Thursday, August 29, 2013

Aurora Pequenas Partilhas Cabernet Franc 2011

Este post será uma maneira de revisitar um vinho já provado e comentado por aqui em outra oportunidade e de outra safra (relembrem aqui). Com o friozinho que fazia na noite de ontem e um bom "Capeletti in Brodo" maravilhosamente preparado por minha esposa, não tive duvida e resolvi sacar uma garrafinha da adega. E o escolhido da noite foi este Aurora Pequenas Partilhas Cabernet Franc 2011.


A Vinícola Aurora é uma das gigantes do mercado nacional e está localizada em Bento Gonçalves, no sul do país. Possui muitas linhas de vinhos que tentam agradar a maior gama possível de paladares. Esta linha Pequenas Partilhas az alusão a vinhos de pequenas produções que tem como diferencial a qualidade superior, e por este motivo só seria feito em colheitas consideradas muito boas. Ainda segundo o produtor a elaboração desse vinho iniciou com a escolha das uvas, ainda nos vinhedos, a vinificação criteriosa e na estabilização das garrafas, resultando nesse vinho diferenciado, elaborado com os melhores frutos de nossas 1.100 famílias (a vinícola funciona em sistema de cooperativa). Sem mais delongas vamos as impressões sobre o vinho.

Na taça uma bonita cor violácea de média para grande intensidade, pouca transparência, bom brilho com lágrimas finas, rápidas e ligeiramente coloridas.

No nariz o vinho apresentou aromas de frutos vermelhos,  toques de especiarias, baunilha e leve lembrança animal. Bastante perfumado.

Na boca um vinho de corpo médio, boa acidez e taninos finos e redondos. Retrogosto confirma o olfato e tem final de média pra longa duração. Boa estrutura, bem harmônico e sem defeitos.

Um bom vinho nacional, que na sua faixa de preço não faz feio (40 e poucos dinheiros). Vale a aposta. Eu recomendo.

Até o próximo!

Wednesday, August 28, 2013

Cerveja Diabólica India Pale Ale: sorte de quem está na Terra

Depois de um dia cansativo e atribulado de trabalho cheguei em casa e resolvi que iria tomar uma cerveja pra relaxar, apagar as memórias ruins do dia e dormir feito criança. Como tenho a oportunidade de visitar um empório bem de frente com minha casa, pedi ao Celso (beer sommelier do local)  que me indicasse uma boa IPA (india pale ale) para a noite que se aprofundava. Como ele não tinha muitas opções, me falou desta Diabólica e eu resolvi arriscar.


Pausa. Vocês devem estar se perguntando o por que de eu ter pedido este tipo específico de cerveja. Eu respondo. É que tive algumas boas experiências com este tipo de cerveja em algumas outras oportunidades recentes e resolvi apostar novamente neste estilo pra ir conhecendo mais a respeito. Nada muito elaborado não.

Voltando a cerveja, este é um exemplar nacional vindo de Curitiba, onde nasceu a cervejaria. Tudo começou de forma muito rudimentar e caseira, quando alguns amigos aficionados por cerveja resolveram se reunir e produzir sua própria cerveja por lá. E de panelas no fogo e a mistura de alguns tipos de malte chegaram a Diabólica IPA. No que pude descobrir, atualmente a fórmula possui a adição de 7 tipos diferentes de malte em seu processo de fabricação e adição de lúpulo ao final deste, com o intuito de aportar muito carácter, amargor e esta cor puxada para o vermelho. Este modo de fabricação é inclusive dito como o utilizado nos primórdios da fabricação deste tipo de cerveja na Inglaterra antiga, origem deste tipo de cerveja. Além disso, dizem que o India (primeiro I de IPA) diz respeito ao destino dado as cervejas para abastecer os exércitos ingleses que estavam por lá e enfrentavam um calor absurdo. Enfim, lendas e mais lendas que cercam as cervejas. Vamos as impressões sobre a mesma.

A cerveja apresentou uma cor acobreada escura, âmbar e brilhante. Espuma puxando pro bege, sem exageros. 

No nariz a cerveja mostrou aromas cítricos e de caramelo queimado (aquela calda de pudim de leite, manja?). Ao final podia-se notar também toques de tostado (do malte provavelmente).

Na boca um deleite. Ataque inicial doce, lembrança de citricidade e refrescância finalizado com bastante amargor e persistência. Bom equilíbrio dulçor x amargor. 

Como já disse outras vezes não sou profundo conhecedor do assunto, mas cada vez mais estou me apaixonando pelas IPAs e sua dualidade dulçor x amargor. Recomendo a prova.

Até o próximo!

Tuesday, August 27, 2013

Porto Ferreira Dona Atonia Reserva & Mousse de Chocolate: Precisa dizer alguma coisa mais?

