Sunday, January 15, 2012

Santa Julia Cabernet Sauvignon Reserva 2008

Continuando a série de vinhos argentinos provados, mais um bom exemplar vindo de Mendoza, mas desta vez não era um malbec. Outro grande achado no tocante ao custo benefício, eu diria que este caso poderia se tornar um vinho para o dia a dia sem problema nenhum.

A Bodega Santa Julia é parte do grupo Zuccardi, e foi criada nos anos 90 como uma forma de homenagem a filha de José Zuccardi, Julia. Este vinho é composto de uvas 100% cabernet sauvignon colhidas em Maipu e no  Vale do Uco, em diferentes composições de solo em Mendoza. Passa por amadurecimento de 10 meses em carvalho francês de primeiro, segundo e terceiro usos. Sem maiores delongas, vamos a ele.


Na taça o vinho tinha uma cor rubi violácea bem escura, com alguma transparência e leve halo de evolução, contando ainda com lágrimas finas, ligeiramente lentas e com certa cor. 

No nariz o vinho já mostrava uma complexidade interessante, abrindo com aroma de frutas negras, algo de especiaria (pimenta), leve herbáceo de fundo com baunilha e um toque animal fechando o conjunto. Muito interessante, sem mostrar aquele herbáceo agressivo e verde que normalmente encontramos em alguns cabernets sulamericanos.

Na boca o vinho tinha um corpo médio, taninos finos e ligeiramente rascantes mas integrados ao conjunto e talvez faltasse um pouquinho mais de acidez, mas que não comprometia o vinho. Retrogosto frutado com alguma coisa de baunilha num final de média duração bem gostoso.

Enfim, mais um bom vinho feito por nossos hermanos e que agrada pela faixa de preço, fugindo um pouco do malbec pesadão e quase doce que costumamos encontrar por ai. Eu recomendo.

Até o próximo!

Saturday, January 14, 2012

Zuccardi Serie A Malbec 2010

Na última quinta feira tive a oportunidade de participar de mais uma degustação da série que tem sido promovida pelo jornalista Beto Duarte, e que farão parte da base de dados para o guia de vinhos do mercado nacional degustados às cegas que ele está escrevendo. Agora o tema era vinhos argentinos. E como sempre entre destaques e boas oportunidades, vou falar sobre alguns dos vinhos que eu considerei muito bons e que são uma boa opção de compra.


A Família Zuccardi já tem muita tradição e goza de muito prestígio quando falamos de vinhos argentinos e de Mendoza, tendo chegado por lá em meados dos anos 50, e tendo passado por diversas mudanças em seus negócios até chegarem na atual configuração em meados dos anos 80. Eles trabalham com uma boa diversidade de produtos, sendo que a linha Serie A se situa como a linha de entrada da vinícola, e nem por isso  perde em qualidade. O vinho é elaborado com uvas 100% Malbec vindos de 3 vinhedos diferentes em Mendoza sendo que após o processo de vinificação, 70% do vinho passa por carvalho de primeiro, segundo e terceiro usos por aproximadamente 10 meses antes de ser engarrafado. Vamos as impressões.

Na taça o vinho apresenta uma bonita cor violácea profunda, com pouca transparência. Lágrimas finas, de certa maneira lentas e levemente coloridas completam o aspecto visual.

No nariz o vinho mostrou aromas de figo, chocolate ao leite, leve pimenta e um toque floral. Todos aromas muito intensos porém sem serem agressivos. Boa complexidade.

Na boca o vinho tinha um corpo médio, boa acidez, taninos finos, redondos e bem fundidos ao vinho. Trazia muita fruta e chocolate no retrogosto  tinha um final com certo dulçor, bem prolongado (o vinho tem 14,8% de álcool, imperceptível a não ser por este dulçor final).

Começamos bem esta série de vinhos argentinos com este belo exemplar da uvas símbolo argentina. É sinal de que nem sempre os vinhos desta uva são aqueles monstros amadeirados e de certa maneira cansativos e pesados, podendo também existir vinhos de excelente qualidade a preços não tão altos. Eu recomendo.

Até o próximo!

Thursday, January 12, 2012

Mais polêmicas sobre as pesquisas envolvendo vinho e saúde!

