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Tuesday, May 8, 2018

Alto de La Ballena Tannat Merlot Cabernet Franc 2012

Em 1998, o casal Paula Pivel e Alvaro Lorenzo decidiram estabelecer uma pequena vinícola no departamento de Maldonado, na região sudeste do Uruguai. Paula e o marido conheceram-se quando cursavam MBA e se casaram pouco depois. Sem mais experiência do que sendo consumidores de bons vinhos, partiram para encontrar um lugar que combinasse aptidão vitícola, belas paisagens e uma boa localização. A seleção do terroir, considerando topografia, solo e clima, foi decisiva para alcançar uma excelente qualidade das uvas, essencial na produção de vinhos de alta qualidade. Adquiriram então quase vinte hectares na Sierra de la Ballena, a poucos quilômetros do mar e de Punta del Este, o principal balneário da América do Sul, fundando então a vinícola Alto de La Ballena. O primeiro plantio de videiras foi feito na primavera de 2001, continuando nos anos seguintes até atingir 8 hectares. As vinhas são compostas pelas variedades Merlot, Tannat, Cabernet Franc, Syrah e Viognier. O que mais impressiona na propriedade é o solo em que as vinhas se encontram, muito pedregosos com presença de granitos, quartzos, nos mais variados tamanhos, tendo que ser abertos/preparados por ação mecanizada mas que por outro lado geram uma boa drenagem, essencial para o amadurecimento e qualidade das uvas. Complementam ainda o terroir a proximidade do oceano, de um grande lago, boa exposição solar, amplitudes térmicas generosas e brisas noturnas frias. Atualmente, os vinhos Alto de La Ballena são vendidos em lojas especializadas, espaços gourmet e nos melhores restaurantes do Uruguai, principalmente em Montevidéu e Punta del Este. Eles também estão presentes no México e no Brasil, e logo nos Estados Unidos, Suécia, Bélgica, Holanda, Suíça e Argentina.


Falando um pouco sobre o Alto de La Ballena Tannat Merlot Cabernet Franc 2012, podemos ainda afirmar que é um corte composto da seguinte maneira: 50% de uvas Tannat, 35% de uvas Merlot e 15% de uvas Cabernet Franc. Apenas a uva Tannat passa por 9 meses em barricas de carvalho de 2o e 3o usos pós fermentação. Vamos as impressões?

Na taça o vinho apresentou coloração rubi violácea de média para grande intensidade com algum brilho e limpidez. Lágrimas finas, rápidas e ligeiramente coloridas também se faziam notar.

No nariz o vinho apresentou aromas de frutos escuros, especiarias , tabaco e algo herbáceo.

Na boca o vinho apresentou corpo médio, boa acidez e daninos macios. O retrogosto confirma o olfato e o final era de média para longa duração.

Um belo vinho uruguaio que, apesar de conter em seu corte a emblemática Tannat, também mostrao potencial de outras castas na região. Eu recomendo a prova e, caso você tenha a oportunidade, a visita a vinícola quando estiver passeando pelo país vizinho: é um dos pôr do sol mais lindos que já vi na vida. É trazido ao Brasil pela Winebrands!

Até o próximo!

Monday, September 4, 2017

Wines of Uruguay Tannat Tasting Tour 2017

Atualmente, dos países vizinhos que produzem vinhos, o Uruguay tem sido o que mais me surpreende. E isto tem se devido principalmente a "domesticação" da rústica Tannat à descoberta de blends bem interessantes (usando até mesmo castas pouco usuais por estes lados) que tem sido criados por lá. E foi o que pude presenciar mais uma vez no Masterclass do Tannat Tasting Tour São Paulo, que aconteceu no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo no último dia 22 de agosto, evento este organizado pela Wines of Uruguay


Não há como negar que, até como parte de um case de sucesso de marketing, a uva Tannat se tornou símbolo do país vizinho e, como não deveria deixar de ser, o mote da Masterclass é o uso da casta, seja em vinhos varietais e em cortes. Até grandes críticos do mundo do vinho acabaram por se render aos vinhos tintos vindos do Uruguay, como a aclamada Jancis Robinson, por exemplo. E o Brasil tem uma grande parcela contribuinte no consumo de vinhos vindos do nosso vizinho: cerca de 60% das exportações uruguaias tem como destino o nosso mercado, chegando a volumes que ultrapassam os 2 milhões de litros.