Dando continuidade aos trabalhos relatados no post anterior, pensamos que para ser completa, nossa refeição teria também uma sobremesa para nos deleitarmos. E como ambos (eu e minha esposa) somos apreciadores de chocolate, nada mais óbvio do que irmos para um delicioso mousse de chocolate. E para acompanhar, um vinho Porto Ferreira Dona Antônia Reserva.


O mousse é bem simples, em uma tigela redonda colocamos uma latinha de creme de leite sem soro e uma barra e meia de chocolate meio amargo em banho maria até que consigamos misturar ambos de maneira bem homogênea. Em outra vasilha batemos três claras em neve e misturamos na tigela inicial e colocamos no refrigerador. Antes de servir, polvilhamos com chocolate amargo ralado. 

Já quanto ao vinho, é produzido pela gigante Sogrape Vinhos, de Portugal. Conforme palavras do próprio produtor: "Porto Ferreira Dona Antônia é um Vinho do Porto Reserva criado em homenagem de Dona Antônia Adelaide Ferreira, uma mulher carismática que dedicou toda a sua vida ao Douro e ao Vinho do Porto, deixando um legado de excepção e valores de qualidade e excelência que estabeleceram a Ferreira como símbolo maior da alma portuguesa e marca número um em Portugal". Possui em sua composição as uvas Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca e Tinta Amarela. É feito pelo método tradicional na região, com adição de aguardente vínica em determinado período do processo a fim de se interromper o processo de fermentação e com um consequente aumento no grau alcoólico do vinho que aqui atinge 20%. Depois passa por períodos de envelhecimento em pipas de carvalho em Vila Nova de Gaia onde posteriormente irá se juntar a vinhos de outras safras no blend final que irá compor este vinho. No caso deste reserva, são utilizados vinhos entre 4 e 12 anos de idade, chegando-se a uma idade média em torno de 7 anos (segundo o produtor). 

Na taça o vinho mostrou uma coloração vermelha rubi com tons atijolados, lágrimas finas e bastante viscosas, descendo lentamente por suas paredes. 

No nariz o vinho trás notas de frutos secos (uvas passa, ameixa preta, etc.) e toques florais. Ao fundo da taça alguma coisa que lembrava especiarias e chá preto.

Na boca o vinho se mostrou encorpado e untuoso, de boa acidez e confirmando o olfato e suas percepções. Fica em boca por muito tempo, um final bem longo. 

Nem preciso dizer que o casamento foi imediato, o chocolate amargo e os frutos secos do vinho combinaram muito, deixando ambos com sabores ainda mais agradáveis. Eu recomendo fortemente.

Até o próximo!

Monday, August 26, 2013

Terrunyo Sauvignon Blanc 2011 Block 5 & Risoto de Bacalhau: Divino!

Eu costumo falar por aqui que a melhor coisa que podemos fazer é celebrar as partes boas que a vida nos proporciona e foi exatamente o que eu fiz neste final de semana. A um ano atrás eu formalizei a semente do que viria a ser a árvore da minha vida a partir de então. Foi quando eu assumi um relacionamento firme com quem é hoje minha esposa e uma coisa levou a outra e cá estamos hoje casados. Nada melhor do que celebrar datas importantes pra nós com boa gastronomia e bons vinhos, é claro em companhia da pessoa que te importa. Como o próprio título já diz, fomos de risoto e vinho branco.


Escolhemos o risoto pois é um prato que gostamos muito de fazer e bacalhau por que já vinhamos pensando nisso desde que vimos este prato em outro lugar. Basicamente cozinhamos lascas de bacalhau por um tempo, douramos cebola picadinha com azeite e acrescentamos o bacalhau cozido, tomate picadinho, champignon e azeitonas pretas até dourar o bacalhau e reservamos. Depois fizemos o risoto normalmente e quando o arroz se encontrava al dente, misturamos a reserva de bacalhau. Finalizamos com um pouco de manteiga e queijo pecorino. Já o vinho é uma harmonização clássica e não queria errar.

A linha Terrunyo é uma das linhas premium da vinícola Concha Y Toro, do Chile, como eu já comentei por aqui algumas outras vezes. Já havia provado o tinto da casta Carmenére também da mesma linha o que só me fez crescer a admiração pela marca Concha Y Toro, afinal são vinhos de grande qualidade. Este varietal é feito com uvas 100% Sauvignon Blanc, não passa por madeira e fica 9 meses em tanques de inox para envelhecimento. Vamos as impressões.

Na taça o vinho apresentou uma bonita cor amarelo palha brilhante, com reflexos verdeais, lágrimas finas e rápidas. 

No nariz o vinho abriu com aromas de frutos brancos e cítricos, toques florais e minerais. Aromas deliciosamente sedutores em um vinho com muito perfume.

Na boca o vinho mostrou corpo de médio para encorpado com certa untuosidade e acidez quase frisante e muito refrescante. Retrogosto confirma olfato com bastante citricidade e mineralidade. Um final delicioso que parecia interminável. Palavras que descrevem o vinho: poder e elegância.

