descritos a seguir com uma breve impressão sobre cada um deles. Para acompanhar, queijos e pães artesanais.



1 – Alto de La Ballena Rosé 2010: Se não me engano esta foi a safra apresentada. O vinho foi produzido num corte de Cabernet Franc, Merlot e Tannat cujas proporções eu não anotei (fui extremamente relapso e me deixei levar pelo clima extremamente amigável e descontraido da visita e acabei por não tirar muitas fotos nem tomar muitas notas). Vinho de cor bem escura para um rosé, apresentou aromas de frutas vermelhas bem suculentas e alguma coisa de especiarias ao fundo. Retrogosto apresentou um que mineral que eu não consegui entender ao certo com um pouco de amargor final. Mostrou corpo e músculos não usuais para um rosé, em virtude das uvas de sua composição. Um pouco quente ao final, mostrou boa acidez e frescor. Apesar de não ser de meu agrado, não pode se questionar a qualidade do mesmo;

2 – Alto de La Ballena Tannat Merlot Cabernet Franc 2008: Vinho de entrada da bodega, este corte já começou a mostrar a carácter dos vinhos produzidos por eles. Muito frutado, cerejas, morangos e frutos vermelhos em geral, especiarias e algo herbáceo. Bom corpo e acidez, taninos finos e quase imperceptíveis. Final de boa persistência com algo de Tabaco;

3 – Alto de La Ballena Tannat Viognier 2008: Este vinho apresenta um corte inusitado mas que agrada em cheio. Aromas florais se juntam ao frutado dando um requinte todo especial. Taninos amaciados pelos 10% de Viognier porém presentes e em maior quantidade que o anterior geram boa complexidade. Acidez na medida e final elegante. Me parece muito gastronômico;

4 – Alto de La Ballena Cabernet Franc Reserva 2007: Um dos xodós dos donos da vinícola, mesmo com um “começo”desacreditado, o vinho se mostrou de muita personalidade. Notas de frutas vermelhas, especiarias e algo de menta e/ou horelã, dando certa elegância ao conjunto. Taninos firmes e boa acidez. Deve cair bem com uma carne vermelha.

5 – Alto de La Ballena Merlot Reserva 2007: Sem dúvida foi o que mais me agradou. Posso dizer que me apaixonei por este vinho. Um merlot diferente de tudo que eu já havia provado antes. Encorpado, gordo em boca, taninos firmes, presentes, elegantes, boa acidez. Aromas de frutas mais escuras, algo doce como chocolate e lembrança de tostado. Lindo tanto no nariz como em boca! Tanto que repeti algumas vezes o mininão. E aproveitei pra adiquirir uma garrafa pra trazer pro Brasil. 



Depois de mais algum papo informal, que contou ainda com a presença do Sr. Álvaro do meio para o final da degustação e de uma italiana que estava morando no Uruguay a algum tempo, tive que me despedir deste amável casal e retornar ao hotel uma vez que a noite caia cada vez mais escura e eu ainda teria que pegar estrada. Uma visita muito interessante que proporcionou inigaláveis momentos com pessoas incríveis. Se você leitor tiver a oportunidade e estiver no Uruguay (seja em Montevideo ou em Punta Del Este) não deixe de visitá-los. Eu recomendo!

Tuesday, May 3, 2011

Viagem a Punta Del Este Parte 1: Os vinhos degustados

Elaborei em minha cabeça uma lista de pequenos posts sobre minha  viagem ao Uruguai e o primeiro deles , este que estão lendo, será a respeito dos vinhos que degustei por lá, dentre os quais apenas um deles já era meu conhecido (já o havia provado em outra ocasião), no caso o Trumpeter Malbec. Tentei na maioria das vezes provar vinhos locais, mesmo que fazendo escolhas no escuro baseado em meu pouco conhecimento da produção local e sobre vinhos em geral. Acontece que em duas ocasiões não encontrei um vinho que eu achava ser adequado a comida que eu estava pedindo e por isso optei por válvulas de segurança já outrora debatidas e conhecidas. Vou tratar em um post separado a visita que fiz a Bodega Alto de La Ballena e por lá comentarei também os vinhos degustados. Seguem as impressões resumidas dos vinhos degustados.

