Thursday, April 26, 2012

Polifenol encontrado no vinho ajuda a metabolizar gordura

Estudo constata que um polifenol encontrado no vinho tinto provoca algumas mudanças na maneira com que o corpo metaboliza os alimentos gordurosos.

Este novo estudo descobriu que uma substância química no vinho tinto pode impedir que alguns dos alimentos gordurosos que comemos sejam convertidos em tecido adiposo. A pesquisa, publicada na edição de março do Journal of Biological Chemistry, descobriu que piceatannol, um polifenol encontrado na casca da uva e no vinho tinto, efetivamente bloqueia a formação de células de gordura em laboratório.

Na pesquisa anterior, o polifenol resveratrol  havia sido associado a níveis mais baixos de gordura, mas as suas implicações clínicas são limitadas. O resveratrol é rapidamente metabolizado por seres humanos e pode passar rapidamente pelo corpo com benefícios pouco perceptíveis com relação a ingestão de gordura. O piceatannol é semelhante ao resveratrol, mas com uma diferença chave. Sua estrutura contém uma molécula adicional de hidrogênio e de oxigênio que torna mais difícil para o organismo digeri-lo, fazendo com que sua presença no corpo seja um pouco mais longa que a do resveratrol. "Um certo número de estudos anteriores indicaram que o piceatannol tem fortes atividades antioxidantes, anti-inflamatórias e anti-tumorais", disse o co-autor Dr. Kee-Hong Kim, nutricionista do departamento de Ciência Alimentar da Universidade Purdue. Mas suas interações com o tecido adiposo permanecem inexploradas. Quando o corpo humano consome gordura, as calorias ou são convertidas em energia ou são armazenados como tecido adiposo no corpo, dependendo de vários fatores. Kim e sua equipe observaram que, quando eles recriaram esse processo em laboratório, o piceatannol impediu o corpo de converter células de gordura em tecido adiposo (Kim e sua equipe obtiveram o composto químico a partir de uvas Monastrell).

Mesmo com doses menores, piceatannol foi um bloqueador eficaz de gordura, produzindo uma redução de 20% em formação de gordura. Em doses mais elevadas, a formação de gordura era quase inexistente, com 80% menos células de gordura formadas. E a boa notícia é que o piceatannol é abundante na natureza. "Você encontra piceatannol em bagas, uvas e vinho tinto, enquanto o maior teor de piceatannol pode ser encontrado no maracujá", disse Kim. 

No entanto, Kim advertiu sobre colocar o piceatannol em um plano de dieta em breve, "a pesquisa foi uma simulação de laboratório". Mais estudos em animais e humanos são necessários no futuro para apreciar a alegação de que um composto no vinho tinto pode realmente ajudar na metabolização e absorção de gordura pelo organismo", disse Kim.

Esta matéria foi originalmente publicada no site da revista WineSpectator, sendo traduzida e adaptada por mim. Se quiserem maior fidelidade, sugiro acessarem www.winespectator.com.

Até o próximo!

Wednesday, April 25, 2012

Sumiço proposital

Gostaria de começar este breve post pedindo desculpas a meus poucos mas fiéis leitores. Estive ausente do blog por um período razoável e isso por si só já me deixa constrangido. Mas acontece que acabei saindo sem ao menos avisar o por que deste breve sumiço. Mas acreditem, o motivo fará valer a pena. 

Estive em um curta e proveitosa viagem pelo Chile onde consegui visitar 5 vinícolas e tive experiências únicas e, ao longo dos próximos dias pretendo colocar todo material gerado (fotos, panfletos, anotações, etc.) em ordem para que os posts surjam sobre estes assuntos. Espero que vocês compreendam e me perdoem por esta falha, que prometo, será melhorada nas próximas viagens.

Espero que continuem conosco, nos bons e maus momentos do blog!

Obrigado pela audiência!

Friday, April 20, 2012

Evoluído, terciário, vivo ou em declínio? Mas o que isso quer dizer?

Sempre que nos deparamos com descrições sobre características dos vinhos, podemos encontrar uma ou mais destas palavras sendo utilizadas, entre muitas outras, mas que as vezes podem causar certa estranheza para uma pessoa menos acostumada a estes termos "vinícolas". Mas o que eles querem dizer?

Quando um vinho é descrito como vivo (ou com os termos relacionados como vibrante, fresco, brilhante, suculento ou picante) normalmente associamos à acidez de um vinho. A acidez é um dos fatores que dá uma estrutura ao vinho e amplifica os seus sabores. É também uma forma de destacar sabores de frutas que são particularmente exuberantes. Este termo quase sempre descreve os vinhos que são jovens, antes da percepção de acidez e sabores de frutas subsequentes começarem a desaparecer.

Os outros termos que dão título ao post de hoje - evoluído, terciário e em declínio - são normalmente utilizados para um vinho com alguns anos de garrafa, e que normalmente suportam tal envelhecimento. E cada vinho tem o momento em que estas notas começam a se mostrar, mas normalmente podemos dizer que um vinho tenha perdido a sua vida por volta da marca de 10 anos, se não mais cedo. Isto é o que eu chamaria de um vinho evoluído.

Enquanto um vinho continua a envelhecer, a cor desbota ou torna-se marrom e se o mesmo é um vinho de guarda e tenha sido bem armazenado, seus aromas de frutas passam a ficar em um segundo plano enquanto outras notas tornam-se mais evidentes. As notas que se desenvolvem durante o envelhecimento são chamadas de notas "terciárias" e incluem aromas florais, de terra, especiarias e sabores minerais que se desenvolvem mais tarde na vida de um vinho.

Quando um vinho passa seu pico - os sabores de frutas perderam seu frescor e as notas terciárias são menos proeminentes, dizemos que um vinho está em declínio.