O casamento do vinho com a comida foi perfeito, um escortando o outro de maneira divina. A salivação causada pela acidez quase crocante do vinho só fazia a próxima garfada do risoto ainda mais solicitada. E assim fomos degustando nosso almocinho entrando no começo de mais uma tarde de domingo. Mas para quem pensa iríamos parar por aqui, sugiro esperar até o próximo post para a sobremesa!

Até o próximo!

Thursday, August 22, 2013

Decanter Wine Show 2013: Espetáculo, novidades e surpresas!

A edição 2013 do Decanter Wine Show estava de cair o queixo. Muitas vinícolas interessantes, enólogos entusiastas, produtores atenciosos e um espaço bem agradável. O evento tinha como foco o novo mundo e aconteceu no famoso e estiloso hotel Tivoli Mofarrej em São Paulo. A seguir algumas impressões e destaques da feira, sob minha ótica. Vale lembrar que existiam muito mais vinhos para serem provados mas que dentro do que pude degustar, estes valeram as linhas a seguir. Além disso tudo, tive a ilustre companhia do mestre Walter Tommasi (da revista Go Where Gastronomia e blogueiro) que me deu uma verdadeira aula de degustação!





 
Comecei meu giro pelo novo mundo por um produtor nacional que foi uma grata surpresa pra mim, pois nunca havia provado nada seu. Estou falando da vinícola Quinta da Neve, situada na Serra Catarinense, nascida em 1999 e pioneira na região na produção de vinhos. Deles, destaco dois vinhos muito agradáveis: o Sauvignon Blanc 2011, bem claro, brilhante e transparente com bastante tipicidade trazendo frutas cítricas, muito floral e extremamente fresco; e um belo Pinot Noir 2010 (segundo muitos o melhor vinho da vinícola) bem característico, coloração clarinha, transparente com muita fruta vermelha fresca no nariz e toques florais no nariz, leve, elegante e fácil de beber! Ah, e eles trouxeram um rosé pouco convencional também que ainda não foi lançado mas tem tudo pra fazer burburinho por ai.


Depois, fiz a volta ao mundo e fui parar na Nova Zelândia. Confesso que pouco bebi de vinhos vindos de lá, mas a vinícola Wild Rock me chamou atenção por seus vinhos bem feitos e de bom custo benefício. A Wild Rock veio com um Sauvignon Blanc, um Pinot Noir mas uma combinação pouco usual por lá foi o vencedor aqui. Eu estou falando do Wild Rock Gravel Pit Red 2008, um blend de Merlot e Malbec que segundo o pessoal da Decanter, vem de um solo pedregoso originário de um fundo de rio que trás muita elegância, complexidade e vivacidade para o vinho sem se tornar pesado ou cansativo, vale conhecer.




Voltando ao nosso continente, era hora de revisitar alguns vinhos que havia provado in loco, na vinícola El Principal e ainda ver o que de novo eles tinha para apresentar. E não me decepcionei pois as novas safras do Calicanto e do Memórias continuam incrivelmente deliciosas e consistentes com as que provei anteriormente. Mas daqui dois vinhos me chamaram a atenção, pois não os havia provado ainda: o Auqui Sauvignon Blanc 2012, um bom exemplar do Maipo com muito frescor, frutas e toques herbáceos e o top da casa, o El Principal 2008, composto de 95% Cabernet e 5% Carmenere se mostra ainda jovem, mas extremamente elegante, carnudo, frutas maduras, chocolate, especiarias num fundo balsâmico. Delicioso e que aguenta a garrafa por um bom tempo ainda.

 

Era hora de visitar os hermanos argentinos e coube a vinícola Riglos de Tupungato (ainda que com um chileno disfarçado trabalhando e apresentando a vinícola) fazer as honras da casa. E já vou avisando, vinhos extremamente elegantes, frescos e sem aquela pujância hermana podem ser encontrados aqui. Dois destaques pessoais tambem: o Riglos Quinto Sauvignon Blanc 2012, muito elegante, mineral (quase como lamber pedra molhada), fresco ao extremo sem lembrar aqueles vinhos cansativos e adocicados comuns na região e o Riglos Gran Cabernet Sauvignon 2009,  esse de uma estrutura e elegância ímpares, muita fruta escura, especiarias, toques de baunilha com taninos marcados e de excelente qualidade e acidez deliciosa e voluptuosa, pra mim o melhor sem dúvida!