Sobre o evento em si, estavam disponíveis mais de 125 rótulos diferentes de vinhos além de representantes dos importadores e vinícolas, sempre solícitos no contato com o público em geral. O local escolhidos não poderia ser melhor: o visual de fim de tarde da cobertura do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (mesmo em um dia onde o clima não foi o parceiro ideal) adicionou um quê artístico ao tasting. Nas linhas abaixo vou destacar dois vinhos que me chamaram a atenção na Masterclass. Espero que tenham sido do agrado de vocês também.


O primeiro vinho que eu vou destacar é o Alto de La Ballena Tannat Viognier 2013, produzido por uma vinícola boutique localizada em Maldonado (Alto de La Ballena), muito próximo ao balneário de Punta Del Leste, numa belíssima serra da região. O vinho é feito a partir de um corte de Tannat (85%) e Viognier (15%). O interessante aqui é que as uvas Tannat são fermentadas em conjunto com as cascas da Viognier e o mosto da Viognier é fermentado separadamente. O vinho resultante do corte fica 9 meses em barricas de carvalho americano para amadurecimento. Temos como resultado um vinho de coloração rubi violácea de grande intensidade com bom brilho e limpidez. No nariz o vinho apresentou aromas de frutos vermelhos, flores, chocolate, especiarias e um fundo mineral. Na boca  o vinho se mostrou de corpo médio para encorpado, boa acidez e taninos macios. O retrogosto confirma o olfato e o final era longo. Um vinho elegante e potente.

Por último falaremos do Don Julio Ariano Tannat/Merlot/Syrah 2013, um vinho feito a partir de uvas Tannat selecionadas de uma parcela especial acrescidas de Merlot e Syrah. O vinho estagia por 18 meses em barricas francesas e americanas para amadurecimento. Além disso, antes da liberação ao mercado, o vinho passa por 12 meses em garrafa para envelhecimento. Este vinho foi criado em homenagem a Don Julio Ariano, um dos pioneiros da família na propriedade. Como resultado temos um vinho de coloração violácea profunda, brilhante e límpida. Trouxe no nariz aromas de frutas em compota, chocolate, flores, baunilha, especiarias doces e leve toque de tabaco. Na boca é encorpado, carnudo, de boa acidez e taninos redondos. O retrogosto confirma o olfato e o final era longo e saboroso. Baita vinho!

Foi isso que eu quis trazer pra vocês, meus prezados leitores, entretanto caso você tenha participado da Masterclass ou da feira, deixem nos comentários suas impressões, vinhos que mais gostaram e afins. Fico no aguardo.

Até o próximo!

Wednesday, August 26, 2015

Wines of Uruguay #TannatTourBrasil: Uruguay além da Tanat!

O Uruguay é um país cuja a produção vitivinícola quase que totalmente se baseia em produções familiares e colheitas manuais, o que faz com que sua produção não seja lá das mais expressivas em comparação com os outros gigantes mundias e até mesmo com nossos hermanos argentinos e chilenos. Mesmo assim, o Brasil abocanha quase que metade do que de lá se exporta, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Por isso o mercado brasileiro tem ganhado cada vez mais a atenção das ações de marketing e feiras itinerantes da Wines of Uruguay e das bodegas em si. E todos sabemos que em se tratando de Uruguay, a associação mais obvia que é feita é com os vinhos da uva Tannat. E isto não é por acaso, afinal o Uruguay resgatou esta uva francesa de origem na região do Madiran , no sul da França, e hoje conta com cerca de 3000 hectares plantados da uva em seu território, aproveitando alguns do seus melhores e únicos terroirs, sendo o maior produtor da uva no mundo. 

Entretanto, os produtores da Wines of Uruguay mostraram também novas facetas relacionadas a outras uvas que tem se adaptado muito bem ao seu terroir e, mesmo usadas em cortes ou sozinhas, tem começado a brilhar por lá também. E eu vou tentar fugir um pouco do comum e separei alguns poucos vinhos dentre os 24 produtores presentes no dia do evento para tentar demonstrar esta tese. Vamos a eles?


