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Monday, March 21, 2016

Tenute Giucciardini Strozzi:Os vinhos da realeza italiana em São Paulo

Eu tomei um cuidado muito grande ao escrever sobre estes vinhos, afinal de contas, não é sempre que falamos sobre os vinhos da realeza não é mesmo? As princesas Irina e Natalia Strozzi Guicciardini, que são a 15a geração na linha de descendência de Mona Lisa, estiveram em São Paulo na última semana e apresentaram seus vinhos milenares a imprensa e especialistas. A degustação, seguida de almoço harmonizado, aconteceu no restaurante Rubaiyat Faria Lima, com organização da importadora ItáliaMais e da CH2A Comunicação.


A Importadora Itáliamais, apesar de nova no mercado nacional (cerca de um ano), tem um braço e uma história muito ligada a Roma, onde já atua a um bom tempo. Com isso se relacionam diretamente com os produtores e garimpam verdadeiros achados. Sua filosofia é de trabalhar com o seguimento de restaurantes e lojas especializadas, não tendo venda ao consumidor final. Possuem cerca de 20 produtores em seu portfólio, grande parte da Toscana e adjacências.

Já a Tenute Giucciardini Strozzi tem mais de mil anos de existência, ao menos é o que dizem os registros históricos, remetendo ao ano de 994 como o ano de fundação da mesma. Por incrível que pareça, permanece ainda como uma propriedade familiar. Está situada em San Gimignano, uma pérola incrustada no coração da Toscana, na Itália. Seus vinhos mais famosos são a base da uva autóctone Vernaccia di San Gimignano, que tem registro de primeira produção ainda nos anos de 1200. Ainda segundo os registros, grandes nomes italianos como Michelangelo, Dante e Boccaccio foram alguns dos que provaram e aprovaram seus vinhos. Mas, afinal, quais os vinhos foram mostrados na degustação? Vamos a eles?


Cusona Brut Spumante di Vernaccia di San Gimignano: vinho espumante produzido pelo método Charmat longo (longo tempo de contato com as leveduras em tanques inox) com uvas Vernaccia di San Gimignano. Apresentou coloração amarelo palha com muito brilho, perlage fina, delicada e persistente, nariz de frutas tropicais, leveduras com final amendoado. Em boca é cremoso e fresco, fácil de beber;


Arabesque Vermentino IGT 2014: vinho branco que apesar de ser rotulado como Vermentino, tem 15% de Sauvignon Blanc na composição e sem passagem por madeira. Como resultado temos um vinho de aspecto palha com reflexos verdes, muito claro e limpido. Nariz franco e direto de frutas cítricas e muito mineral. Corpo leve, muito frescor e final agradável;


Vernaccia di San Gimigniano 1933 Cusona 2013: esse vinho branco a base da uva símbolo da vinícola (100%) pode ser considerado um degrau acima, com uvas selecionadas manualmente, cerca de um terço delas próximas do apassificamento. Tem passagem por barricas de segundo uso por cerca de 2 a 3 meses. Resulta num vinho de aspecto amarelo palha com reflexos já tendendo ao dourado, límpido e brilhante. Nariz amplo e franco de frutas, flores e leve toque apimentado. Bastante mineral, lembrando água do mar. Boca com corpo médio, muito frescor e mais mineral, quase salgado mesmo. Belo vinho;


Momi Rosso di Marema Toscana 2013: este vinho é um corte das uvas Petit Verdot, Cabernet Sauvignon, Sangiovese e Montepulciano d'Abruzzo com passagem de aproximadamente 3 meses. Um vinho de coloração violácea de média para grande intensidade com bom brilho. No nariz apresentou aromas de frutos escuros e vermelhos, especiarias com leve tostado ao fundo de taça. Na boca começa com uma ponta de álcool sobressalente, que arrefece com o tempo, taninos redondos, boa acidez e um quê mineral, num final de média duração. Foi bem com a refeição, denotando um certo carácter gastronômico;


Sòdole Rosso 2009: de longe meu preferido, este vinho é um IGT 100% Sangiovese com passagem de um ano em barricas francesas e mais um ano em garrafa antes de ser liberado ao mercado. O visual é marcado por uma coloração rubi violácea de boa intensidade com leve halo granada. O nariz apresenta frutos negros, flores, especiarias, chá preto e algo mentolado. Na boca o vinho tinha corpo médio, ótima acidez e taninos fininhos. Final longo e delicioso, um espetáculo de vinho!