Na sequência duas casas sul africanas. A primeira é a Glen Carlou, distante 35km da Cidade do Cabo com seus vinhos grandes e gulosos mas nem por isso deselegantes. Destaco aqui mais dois vinhos interessantíssimos: O Glen Carlou Quartz Stone Chardonnay 2010, grande, gordo, porém de extrema riqueza e elegância. Aromas de frutas brancas e tropicais, toques de madeira e mel com algo mineral ao fundo. Fresco e denso; e o Grand Classique 2008, este um blend tinto com 5 uvas (Cabernet Franc e Sauvignon, Merlot, Malbec e Petit Verdot) com um mix de frutas escuras e vermelhas, algo de coco e café torrado. O enólogo presente era extremamente solícito e trouxe de surpresa um chardonnay sem barricas que embora não seja comercializado por aqui, fez algum sucesso na feira. Depois a segunda casa sul africana era a Raka, com belos blends complexos e que precisam de tempo em garrafa (taça/decanter/etc.) pra mostrarem todo seu explendor. De lambuja, pude conhecer ainda a filha do produtor, Jorika Dreyer que muito atenciosa e simpática mostrou toda a linha disponível para degustação. Eu já havia provado um vinho deles, o Raka Figurehead, em sua safra 2004 (aqui) e só confirmei o quanto o vinho é delicioso. O meu destaque da feira então vai para o Raka Biography Shiraz, um belo exemplar com muito corpo, elegância, fruta madura e pimenta no nariz e em boca, além de um final pra ficar na memória, sem dúvida o meu preferido. Segundo Jorika, é o vinho de sua história de vida!



Voltando ao Chile, me deparei com a famosa por aqui De Martino e seus excelentes vinhos, seja qual for a linha selecionada para degustar, além é claro de Marcelo Retamal, o homem responsável pelo projeto "barricas free" que foi implantado na vinícola. Escolhi então destacar dois vinhos pouco usuais: o primeiro, o Viejas Tinajas Edición Especial 2012, vinificado em vasos de argila e feito para venda apenas no Chile na bodega, um blend tinto muito alegre, fresco e frutado e que faz parte das degustações nas visitas a bodega; e o Gallardia del Itata Cinsault 2013, que ainda estava nos tanques mas trouxeram alguns poucos exemplares para mostrarem na feira. Um vinho diferente, com maceração carbônica e que muito lembrou os gamays e beaujolais de boa qualidade. Framboesa fresca no nariz, muito frescor em um vinho para se beber de garrafa sem perceber.



Já era hora de fechar meu ciclo pelo novo mundo e minha última parada foi os EUA, onde destaco dois vinhos de vinícolas distintas. Primeiro a vinícola Sequana Vineyards e seu belo Pinot Noir Sundwang Ridge Vineyard do Russian River. Muita tipicidade, frutas frescas, fósforo, animal, num corpo médio e taninos macios e redondos, um vinho pronto para se beber. E pra finalizar, não poderia faltar um Cabernet do Napa Valley com o 19 Block Cuvée Mount Veeder 2008 , da Hess Collection, musculoso, voluptuoso, mentol, fruta escura, firme e complexo tanto no nariz como na boca, vinhaço!


O que dizer de um evento como esse? Sucesso absoluto! Grandes novidades e surpresas, muito vinho de qualidade e diversidade de paladares, mesmo se tratando do novo mundo. E olha que ainda tinha muito mais vinhos que provei e a se provar. Ansioso pelo próximo evento.

Até o próximo!

Tuesday, August 20, 2013

Confraria Pane, Vinum et Caseus: Vinho e Golf "Harmonizam"?

Essa era a dúvida que deveria ser sanada na fria tarde de domingo em São Paulo. Era tarde de mais uma reunião da Confraria Pane, Vinum et Caseus e desta vez em um local diferente. Era a primeira vez (ao menos pra mim) que iríamos a um restaurante/bar anexo a um campo de golfe. O Local escolhido era o Eagle Golf Point, nas proximidades do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. E para o cardápio, iguarias hermanas: bife de chorizo, chimichurri e papas fritas. Teríamos grande lotação, a maioria dos confreiros e confreiras havia confirmado presença. Vamos ver o que deu?


Chegando ao local já era possível ver as redes de proteção e os barulhos das tacadas. A vista do salão em que a confraria seria acomodada era incrível, dava a sensação de estarmos fora de São Paulo não fosse pelo barulhos espaçados dos aviões pousando em Congonhas. Muito verde em um espaço enorme davam a sensação de paz e tranquilidade necessários para que o encontro dos amantes do vinho se passasse da maneira mais agradável possível.


Fomos recebidos pelo "presidente" Fabio, que logo nos apresentou a alguns vinhos diferentes. Primeiro um exemplar vindo do Vale do Rhône, na França: Château d`Or et de Gueules Costières de Nîmes 2010. Com uma composição típica da região (corte de Grenache, Carignan, Syrah e Mourvèdre) o vinho se mostrou de cor rubi violácea escura, meio opaca e com lágrimas finas e sem cor; aromas um pouco fechados de frutas negras e toques terrosos; na boca um tanto quanto ligeiro, de corpo médio e com taninos finos e suaves. Em seguida, um vinho patrício: Quinta da Pedra Alta Tinto 2007, representante duriense que auxiliou nas boas vindas. Composição típica para um português de respeito (Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Touriga Franca). Mais fragrante que seu antecessor, mostrou toques de frutos silvestres, flores e ligeira lembrança de madeira. Em boca é de médio corpo, macio e fácil de beber. Como curiosidade, o vinho é feito em lagar com pisa a pé e envelhece por 6 meses em barrica. A partir daí foi um desfile de vinhos e comida.