Durante anos, Dipak Das, professor e pesquisador da Universidade de Connecticut , publicou estudos sobre os benefícios para a saúde com o consumo de vinho tinto. Agora, a universidade o acusa de falsificar dados e está tentando a sua demissão. Não está claro, porém, se os estudos podem estar comprometidos.

O Centro de Saúde da universidade está citando uma extensa má conduta durante a pesquisa nos estudos de Das depois de uma investigação de três anos na pesquisa publicada em 11 revistas científicas. "Temos a responsabilidade de corrigir o registro científico e informar os pesquisadores em todo o país", disse Philip Austin, vice-presidente interino para assuntos de saúde da Universidade de Connecticut.

Das, professor do departamento de cirurgia e diretor do centro de pesquisa cardiovascular, conduziu os estudos ao longo de um período de sete anos. Em um de seus estudos, ele credita ao resveratrol e as antocianinas, ambos os compostos encontrados na casca da uva, os benefícios cardiovasculares observados no vinho tinto. Outro estudo descobriu que o resveratrol ajuda a reparar danos às células tronco do coração (embora ainda não seja claro qual dos estudos de Das são suspeitos). Aparentemente, os estudos parecem legítimos, com todos os protocolos apropriados seguidos. A pesquisa, no entanto, deveria ter passado por um duplo check, antes de sua publicação.

Mas uma denúncia anônima em 2008 para a universidade sobre irregularidades na pesquisa desencadeou a investigação, de acordo com o porta-voz Chris DeFrancesco. "O relatório completo, que totaliza aproximadamente 60.000 páginas, conclui que Das é culpado de 145 acusações de fabricação e falsificação de dados", disse DeFrancesco, em um comunicado. "Como resultado da investigação, o centro de saúde congelou todas as pesquisas com financiamento externo para o laboratório de Das e se recusou a aceitar 890.000 dólares em verbas federais concedidos a ele." Contactado pela Wine Spectator, Das recusou a comentar as alegações. Os processos de destituição contra ele estão em andamento.

"Enquanto nós estamos profundamente decepcionados com o flagrante desrespeito do código de conduta da universidade, tivemos o prazer de verificar que os sistemas de supervisão utilizados foram eficazes e trabalharam como pretendido", disse Austin."Estamos gratos que um indivíduo optou por fazer a coisa certa, alertando as autoridades competentes."

Austin disse que os erros de Das são isolados para seu laboratório, apesar da universidade não revelar detalhes. A universidade acredita que Das esta em plena conformidade com os protocolos de investigação em curso e não tinha suspeitas anteriores sobre a veracidade de seu trabalho.

Wednesday, January 11, 2012

O que se deve fazer para ser um sommelier?

Eu estava lendo um artigo sobre, na opinião de um renomado dono de redes de restaurantes no exterior, quais deveriam ser as principais características e/ou os principais pontos de uma pessoa para que essa possa exercer bem a função de sommelier em um restaurante considerado de ponta. E eu resolvi abrir a discussão aqui no blog, citando as opiniões registradas no texto e tentando tecer alguns comentários meus de forma conjunta, e esperando que os leitores possam também dar suas opiniões. Vamos lá.

Primeiramente o fundamental, em meu ponto de vista pessoal, é a paixão da pessoa pelo mundo do vinho, suas entranhas e particularidades. Por exemplo, você deve ao menos saber o momento exato (ou o mais próximo disso) em que você se virou para o mundo do vinho e quais os motivos para tal. Além disso, você deve ter algumas preferências no mundo do vinho, mas estas não poderão afetar seu cotidiano profissional. E é claro que se você já tiver tido a oportunidade de visitar regiões vinícolas distintas do planeta, melhor ainda. A primeira dica é: seja apaixonado pelo assunto.

Assim que possível a pessoa deve procurar uma instituição de ensino que possa oferecer-lhe uma educação teórica sólida e uma parte prática que possa lhe mostrar os primeiros passos e os atalhos para a profissão. Evidentemente que quanto mais séria e profissional a instituição escolhida, melhor para o profissional que optar por seus cursos e formação. As vezes o ideal é pesquisar muito antes da escolha e se possível conversar com profissionais da área. Alguns de vocês vão dizer que existem muitos bons profissionais que não tiveram acesso a tal tipo de formação, e eu vou concordar com vocês. Mas a intenção aqui é mostrar um mundo mais próximo do ideal possível. A dica aqui é a mesma para uma porção de profissionais, desta e de áreas diversas: estude sempre.