Ocra Bolgheri Rosso 2014: a palavra "Ocra" tem um significado de sangue da terra segundo a língua etrusca, além é claro de remeter a cor de mesmo nome (ocre). É um vinho feito a partir de um corte de Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah com passagem de 12 meses em barricas francesas. Como resultado um vinho de aspecto violáceo de grande intensidade e com algum brilho. No nariz, aromas de frutos escuros, especiarias, toques animais e algo de floral. Em boca é encorpado, elegante, taninos firmes e boa acidez. Belo final;


Vignaré Bolgheri Superiore 2011: este vinho pode ser considerado o irmão mais velho do vinho anterior e é um corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot vinificado e maturado por 18 meses em barricas de carvalho francesas e novas. Como resultado temos um vinho de coloração rubi violácea de grande intensidade com algum brilho. No nariz temos frutos escuros, especiarias, leve toque mineral e algo de tostado no fundo de taça. Na boca é encorpado, taninos macios e boa acidez. Final longo;


Millanni 2007 Supertoscano: a surpresa da noite ficou por conta deste vinho que não estava previsto mas foi trazido pelas princesas. Um corte de Sangiovese, Cabernet Sauvignon e Merlot com 12 meses de envelhecimento em barricas francesas. Um vinho de aspecto rubi de média para grande intensidade com halo granada. No nariz apresentou aromas de frutos vermelhos, especiarias, baunilha, flores e madeira seca. Na boca era encorpado, suculento, acidez ainda muito viva e taninos domados com o tempo. Tem estrutura para evoluir mas se encontra em seu ápice. Belíssimo vinho e belíssima surpresa.


Uma belíssima e agradável tarde ao lado de boas companhias, bons vinhos e mais uma vez, show de organização da CH2A Comunicação. À importadora Itáliamais, parabéns pelos belíssimos vinhos e pela parceria. O único senão fica por conta dos preços dos vinhos, que estão um pouco acima da média quando falamos de mercado nacional. Entretanto, recomendo a prova, valem a experiência.



Até o próximo!

Wednesday, June 4, 2014

Sottobosco Rosso di San Gimignano 2007: Vinho Italiano com saudades


É com lágrimas nos olhos e muito sentimento bom de saudades no peito que começo a escrever este post. Explico: este vinho veio na bagagem de minha viagem de lua de mel à Itália, e mais do que isso, é produzido na vinícola na qual celebrei meu casamento em plena Toscana. O Sottobosco Rosso di San Gimignano 2007 só me trás boas recordações e achei que era hora de tira-lo da adega e curtir uma noite com minha esposa e um bom fondue de carne ao vinho, afinal todo dia é dia de celebrar a vida.


Este vinho, conforme comentado acima, é produzido pela gigante italiana Tenute Niccolai em seu braço situado em San Gimignano, na Toscana, a Il Palagetto. A Tenute Niccolai tem seus vinhedos espalhados por diversas regiões da Itália. Falando especificamente deste vinho e da região em que foi produzido, dizem por lá que a Il Palagetto é o "coração" da Tenute Niccolai, também do ponto de vista emocional, sendo a primeira empresa adquirida pelo Comandante Luano Niccolai, fundador da empresa. Em torno da adega moderna, o potencial de produção de 5.000 hectolitros, um moinho e nada menos que 44 hectares de vinhedos plantados com Grenache, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Vermentino, Sangiovese, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah. San Gimignano é conhecida há séculos por seus vinhos brancos, mas sua vocação para os tintos pode ter ligação com sua localização, por estar no coração da Toscana. O "Sottobosco" é a expressão típica: ricos aromas inconfundíveis que só podem vir de sua origem toscana, mas ao mesmo tempo tão peculiar que pode ser ligado apenas a esta área.