Entre alguns petiscos e muita conversa, alguns outros vinhos nos foram servidos, sendo que a maioria já esteve por aqui em uma ou outra postagem e por isso pouparei meus leitores de muita repetição. O embate do almoço entretanto se daria entre dois argentinos: o Dolium Malbec 2010, um vinho que se mostrou jovem, bem violáceo e que trouxe no nariz aromas de frutas silvestres e lembrança de baunilha. Taninos macios e fácil de beber. Para o dia a dia; do outro lado vinha o Sotano Reserva da Família Malbec 2008, esse já conhecido por aqui e mais elaborado e afinado, trouxe bela cor violácea de grande intensidade, aromas de frutos escuros em compota, florais e chocolate ao fundo. Encorpado e redondo, se mostrou mais do que pronto pra beber. Acho que já tínhamos um vencedor. 

Ao final, o Sotano acabou por agradar a maior parte das pessoas e harmonizou de forma clássica com os pratos de bife de chorizo. E para adoçar a vida, um mousse de chocolate para encerrar com chave de ouro mais uma esbórnia enogastronomica. 

Vocês devem estar perguntando: Mas e o golfe? Confesso que depois de tudo isso, o golfe acabou sendo esquecido. Alguns corajosos ainda tentaram dar umas tacadas mas eu não sei a resposta se o este esporte e o vinho harmonizam. Quem sabe alguém possa nos ajudar?

E que venham as próximas reuniões da Confraria.

Até lá!

Saturday, August 17, 2013

Mais benefícios encontrados no consumo de vinho tinto?

Pelo visto o vinho tinto pode ser ainda mais saudável. Pesquisadores da University of British Columbia (UBC), em parceria com a Universidade de Adelaide, descobriram recentemente 23 moléculas em vinho até então desconhecidas, as quais podem apresentam grandes benefícios relacionados a saúde de consumidores regulares de vinho.


Estas 23 novas moléculas  pertencem à família dos estilbenóides, que são um tipo de polifenol do grupo de substâncias químicas no vinho que incluem ainda taninos, pigmentos e quercetina. Antes do estudo da UBC, a comunidade científica reconhecida 18 estilbenóides diferentes, incluindo o resveratrol. "Estilbenóides são uma defesa natural da videira para se proteger contra a infecção por fungos e os efeitos do tempo chuvoso", explicou Cedric Saucier, chefe do departamento de química da UBC e um dos autores do estudo. Encontrados em grande parte na casca da uva, os estilbenóides liberaram substâncias antioxidantes durante a vinificação.

A equipe utilizou um scanner em extratos concentrados de Merlot, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon, tudo a partir de vinhos de uma determinada vinícola americana da safra 2010, então separou os compostos a fim de examiná-los de perto. Eles mediram nada menos que 41 estilbenóides. Os recém-descobertos 23 compostos aparecem em menor quantidade do que seus colegas já conhecidos, o que pode indicar o motivo pelo qual os cientistas nunca os terem encontraram anteriormente.

Vários estudos confirmaram os benefícios de muitos polifenóis, por isso é provável que estas novas adições à família estilbenoide do vinho terá efeitos positivos para a saúde. Mas a confirmação pode demorar algum tempo: assim que os cientistas validarem a estrutura exata destes compostos, "temos que fazer um monte de testes biológicos", disse Saucier. "Para ser honesto, os próximos passos têm de ser feitos por centenas de pesquisadores ao redor do mundo." E os cientistas ainda estão trabalhando para entender como os seres humanos metabolizam polifenóis do vinho e como os compostos interagem uma vez ingeridos.

"Nós descobrimos novos primos do resveratrol", disse Saucier. "Esperamos que estes antioxidantes retardem doenças crônicas em seres humanos: doenças cardiovasculares, Alzheimer e câncer, por exemplo. Essa é a esperança. "

Notícia original publicada em www.winespectator.com

Friday, August 16, 2013

3o Tasting Wines of Chile & Masterclass: Abundância, diversidade e qualidade!

Na última quarta feira aconteceu o 3o Tasting Wines of Chile e também uma belíssima Masterclass com o objetivo de elucidar mais um pouco sobre as novas subdivisões do vinho no Chile. Ouso dizer que no entanto, estas novas divisões saem mais como conjuntos maiores em relação as denominações já existentes. Tá, eu usei um termo comumente aplicado a aviação (conjunto maior), mas a idéia é que agruparam-se os vinhos em conjuntos de mesmas características e localização geográfica mais abrangente, não se limitando a vinhedos e denominações específicas (como Colchágua, por exemplo). O evento teve como palco o já comentado por aqui Hotel Unique, em São Paulo, e nem preciso dizer como o local é apropriado pra estes eventos. Além disso, o evento contou com organização da CH2A Comunicação em conjunto com a Wines of Chile.