Garzón Albariño Varietales 2014: A uva Albariño tem se mostrado em plena forma em terras uruguaias e este vinho da Bodegas Garzón é um bom exemplo. Quando Alejandro Bulgheroni e sua esposa Bettina descobriram Garzón em 1999, viram nela sua “pequena Toscana em Uruguai”. Assim, entre olivedos e vinhedos, começaram a projetar Bodega Garzón em uma zona privilegiada do Uruguai, próxima a Punta del Este, La Barra e José Ignacio, o paraíso turístico uruguaio. Este exemplar feito com 100% de uvas Albariño também tem um diferencial: permanece sur lie por um período com o intuito de se agregar complexidade. Como resultado temos um vinho que se destaca por suas notas florais e de frutos como pera, abacaxi entre outros. Já em boca é mais gordo do que normalmente encontramos em um Albariño, com um quê mineral e sua bela acidez, que o tornam longo e saboroso.


Artesana Tannat Zinfandel Merlot Edición Limitada 2013: Aqui além deste corte pouco usual (Zinfandel no Uruguay?) temos uma curiosidade sobre a Artesana Winery: quem comanda a festa são apenas mulheres, duas enólogas para ser mais exato, Analía Lazaneo e Valentina Gatti. Situada na região de Canelones, a vinícola nasceu em 2007 nas mãos de um americano. Este vinho é composto por 55% Tannat, 25% Zinfandel e 20% Merlot, que são vinificados separadamente e envelhecidos por 24 meses em barricas de carvalho francês para enfim formarem o blend final. O resultado é um vinho encorpado, denso, com aromas de frutos escuros, tabaco, caramelo, bala toffee e algo de floral. Em boca seus taninos são macios com uma boa acidez e final de média duração. Pra mim, este foi o melhor vinho da masterclass que ante veio a degustação aberta.


Viña Progreso Sangiovese 2008: A Viña Progreso é o projeto experimental de Gabriel Pisano, onde ele está sempre tentando descobrir algum vinho ou técnica nova para aplicar a sua produção. Esta uva de origem italiana não é comumente utilizada no Uruguay mas aqui, Gabriel mostra toda sua paixão, utilizando uma plantação de alta densidade de plantas com produção baixissima por planta, concentrando mais os cachos e obtendo ótimos resultados. Um vinho 100% Sangiovese que após todo processo fermentativo (alcoólico) passa de 9 a 12 meses em barris de carvalho para fermentação malolática e envelhecimento. Resulta em um vinho de corpo médio e pronto para o consumo, mas que por sua estrutura (corpo, acidez e taninos) tende a ficar ainda melhor com tempo em garrafa. Trás aromas de frutos vermelhos, flores e leve toque de baunilha. Vale conhecer este e os outros vinhos deste Pisano "dissidente".


Sauvignon Gris 2015: Produzido pela Filguera Vinedos y Bodega, uma das poucas vinícola que me parece fugir desta imagem familiar e boutique, este vinho é produzido em Canelones com uma uva parente da Sauvignon Blanc (muitos dizem se tratar de uma mutação), a Sauvignon Gris (100%). Não passa por madeira. Temos então um vinho de uma cor quase prateada de tão clara que é, trazendo no nariz muitos frutos tropicais e cítricos com leve toque de flores brancas. Em boca é leve, muito fresco e com um final de média duração. Me pareceu muito a cara do Brasil e das temperaturas elevadas que por aqui temos, mesmo no inverno. 

É claro que existiam muitos outros vinhos interessantes por lá e bodegas a conhecer, mas a idéia aqui foi mostrar uma mínima parte de como o Uruguay pode ser conhecido muito além da uva Tannat. Espero que tenham gostado e se puderem, provem vinhos diferentes, uvas diferentes sem qualquer preconceito, é isto que faz do vinho um universo tão fascinante.

Até o próximo!

Monday, January 21, 2013

Desafio Winesave & Alto de La Ballena Merlot 2007

Com meu interesse por vinhos e a mudança de foco deste blog, o trazendo pra perto de minhas necessidades como enófilo, vi que me surgiram algumas importante e interessantes oportunidades de conhecer pessoas, vinhos, utensílios, etc. E destas oportunidades, fui agraciado com a possibilidade de teste de um utensílio muito bacana chamado winesave. Esta oportunidade surgiu através do contato do Sr. Fernando Zamboni da empresa Winelands, de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Ele muito gentilmente me contatou e perguntou sobre o interesse em testar e divulgar o produto. Aceitei e aqui estou cumprindo minha parte como me foi confiado. Só gostaria de pedir desculpas pela demora no post, mas com toda reviravolta que minha vida tem passado nos últimos tempos, algumas coisas foram ficando um pouco esquecidas e/ou adiadas.