Trumpeter Malbec 2008

Este já é um velho conhecido meu e o havia provado em duas outras oportunidades, a primeira na Argentina seu país de origem, e em casa mesmo. Vinho bem feito da bodega La Rural em Mendoza, ao estilo bem novo mundo dos malbecs argentinos com muita potência e bom corpo. Aromas de frutas, notadamente cerejas e ameixas, algumas especiarias como canela e pimenta, e alguma coisa de tostado ao fundo. Taninos presentes, finos e elegantes bem integrados ao conjunto. Ressalva somente a uma ponta de álcool que sobra no início mas que arrefece durante a refeição. Acompanhou bravamente um belo bife de entrecote.

Don Pascual Tannat 2010

Vinho da linha de entrada da Bodega Família Deicas (Estabelecimento Juanicó) feito nas cercanias da cidade de Montevideo, este varietal da uva Tannat se mostrou um bom vinho para o dia a dia. Coloração rubi bem escura, apresentou aroma de geléia de frutas e taninos presentes, marcantes mas de boa qualidade. Corpo médio e boa acidez completam o conjunto. Foi bem com Ojo de Bife com redução de vinho tannat.



Pisano 1ª Viña Merlot Tannat 2008

Mais um nativo do Uruguai, este da região de Progreso. Vinho de entrada entretanto não produzido mais pela Bodega Pisano, uma das mais famosas do Uruguai, este exemplar se mostrou um pouco tímido com aromas muitos discretos de frutas vermelhas e um pouco de tostado, proveniente provavelmente de seu estágio em madeira. Talvez fosse necessária alguma aeração/decantação prévia. Corpo médio, boa acidez e taninos finos e em pouca quantidade. Não agradou muito embora valeu por conhecer. Feito com 60% de Merlot e 40% de Tannat em sua composição. 

Don Julio Ariano Special Reserve 2006

Vinho top da Bodega Ariano Hermanos, este realmente foi um show a parte. Tem em sua composição uvas Tannat especialmente selecionadas de um parte específica dos vinhedos e envelhecidos por 18 meses em barrica além de parcelas de Merlot e Syrah também envelhecidas separadamente. Dá origem a um vinho de cor rubi escuro mas já com leve halo granada de evolução, encorpado e carnudo com taninos quase mastigáveis. Lindos aromas de frutas escuras, notadamente ameixas pretas, muita especiaria como pimenta do reino e pimenta branca, tabaco, leve floral e alguma coisa de chocolate que pareceu evoluir para capuccino durante o consumo. Enfim, o vinho mais expressivo de todo o passeio. Foi majestosa a harmonização com uma picanha de cordeiro e batatas com redução de vinho tannat.

Casilleiro Del Diablo Sauvignon Blanc 2009

Este apesar de ser de uma linha já conhecida da gigante chilena Concha Y Toro ainda não tinha tido a oportunidade de prová-lo em oportunidade anterior. Se mostrou um vinho de coloração amarelo dourado, extremamente aromático lembrando maracujá, grama e alguma coisa de borracha queimada, pneu deveras interessante. Muita acidez e citricidade em boca tinha ainda um final mineral muito interessante. Boa persistência e frescor. Foi muito bem com um peixe ao molho de roquefort. 

Espumante Castelar Extra Brut

Este espumante aparece por aqui mais pelo detalhe em sua tampa, que é screw cap e além disso tem uma cobertura que imita o formato de uma rolha de espumante. Este também é produzido pela Bodega Família Deicas (Estabelecimento Juanicó) e é bem simples, com boa acidez, corpo leve, e aromas discretos de flores, frutas (algo entre maçã e pera eu diria) e alguma coisa de pão. Poucas borbulhas em boca. Serviu muito bem como aperitivo e ainda acompanhou uma uma pizza de presunto e muzzarela sem fazer feio.

E foi isso pessoal. Diversas novidades, outras nem tanto mas valeu muito a pena. Como dito anteriormente, vou preparar um post sobre a visita a Bodega Alto de La Ballena com seus vinhos e particularidades. Espero vocês!

Saúde!