A masterclass teve como guias Jorge Lucki, um dos maiores conhecedores de vinho no Brasil, e também Oscar Paéz, do escritório de comércio do Chile aqui no Brasil (o Chile é o maior exportador de vinhos para o Brasil). A idéia foi mais uma vez tentar desmistificar as novas divisões do vinho no Chile mostrando que para o consumidor, esta será uma maneira mais simples de encontrar um vinho chileno de seu agrado de acordo com a região a que este pertença, uma vez que cada um destes três grupos maiores possuem vinhos com características semelhantes entre si dentro de seu respectivo grupo. E digo mais uma vez por que a uma semana aproximadamente tivemos uma degustação virtual da Wines of Chile em conjunto com o Winebar cujo tema era este mesmo (relembrem aqui e aqui). Desta maneira irei apenas elencar alguns destaques pessoais da feira neste post, deixando a discussão das novas regiões para os posts anteriores.


Foram degustados 11 vinhos para a masterclass, divididos em alguns blocos, sendo 5 da subregião Andes, 3 da subregião Entre Cordilheiras e 3 da subregião Costa. Destes, meus destaques são: da região Costa o belíssimo Sauvignon Blanc Cipreses da Casa Marín, perfumado, intenso, fresco, enfim, um dos melhores da casta que já provei; da área Andes o Intriga Cabernet Sauvignon da Montgrass, classudo, opulento, clássico cabernet com um final longo e saboroso em boca e o já conhecido Finis Terrae da Cousiño Macul, complexidade, finesse em um vinho que vale conhecer; por último, da subdivisão Entre Cordilheiras eu fico com o Vertice da Viña Ventisquero, blend de Carmenére e Syrah com bastante complexidade e boa acidez, já pronto pra beber. Era a hora de irmos para o tasting propriamente dito.




Como o próprio título do post já propõe, eram 38 vinícolas trazendo muito vinho, muitas curiosidades e claro, muita qualidade que fica muito difícil provar e tratar sobre tudo aqui, entretanto existem alguns campeões já consagrados e algumas surpresas, ao menos para este que vos escreve.

Uma uva pouco falada por aqui mas tem entrado em cortes ou gerado vinhos varietais interessantes é a Carignan, que conduz o corte do grande Éclat, da Viña Valdivieso, um vinho opulento, saboroso, complexo e pronto pra beber. Outro vinho encorpado e musculoso, fazendo a linha mais oputlenta é o Pangea, 100% Syrah da Viña Ventisquero e que é um convite a cada taça. Já na linha um pouco menos encorpada e mais versátil surge o Pinot Herú, também da Ventisquero e que considerei um bom custo benefício. O que falar então dos grand crus da Caballo Loco, também da Viña Valdivieso? Os dois Maipo e Apalta, segundo o importador, são um projeto único para o Brasil e são extremamente elegantes, complexos e merecem a fama que os precedem. Da Viña San Pedro vem o impressionante e complexo Cabo de Hornos, grande blend guiado pela Cabernet Sauvignon que impressiona pela quantidade de aromas e pelo longo final que demonstra em taça. 



Agora se você é um seguidor da vitivinicultura orgânica, por que não provar os vinhos da Emiliana, como o Coyam, por exemplo? Este um blend de algumas uvas e seus aromas frutados, especiados e toda sua complexidade aliada a sua elegância trás muita vontade de repeteco pra sua taça. Da Santa Helena destaco o Vernus Pinot Noir e sua cor mais parecida com os borgonheses, sua sutilidade e elegância além é claro de um bom custo benefício. E pra finalizar quem sabe o Catalina, da Viña Santa Ema, muito estruturado, harmônico e intenso, pronto pra beber.


Evidentemente existem muitos outros vinhos, muitas outras surpresas e assuntos a serem tratados mas espero que possa ter mostrado um pouco do que foi e do que vi durante a feira. Fica também o registro de como os Carmenére chilenos evoluíram, foram domados e aprenderam a lidar com a complexidade que estes vinhos podem entregar. Fico feliz com a oportunidade de provar e conhecer tanta coisa, afinal só a litragem e estudo faz a gente conhecer um pouco sobre o assunto, certo?

Até o próximo!

Wednesday, August 14, 2013

Ainda sobre o Winebar do Chile: Ventisquero Pinot Noir Reserva 2012

Dando continuidade ainda com os vinhos que nos foram apresentados durante o Winebar cujo assunto era o Chile e suas novas denominações de origem (acontecido no último dia 07 de agosto) vamos agora falar sobre um dos vinhos que ainda não tinha provado desde então. Se trata do Ventisquero Pinot Noir Reserva 2012.