Espero que esta matéria possa ajudar um pouco a elucidar tais termos utilizados nas descrições dos vinhos que encontramos por ai e é claro, deixo este canal aberto para que os meus queridos leitores possam colocar sugestões, descrições e significados para estes e outros termos com os quais nos deparamos no dia a dia vinícola. Lembrando que este texto foi retirado, traduzido e adaptado do site da revista WineSpectator.

Até o próximo!

Wednesday, April 18, 2012

Santa Julia Malbec Reserva 2009 - #MalbecWorldDay

Ontem foi dia de comemorar a uva Malbec em todo mundo, esta uva que é oriunda da região de Cahors na França mas que aparentemente desenvolveu grande fama na Argentina, na província de Mendoza com seus vinhos opulentos, alcoólicos e escuros. Evidentemente que em seu berço normalmente os vinhos são mais complexos, elegantes e normalmente mais difíceis de se compreender ao passo que os de nossos hermanos se tornaram quase que uma preferência nacional principalmente pelos iniciantes no mundo do vinho, dada a sensação de doçura que estes vinhos propiciam pelo excesso de extração, uso de madeira em demasia e graduação alcoólica elevada. É claro que existem boas exceções, mas em geral essa é a impressão que temos de tais vinhos.


Voltando ao vinho do título, o mesmo é produzido pela Bodega Santa Julia, um dos braços de negócios da Família Zuccardi, um grande nome vitivinícola argentino e que já teve outros vinhos comentados por este que vos escreve (relembrem as postagens anteriores aqui e aqui). É produzido com 100% de uvas Malbec colhidas em Maipú, Mendoza, a 650 metros acima do nível do mar e passa por afinamento em barricas de carvalho por 10 meses. Vamos as impressões.

Na taça o vinho apresentou uma coloração violácea com traços azulados bem escura, quase sem transparência e com lágrimas finas, rápidas e bem coloridas, tingindo todas as paredes da mesma.

No nariz o vinho apresentou aromas de frutas negras, baunilha e algo de especiarias. Leve lembrança de tabaco ao fundo. O álcool pode ser notado no começo da degustação, mas se arrefeceu no decorrer da mesma.

Na boca o vinho tinha corpo médio, acidez um pouco baixa, taninos firmes e bem presentes. Retrogosto com muita fruta e ligeiro amargor e álcool sobrando um pouco. Final de média duração.

Na média um bom vinho, nada espetacular mas que pode ser considerado um bom dia a dia.

Até o próximo!

Tuesday, April 17, 2012

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Grande Reserva 2007

Eu não canso de dizer que os vinhos portugueses são realmente meus objetos de desejo. Eu acho que apesar de eu estar desenvolvendo um afeição especial pelos americanos, os portugueses sempre serão meus queridinhos. Bom, mas sem maiores afetações falemos um pouco deste vinho, de seu produtor e da região na qual é produzido.


O Douro é uma região fantástica, visualmente falando. Vinhas crescem ao longo do rio que dá nome a região e mais do que isso, a grande inclinação que os terrenos tem na região fazem com que as plantações em patamares e socalcos se tornem vislumbrantes para o ser humano, além de um grande desafio. O clima quente e seco acaba se tornando propício para a maturação das mais variadas castas da região, que normalmente eram plantadas todas juntas, sem divisões (as famosas vinhas velhas portuguesas) e que geram vinhos curiosos,  e de qualidade e caráter únicos. Por isso que eu digo que um de meus sonhos de consumo é viajar pra conhecer esta região. Enfim.

Sobre a vinícola, retirado do site da mesma: "A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, com 120 hectares, 85 dos quais plantados com vinha classificada com a Letra A, situa-se junto do Pinhão e está integrada na Região Demarcada do Douro desde a sua instituição, em 1756. Ao longo dos tempos, todo o patrimônio histórico da quinta tem sido cuidadosamente preservado - a casa senhorial oitocentista, hoje hotel do vinho, a capela de estilo barroco datada de 1795, a capela do século XVII que se situa junto ao rio, os pomares, a azenha e a adega de 1764. Renovamos as tradições, mas respeitamos a autenticidade da paisagem. O nome "Quinta Nova" tem origem na nova quinta que foi criada após a junção de duas quintas. Nossa Senhora do Carmo relaciona-se com a santa padroeira da capela que foi construída no século XVII, junto à margem do rio Douro. Naquela perigosa zona do rio, os tripulantes dos barcos rabelos eram vítimas de frequentes naufrágios, suplicando pela proteção daquela santa. Assim, durante o séc XVII, na sequência de uma promessa dos mareantes, foi construída a pequena capela, albergando uma imagem em pedra desta padroeira e renomeando a propriedade para Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo".


Bom, sobre o vinho o mesmo é feito com 70% Touriga Nacional e 30% vinhas velhas e Estagiou 17 meses em barricas novas de carvalho francês e 6 meses em cave. Sem mais enrolação, vamos as impressões.


Na taça o vinho apresentou cor violácea intensa e quase sem transparência, com lágrimas finas, rápidas e com ligeira cor.

No nariz aromas de frutos negros, floral em abundância, couro, baú, tudo muito integrado sem uma nota se sobressaindo mais que as outras. Alguma coisa de ervas pode ser sentido após algum tempo assim como um tostado no fundo de taça. Bastante complexidade.

Na boca o vinho tinha corpo médio para encorpado, boa acidez, taninos bem presentes, marcantes mas devidamente integrados com os demais elementos do vinho. Retrogosto com frutas e floral, confirmando o nariz, num final elegante de média para longa duração.

Mais um grande exemplar duriense trazido pela Vinea que eu recomendo. 

Até o próximo!