Quem nunca teve problemas quando tomava um vinho sozinho, assim como eu o faço muitas vezes, e por muitas vezes se deparou com sobras deste vinho, sem saber ao certo o que fazer para mante-lo em condições de consumo depois de aberto? Pois bem, ao que tudo indica seus problemas foram resolvidos. Tudo que você precisa fazer é utilizar o winesave, um dispositivo que dispensa uma pequena quantidade de gás argônio dentro de sua garrafa com o resto de seu vinho e a mesma pode ser então fechada novamente (rolha, screw cap, etc.) e mantida fresca e em condições de consumo por muito mais tempo. O Argônio é um gás inerte, incolor e insípido e portanto não transfere quaisquer características diferentes ao seu vinho, tornando-se assim o gás ideal para tal tarefa. Ele ainda é quase 2 vezes e meia mais pesado que o ar, criando assim uma barreira entre o ar e o vinho quando injetado na garrafa, fazendo assim com que o processo de oxidação seja interrompido (o ar é componente essencial neste processo). Dito isto, passei a parte prática da experiência.


Fiz o teste com o vinho Alto de La Ballena Merlot 2007, adiquirido em minha visita a própria vinícola no Uruguai em algum lugar do passado (relembrem aqui e aqui o que eu falei sobre a mesma). Vamos aos resultados.

O vinho quando aberto a primeira vez apresentou uma cor ainda violácea e escura, sem muitos traços de evolução. Aromas de frutos escuros, chocolate e toques florais. Na boca bom corpo, acidez na medida e taninos finos porém presentes e de boa qualidade. Confirmou o que eu tinha tido de impressões quando o degustei na vinícola, em maio de 2011. A garrafa foi consumida até um pouco mais da metade e foi quando utilizei o winesave para mantê-la guardada na geladeira. Um segundo borrifando o gás argônio pra dentro da garrafa, arrolhada outra vez e pra geladeira.

Após uma semana inteira (7 dias) retirei o vinho da geladeira, deixei-o repousado por algum tempo na mesa até que adquirisse uma temperatura mais próxima da ideal para consumo e retirei a rolha novamente. Para minha surpresa, todas as características originais listadas no parágrafo anterior foram mantidas, inclusive o frescor e a acidez do vinho, sem quaisquer traços adicionais de evolução/oxidação no visual, olfato ou paladar. E olha que um vinho sem winesave armazenado nas mesmas condições perderia sua condição de consumo em no máximo 4 dias. Confesso que fiquei surpreso e ao mesmo tempo contente pois essa "invenção" é realmente útil e poderá ajudar muitas pessoas que gostam de vinho mas nem sempre tem companhia ou conseguem consumir uma garrafa inteira de uma vez. Apesar de ainda querer fazer um teste um pouco mais longo, eu mais do que recomendo o winesave!

Para finalizar gostaria de deixar um enorme agradecimento, mais uma vez, a Winelands e ao Sr. Fernando Zamboni pela oportunidade de testar o material que eles estão distribuindo e dizer que apesar da demora, eu  aprovei sem quaisquer ressalvas o winesave. Fico também a disposição para eventuais dúvidas e/ou sugestões que possam surgir deste post.

Para maiores informações sugiro contatar a empresa diretamente em www.winelands.com.br e se quiserem mais ler mais sobre o produto em si recomendo também o site www.winesave.com.br .

Até o próximo!

Tuesday, November 8, 2011

Alto de La Ballena Tannat Viognier Reserva 2008

Preciso confessar que tinha um laço de carinho com este vinho e que estava sempre guardando para uma ocasião especial. Depois de muito pensar sobre, resolvi que talvez a melhor ocasião para bebe-lo seria mesmo a companhia das pessoas que te fazem bem, ainda mais depois de um estressante final de semana. E como o prato principal do dia seria cortes de carne grelhados, resolvi que esta seria a hora de retira-lo de minha adega e desarrolha-lo. 

Este vinho foi adquirido diretamente da vinícola em recente visita ao Uruguai, mais especificamente a Punta Del Este (relembre aqui), próximo da onde a mesma se localiza. A história da vinícola é bem curiosa, pois o casal que é dono do lugar não trabalhava com vinhos até pouco tempo atrás mas nutriam esta paixão em comum, além é claro de terem se conhecido ainda quando cursavam MBA e trabalhavam em áreas relacionadas a negócio e financeiras. Tendo em vista que ambos nutriam a paixão por vinhos em comum, não demorou muito para largarem seus empregos e investirem seu tempo e seu dinheiro na vinícola. Evidentemente que contam com um grande suporte do governo uruguaio e seus órgão relacionados a agricultura e desenvolvimento.