A Viña Ventisquero é uma velha conhecida do público brasileiro, seja pela grande variedade de vinhos disponíveis mas também por uma inegável qualidade associada a estes. A vinícola começou suas atividades em 2000 e desde então com o lançamento de cada novo vinho, vem se consolidando como um grande player no mercado. Hoje a vinícola possui vinhedos em todas as grandes regiões vitivinícolas do Chile: Maipo, Casablanca, Leyda e Colchágua. Se tratando do vinho de hoje, as uvas vem de uma região do Vale de Casablanca. 

A linha Reserva pode ser considerada a de entrada mas nem por isso se exime de ter muita qualidade e carácter. No nosso caso específico, um vinho feito com uvas 100% Pinot Noir, fermentado em tanques de inox com bastante contato com as cascas (por isso da cor mais intensa) e ainda envelhecido por 10 meses em barricas de carvalho (70% do vinho). Possui cerca de 13,5% de graduação alcoólica.

Na taça uma bonita cor rubi violácea de média intensidade, bom muito brilho e boa transparência apesar de ser um pouco mais intensa do que os Pinots mais tradicionais. 

No nariz aromas de frutos vermelhos frescos, toques florais, baunilha e um quê de mineral. Tudo muito equilibrado e elegante, sem tornar cansativo.

Na boca um vinho de corpo médio, acidez refrescante e taninos macios e suaves. Retrogosto confirma o olfato com fruta em abundância e lembrança de baunilha. Final de média para longa duração.

Um bom vinho, ótimo custo benefício e que pode ser considerado para o dia a dia por sua versatilidade. Acompanhou bem um frango c/ molho de tomate e milho. Eu recomendo.

Até o próximo!

Tuesday, August 13, 2013

Silver Oak Cabernet Sauvignon 2005: o vinho do dia dos pais

É claro que muito se comenta do quanto as datas comemorativas (dia das mães, dos pais, dos namorados, etc.) é realmente alguma coisa mais do que uma data criada para se estimular o consumo e o mercado muito mais do que uma homenagem aos envolvidos. Mesmo por, na minha opinião, meu pai é mais que meu herói, é meu espelho e exemplo de carácter, de atitude e de esmero pela família. Fez de tudo para criar a mim e a meu irmão da melhor maneira, deixando a maior de todas heranças incrustadas em nossa formação: a educação. E por isso todos os dias agradeço aos céus por ter tido a sorte de ser seu filho. E aproveitando que domingo era seu dia (ao menos no calendário oficial), resolvi pegar um vinho um pouco mais especial para acompanhar o almoço. O prato era costelinhas de porco ao molho barbecue (maravilhosamente executado em casa por meu pai e minha mãe), acompanhado de batatas assadas, arroz com pinhão e salada, um verdadeiro banquete. E o vinho escolhido foi o Silver Oak Cabernet Sauvignon 2005.


A Silver Oak Cellars está localizada no Alexander Valley, na Califórnia e por mais de 40 anos vem perseguindo a produção dos maiores e melhores Cabernets da região. Seus vinhos normalmente são envelhecidos de tal maneira que ao serem liberados ao mercado, já se encontram prontos para serem degustados mas ao mesmo tempo possuem boa estrutura para envelhecerem de maneira incrível. É considerado um cult lá nos EUA e por muitos amantes em geral do vinho. Recebeu diversas notas acima dos 90 pontos pelo crítico Robert Parker. Sobre o vinho é um 100% Cabernet Sauvignon que passa mais de 20 meses em barricas e mais de 12 meses em garrafa antes de ser liberado ao mercado. Vamos as impressões.

Na taça o vinho apresentou um bonita cor rubi violácea com tons atijolados nas bordas. Lágrimas finas, abundantes, ligeiramente coloridas e de velocidade moderada complementavam o conjunto visual.

No nariz o vinho se mostrou deveras complexo, abrindo com frutos escuros maduros, chocolate amargo, pimenta, toques de canela e mentol e ligeiro tostado ao fundo. Os aromas se alternavam na taça e a cada "fungada" uma nova descoberta. Que perfume!!

Na boca o vinho se mostrou encorpado, com acidez ainda viva e taninos macios, sedosos, um veludo! Este conjunto harmônico precedia um retrogosto que confirma o olfato com frutos escuros, chocolate amargo,  mentol e especiarias. Final de longuíssima duração. Um deleite.

Mais um baita vinho apresentado pela Smart Buy Wines que custou cerca de 200 dinheiros através de seu clube de compras. Valeu o quanto custa e harmonizou lindamente com a comida, com o dia, com a alegria do momento...

Até o próximo!

Friday, August 9, 2013

Winebar: Novas subdenominações no Chile com apoio da Wines of Chile Parte 2

Agora, os vinhos!

Depois de termos comentado um pouco sobre as iniciativas do Chile em facilitar e tornar palatável uma parte dos seus terroirs e o que esperar de cada vinho oriundos destas regiões, chega a hora de comentar um pouco sobre os vinhos degustados. Devido ao curto espaço de tempo entre a entrega dos vinhos e o evento em si, vou apenas comentar sobre os vinhos que tive oportunidade de degustar, deixando para outro post os vinhos que ainda não consegui provar.

