Tuesday, January 13, 2015

Vila Don Patto: Pedacinho de Portugal em São Roque-SP!

A pouco mais de 50km da cidade de São Paulo fica situada a cidade de São Roque, conhecida principalmente no passado por abrigar mais de uma centena de vinícolas coloniais, daquelas que se produziam litros e litros de "vinhos" de garrafão. Isso se deu devido ao fato da vinda de imigrantes italianos e portugueses para a região, que cobriram as encostas dos morros com vinhedos, instalaram suas adegas e transformaram São Roque na famosa "Terra do Vinho". Depois de uma fase de decadência, hoje ainda existem algumas vinícolas por lá, muitas das quais a despeito do trabalho hercúleo para produzir algo com qualidade além dos vinhos de garrafão, firmaram negócios com vinícolas no sul do país e tem crescido de forma consistente e trazendo novidades ao mercado. E junto com este trabalho de resgate da história do vinho paulista, existe um grande investimento em turismo, com pousadas, hotéis, restaurantes, atrações, etc. E é sobre um desses locais que iremos falar aqui hoje, A Vila Don Patto.


A Vila Don Patto se intitula como um centro de gastronomia e diversão para toda a família, numa região muito verde e de muito contato com a natureza, na Rota do Vinho de São Roque. Claro que grande parte do fator gastronômico é focado na cozinha portuguesa, principalmente quando falamos do Restaurante Don Patto. Entre outras atrações disponíveis no complexo estão: adega onde você encontra vinhos nacionais e importados, além das exclusivas linhas de vinhos Don Patto com mais de cem anos de tradição em São Roque: Vinhos Pattão e Don Patto, vinhos exclusivos engarrafados na região do Douro em Portugal; empório com sua tradicional linha de produtos "gourmet"como doces, temperos, queijos e biscoitos; cafeteria onde você pode provar uma boa linha de cafés gourmet, onde você mesmo é responsável por coá-lo "old style"; sorveteria e chocolateria que oferece bombons, trufas, barras de chocolate e é claro, sorvetes em suas mais variadas formas; e por fim espaço kids e fazendinha, onde a criançada pode se divertir e visitar alguns bichinhos que não comumente encontrados em nossa vida urbana.


Mas gostaria mesmo é de focar no restaurante, pois foi onde escolhemos para fazermos nosso jantar. Como dito anteriormente, podemos encontrar a maioria dos pratos considerados tradicionais da culinária portuguesa, pelo menos em solo brasileiro: alheira, linguiça de bacalhau na chapa, bolinhos e pastéis de bacalhau, sardela ou alichela além dos deliciosos pratos à base de bacalhau, como o tradicional Bacalhau da Vila, Zé do Pipo, postas Don Patto e postas às natas entre outros. Optamos por algo um pouco mais ousado e, sem conhecermos muito bem, pedimos o Leitão da Bairrada a moda Don Patto. Apesar de me parecer não muito fiel a receita tradicional, confesso que o prato apresentado era muito gostoso. A carne de porco estava muito perfumada (graças em parte ao alecrim que fazia parte do tempero) e, embora crocante por fora, estava tenra e suculenta por dentro. Acompanhava ainda batatas assada e brócolis com azeitonas pretas. Era um banquete e tanto e servia com propriedade duas pessoas.


É claro que, para acompanharmos o prato, a escolha óbvia recaiu sobre um vinho português, ora pois. E o escolhido foi o EA Vinho Regional Alentejano Tinto 2012, produzido pela gigante e famosa Adega Cartuxa, parte do grupo Fundação Eugênio de Almeida, com sede em Évora, no Alentejo. A Instituição é também herdeira de uma longa história no setor vitivinícola, pois desde o final do século XIX que a cultura da vinha faz parte da tradição produtiva da Casa Agrícola Eugénio de Almeida. É um vinho feito a partir de um corte de Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Castelão sem passagem por madeira. Vamos ver o que ele nos mostrou?


Na taça o vinho apresentou aquela coloração rubi violácea de grande intensidade, algum brilho e pouca transparência. As lágrimas eram finas, rápidas e em boa quantidade, mostrando também alguma cor. Já no nariz o vinho mostrou aromas de frutos escuros em compota e algo floral. Na boca o vinho mostrou médio corpo, taninos finos e em boa quantidade além de uma gostosa e refrescante acidez. O nariz se confirma na boca e o final era de média para longa duração. Acompanhou bem o leitão sem qualquer sombra de dúvida, foi uma boa pedida. Me pareceu um vinho com todas as características próprias de vinhos jovens, fáceis de beber e para consumo rápido acompanhando comida ou mesmo em um dia um pouco mais friozinho, em uma boa companhia. Já havia provado a versão branca dele na safra 2009 (aqui) e as impressões também foram boas. Enfim, recomendo a prova.


E assim nos despedimos de um dia sensacional e nos dirigimos para o merecido descanso, agradecendo a vida e brindando a cada momento. Se você estiver passando por São Roque e região, ou mesmo se quer um fazer um passeio em família, eu recomendo a visita a cidade e aos atrativos turísticos da Rota do Vinho. Desprenda-se das amarras e preconceitos, não vá em busca de vinhos do primeiro escalão da qualidade mas sim de diversão, boa comida e momentos perto da natureza que eu tenho certeza que fará um bom negócio.


Até o próximo!

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