O vinho é composto por um corte inusitado de 90% de Tannat com 10% de Viognier. Destaco ainda que a viognier foi fermentada em barricas francesas tendo sua borra colocada junto as uvas Tannat quando esta começou sua fermentação. Após todo o processo e corte final, o vinho ainda permanece por  9 meses em barricas de carvalho. Vamos às impressões sobre o vinho.

Na taça tem uma bonita cor rubi brilhante tendendo para um tom mais granada com algum halo aquoso e lágrimas finas e coloridas tingindo a taça.

No nariz o vinho apresentou aromas de frutos vermelhos, floral, especiarias, alcaçuz e uma leve nota animal ao fundo. Com um pouco mais de tempo em taça apresentou também um leve toque de baunilha.

Na boca o vinho apresenta corpo médio, taninos finos, firmes e presentes, mas bem integrados com o vinho. Boa acidez, e um final de média persistência que confirma frutas e especiarias com leve toque mineral.

Um excelente vinho que só veio a confirmar as sensações da degustação feita no dia em que o adquiri na vinícola. Infelizmente eu entendo que seu preço no Brasil não é muito convidativo (em torno de 110 reais) mas que valeu demais os aproximadamente 45 reais pagos no Uruguai. De qualquer maneira eu recomendo tanto o vinho como a visita a vinícola!

Até a próxima!

Thursday, May 5, 2011

Viagem a Punta Del Este Parte 2: Visita a Bodega Alto de La Ballena

Aproveitando a oportunidade que tinha de estar num país que tem alguma produção vinicola consistente e que disponibiliza visitas as bodegas, mesmo numa época do ano em que as vindimas já ocorreram, comecei a procurar na internet (por causa de meu pouco conhecimento sobre o mercado Uruguaio) e descobri que muito perto de Punta havia uma bodega que vinha gerando certo “barulho” devido a grande qualidade que seus vinhos vinham demonstrando em pouco de tempo de produção. A bodega se chama Alto de La Ballena. Comecei os contatos através de um email disponível no site deles e não tardei a fechar data, horário e demais instruções para o dia da visita.



No dia e horário marcados me dirigi a propriedade e quando cheguei ao estacionamento fiquei um pouco preocupado: além do carro em que nos encontrávamos existia somente mais um, de onde saira uma senhora com um pequeno cão galgo. Ela logo se apressou a se apresentar para nós: era a dona da bodega. Um pouco mais confiante, fomos direcionados então a o deck de degustações da vinícola onde começaríamos nossa visita. Depois de alguns minutos de preparação, a Sra. Paula Pivel (dona da bodega juntamente com seu esposo Álvaro Lorenzo) se juntou a eu e minha namorada em uma das mesas do deck e começou a nos contar um pouco sobre ela e como começou o empreendimento Alto de La Ballena, além é claro de informações mais técnicas sobre o cultivo, vinificação e tudo que envolve a produção de seus vinhos.

Paula e o marido conheceram-se quando cursavam MBA, se casaram e desde então perseguiram um sonho que era o de produzir vinhos de qualidade em Maldonado, no Uruguay. Em meados de 2000 adiquiriam os quase 20 ha de terra que possuem na Serra de Ballena e começaram as plantações em 2001. Desde então eles vem cultivando as seguintes castas:  Mertot, Tannat, Viognier, Cabernet Franc e Syrah sendo que a primeira colheita se deu já em 2005 e os primeiros vinhos ingressaram no mercado em 2007. Trabalhando muito a qualidade de seus vinhos a partir dos vinhedos, o casal trabalha com rendimentos baixos (entre 1 e 2 kg por planta) em altas densidades de plantação. Adicionalmente, utilizam-se de todas técnicas necessárias para elevar sempre a qualidade de seus frutos, tais como podas, manejos, etc. O que mais impressiona na propriedade é o solo em que as vinhas se encontram, muito pedregosos com presença de granitos, quartzos, nos mais variados tamanhos, tendo que ser abertos/preparados por ação mecanizada mas que por outro lado geram uma boa drenagem, essencial para o amadurecimento e qualidade das uvas. Complementam ainda o terroir a proximidade do oceano, de um grande lago, boa exposição solar, amplitudes térmicas generosas e brisas noturnas frias.  Um pequeno parentese na descrição da visita: uma dos grandes atrativos da visita é, além dos bons vinhos que eles produzem, o visual do lugar. Situada bem no ápice da Serra de La Ballena, a bodega tem um dos por do sol mais deslumbrantes que eu já vi.