Falando um pouco do vinho propriamente dito, o Sottobosco Rosso di San Gimignano, é um corte das uvas Sangiovese, Cabernet Sauvignon e Syrah de vinhas com idade média de 15 anos. Depois do processo de fermentação, passa por 16 meses em barricas de carvalho para afinamento/amadurecimento. Por fim ainda passa um ano em garrafa antes de ser liberado ao mercado. Atinge 14% de graduação alcoólica. Vamos às impressões? 

Na taça o vinho apresentou coloração rubi violácea com reflexos granada e algum brilho. Lágrimas finas, rápidas, em abundância e coloridas complementavam o aspecto visual.

No nariz o vinho se mostrou muito aromático, com frutos vermelhos em primeiro plano, toque de pimenta, animal e algo terroso além de uma leve lembrança de coco.

Na boca o vinho se mostrou muito equilibrado, com taninos macios e redondos, acidez gulosa e bem presente e bem encorpado. Retrogosto confirma o olfato. Final de longa e deliciosa duração.

Um grande vinho sem dúvidas, que trás algumas das melhores lembranças de minha vida. Só confirmou tudo que eu já pensava sobre ele e sobre a vinícola. Eu mais do que recomendo.

Até o próximo!

Tuesday, November 12, 2013

Santa Chiara Vernaccia di San Gimignano 2011: lembranças eternas!

Na última sexta feira fui surpreendido com um jantar especial preparado carinhosamente por minha esposa: uma bela bacalhoada à portuguesa com muito azeite, batatas, cebola, pimentão, azeitonas pretas e ovos cozidos. Haviam inúmeros motivos para comemorarmos, e não irei aqui listá-los por não ver a necessidade. Só que a ocasião pedia é claro um vinho mais especial. Confesso que diante deste prato eu  sempre gosto de ter um bom vinho tinto português a mão, um alentejano ou duriense, mas que na hora por falta de um e pela vontade de trazer boas memórias a tona (logo falarei mais sobre isso), optei por este branco Santa Chiara Vernaccia di San Gimignano.


Este vinho é feito na comuna de San Gimignano, na Toscana, centro sul da Itália. A uva Vernaccia di San Gimignano não é muito conhecida por aqui nem tão pouco é muito difundida mundo a fora, se concentrando basicamente em fazer vinhos para o mercado interno italiano principalmente por não ser largamente plantada. Entretanto este produtor, a Tenute Niccolai, é um grupo grande que possui vinhedos e vinícolas em alguns lugares estratégicos na Itália e principalmente na Toscana, fazendo desde vinhos brancos que podem ser considerados mais simples até os potentes Brunellos de Montalcino. Dito isto, tem distribuição no Brasil pela importadora Vinea.

Sobre o vinho em si, como dito anteriormente, é feito com uvas 100% Vernaccia di San Gimignano de vinhedos com altitude média de 300 metros acima do nível do mar e que passam apenas por envelhecimento e afinamento nos tanques de inox e na própria garrafa, por um mínimo de 6 meses antes de ser liberado ao mercado. Se maiores delongas, vamos as impressões.

Na taça uma bonita cor amarelo palha com reflexos verdeais, muito brilho e transparência. Lágrimas finas e rápidas também podiam ser notadas.

No nariz o vinho apresentou aromas de frutas cítricas, florais e toques de pedra molhada. Um vinho extremamente fragrante. 

Na boca um vinho fresco com boa acidez, corpo médio e com um retrogosto que confirma o olfato trazendo muita fruta cítrica e toques salinos que lembram água do mar. Um final longo e saboroso.

Realmente o vinho confirmava minhas expectativas. E além disso trouxe memórias, agora descritas, pois foi com este vinho que brindei meu casamento em meio aos vinhedos da vinícola, em San Gimignano. O único arrependimento, por assim se dizer, é não poder e não ter trazido mais do vinho em minha mala. 

Até o próximo!