Isso porém não muda a necessidade de experiência e trabalho no chão do restaurante, desenvolvendo também habilidades que vão desde a negociação e aquisição dos vinhos junto aos revendedores/importadores até o momento de servir as pessoas no salão, entre muitas outras obrigações e deveres. Muitas vezes também o sommelier tem que ser um bom ouvinte quando em atendimento ao público, não devendo impor suas vontades e percebendo o momento ideal para indicar uma bebida diferente da que a pessoa está pensando em consumir. E a percepção de que o cliente não irá mudar sua opinião, não importe qual esforço o sommelier fizer também é importante para manter o clima de cordialidade. Aqui o importante a ressaltar é que a atividade requer habilidade de lidar com público em geral.

Pensando no convívio com os demais membros da staff do restaurante, a pró atividade conta muito neste emprego também, uma vez que o sommelier precisa da ajuda do restante do staff do restaurante para impulsionar a venda dos vinhos. O sommelier deve (ou normalmente é recomendado que se faça), sempre que possível, fazer degustações em conjunto com os outros atendentes do restaurate afim de que as harmonizações propostas sejam testadas e que sua carta de vinhos seja posta em prova. Além disso, a opinião de alguns que possam ser leigos tende a fazer pequenos ajustes finos com  as vontades dos consumidores regulares, ainda mais num mercado que ainda não consome tanto vinho assim como o brasileiro. Esta última dica tem haver com o ambiente de trabalho e respeito a todos e suas funções dentro da cadeia que envolve o atendimento no restaurante.

É claro que estas dicas acima são apenas algumas dentre as muitas que um sommelier deve se basear ao longo de sua carreira. Gostaria de contribuições para que o assunto possar ser enriquecido e criemos aqui uma lista em que um futuro profissional possa basear ao menos sua escolha para entrada ou não no mercado. E então prezado e querido leitor, quais são as suas dicas/diretrizes para quem quer se aventurar no mercado como sommelier?

Até o próximo!

Monday, January 9, 2012

Angheben Teroldego 2005

Depois de visitar a vinícola no final do ano passado (relembrem aqui) era chegada a hora de tirar da adega a garrafa que eu trouxe de lá a fim de verificar e confirmar todas minhas impressões obtidas naquele dia. E eu ainda lembro como se fosse hoje, tamanha foi minha satisfação com esta visita. 

Falando um pouco do vinho com mais detalhes, este varietal é elaborado com uvas 100% Teroldego, originária da região de Trentino na Itália e que, segundo o produtor, se adaptou bem ao terroir de Encruzilhada do Sul (aonde inclusive também a Vinícola Lídio Carraro tem obtido resultados muito bons). Passa por algo entre 6 a 8 meses em barricas para afinamento e depois ainda um pouco nas caves antes de ser comercializado. Vamos as impressões, para ver se as mesmas se confirmam desde a última vez em que provei o vinho. 


Na taça uma cor violácea profunda, escura e brilhante. Apesar da idade não apresentava halo de evolução. As lágrimas era lentas, finas e com certa cor também. 

No nariz o vinho se mostrou complexo, abrindo com notas de frutas escuras (ameixa preta), algo de couro, tabaco e especiarias. Tudo muito austero, elegante, aquela sensação de vinho do velho mundo. 

Na boca o vinho apresentou corpo médio, boa acidez, taninos finos e algo rascantes, mas de boa qualidade. Final médio com lembrança de ameixa preta e algo de chocolate amargo. O vinho se mostrou muito gastronômico e pedia comida a cada gole. 

Confirmadas as expectativas, o vinho é realmente muito bom. Infelizmente só trouxe uma garrafa. Mas vale dizer que nada melhor do que degusta-lo lá no Vale dos Vinhedos com o pessoal da Vinícola. Eu recomendo! E ele casou maravilhas com risoto de shitake, alho poró e queijo grana padano e carré suino. 

Até o próximo!