Voltando a visita, depois de explicar como surgiu a idéia da bodega, um pouco de sua vida e etc, Paula nos convidou a subir até um dos pontos mais altos de sua propriedade e ver os vinhedos de uva Syrah, para nos mostrar como é o solo do local, como estão conduzidas as vinhas, e todo o processo desde o plantio até a colheita anual. Ficamos por lá alguns minutos conversando sobre as vinhas e tudo que as envolve, agronomica e viticuturalmente falando. E que mulher simpática e atenciosa ela se mostrou. De volta ao deck, daríamos início as degustações. Nos foram disponibilizados 5 vinhos para a degustação, que serão descritos a seguir com uma breve impressão sobre cada um deles. Para acompanhar, queijos e pães artesanais.



1 – Alto de La Ballena Rosé 2010: Se não me engano esta foi a safra apresentada. O vinho foi produzido num corte de Cabernet Franc, Merlot e Tannat cujas proporções eu não anotei (fui extremamente relapso e me deixei levar pelo clima extremamente amigável e descontraido da visita e acabei por não tirar muitas fotos nem tomar muitas notas). Vinho de cor bem escura para um rosé, apresentou aromas de frutas vermelhas bem suculentas e alguma coisa de especiarias ao fundo. Retrogosto apresentou um que mineral que eu não consegui entender ao certo com um pouco de amargor final. Mostrou corpo e músculos não usuais para um rosé, em virtude das uvas de sua composição. Um pouco quente ao final, mostrou boa acidez e frescor. Apesar de não ser de meu agrado, não pode se questionar a qualidade do mesmo;

2 – Alto de La Ballena Tannat Merlot Cabernet Franc 2008: Vinho de entrada da bodega, este corte já começou a mostrar a carácter dos vinhos produzidos por eles. Muito frutado, cerejas, morangos e frutos vermelhos em geral, especiarias e algo herbáceo. Bom corpo e acidez, taninos finos e quase imperceptíveis. Final de boa persistência com algo de Tabaco;

3 – Alto de La Ballena Tannat Viognier 2008: Este vinho apresenta um corte inusitado mas que agrada em cheio. Aromas florais se juntam ao frutado dando um requinte todo especial. Taninos amaciados pelos 10% de Viognier porém presentes e em maior quantidade que o anterior geram boa complexidade. Acidez na medida e final elegante. Me parece muito gastronômico;

4 – Alto de La Ballena Cabernet Franc Reserva 2007: Um dos xodós dos donos da vinícola, mesmo com um “começo”desacreditado, o vinho se mostrou de muita personalidade. Notas de frutas vermelhas, especiarias e algo de menta e/ou horelã, dando certa elegância ao conjunto. Taninos firmes e boa acidez. Deve cair bem com uma carne vermelha.

5 – Alto de La Ballena Merlot Reserva 2007: Sem dúvida foi o que mais me agradou. Posso dizer que me apaixonei por este vinho. Um merlot diferente de tudo que eu já havia provado antes. Encorpado, gordo em boca, taninos firmes, presentes, elegantes, boa acidez. Aromas de frutas mais escuras, algo doce como chocolate e lembrança de tostado. Lindo tanto no nariz como em boca! Tanto que repeti algumas vezes o mininão. E aproveitei pra adiquirir uma garrafa pra trazer pro Brasil. 



Depois de mais algum papo informal, que contou ainda com a presença do Sr. Álvaro do meio para o final da degustação e de uma italiana que estava morando no Uruguay a algum tempo, tive que me despedir deste amável casal e retornar ao hotel uma vez que a noite caia cada vez mais escura e eu ainda teria que pegar estrada. Uma visita muito interessante que proporcionou inigaláveis momentos com pessoas incríveis. Se você leitor tiver a oportunidade e estiver no Uruguay (seja em Montevideo ou em Punta Del Este) não deixe de visitá-los. Eu recomendo!