Primeiro quero falar sobre um vinho que mais me chamou a atenção: o Espumante Santa Digna Estelado Rosé, da Miguel Torres. Este é um exemplar curioso, produzido por um braço da gigante produtora espanhola em terras chilenas pelo método tradicional (segunda fermentação em garrafa) e feito a partir da casta País, tipo de uva plantada mais antiga de que se tem notícia no Chile, e que pouco é falada e utilizada em vinhos que chegam aqui no Brasil. Tem uma coloração rosada bem clara (casca de cebola) com uma perlage fina e bem persistente. Apresentou aromas de frutos cítricos e vermelhos, bem como toques de panificação. Em boca é fresco, delicado e forma um bom colchão de borbulhas. Confirma o olfato com muita fruta. Deliciosamente refrescante, acompanha entradas e pratos mais leves, mas vale ser bebido sozinho mesmo, num bom bate papo e coisa e tal. Foi meu escolhido pra acompanhar um suflê de couve flor com frango assado. Ficou divino!


Depois passamos a um best seller de todos os tempos, talvez um dos melhores vinhos que eu já provei. Gosto muito dele. Estou falando do Terrunyo Carmenére, da gigante Concha Y Toro. Segundo a Michele, presente no evento, a linha Terrunyo foi por algum tempo a linha topo de gama da vinícola e até por isso, apresenta essa consistência e qualidade sempre. É fruto de um corte de 85% de uvas Carmenére com 12% de uvas Cabernet Sauvignon e mais 1% de Cabernet Franc e 2% de Petit Verdot colhidas do bloco 27 no vinhedo denominado Peumo no Vale do Rapel e passa por 19 meses em carvalho francês (70% novo). Na taça uma bonita cor violácea. Lágrimas finas, ligeiramente demoradas e coloridas tingiam as paredes da taça. No nariz o vinho abriu com aromas que misturavam frutas vermelhas e frutas escuras, especiarias (pimenta em destaque) e toques de chocolate. Depois de um tempo em taça um ligeiro tostado também podia ser notado. Na boca o vinho se mostrou muito encorpado, taninos presentes, marcados mas de muita qualidade e boa acidez. Retrogosto confirma o nariz com frutas e especiarias. Ligeiro toque mineral ao fundo. Final de longa duração. Sem dúvida um grande vinho!


E por último, dos que tive oportunidade de degustar, surge o Pérez Cruz Reserva Cabernet Sauvignon, feito no Vale do Maipo numa composição de 95% de uvas Cabernet Sauvignon seguidos de 3% de uvas Syrah e 2% de uvas Carmenére. No nariz muita fruta vermelha, especiarias, baunilha, leve herbáceo e toques mentolados. Já em boca um vinho de corpo médio com uma boa acidez e taninos ainda bem vivos e marcantes. Confirma o olfato e tem final de média para longa duração. Outro vinho muito interessante e que eu gosto muito, sem dúvida! Fico em dívida, pois esqueci de tirar a foto deste!

Mais um grande Winebar, que contou com grandes vinhos, muita informação e diversão. Ainda não provei dois dos cinco vinhos (o que pretendo fazer logo) mas assim que o fizer, minhas impressões estarão por aqui. Fiquem de olho!

Até o próximo!

Thursday, August 8, 2013

Winebar: Novas subdenominações no Chile com apoio da Wines of Chile Parte 1

Na noite de ontem (07/08) tivemos um Winebar muito interessante, pois apresentou muitas informações novas (ao menos pra mim). Com o apoio do pessoal da Wines of Chile e com as ilustres presenças de Nicolas Farias (Brand Ambassador da Vinã Ventisquero no Brasil), Michele Ressutti Carvalho (Brand Manager da VCT Brasil - Concha Y Toro) e o enólogo da Viña Miguel Torres, Horácio Fuentes, Daniel Perches (publicitário e Wine blogger) comandou uma verdadeira aula de geografia do vinho no Chile. O intuito deste Winebar foi apresentar ao consumidor e aos formadores de opinião um pouco mais do que o Chile está fazendo em termos de facilitação do entendimento do consumidor final em relação a comos os vinhos estão agrupados por região, suas principais características e como o clima, relevo e o meio ambiente influem no produto final, o vinho.


O Chile enquanto país tem características muito interessantes: apesar de não possuir larga extensão territorial longitudinal, é muito comprido, cortando várias latitudes neste espaço. Além disso, sua proximidade do oceano em sua vasta costa e a proteção que os Andes lhe proporciona cria ambientes únicos para a produção vitivinícola. Levando em conta tais características, a Wines of Chile apresenta em primeira mão uma nova maneira de enxergar o país em relação a sua produção vinícola, tornando tal apresentação mais fácil e didática para que qualquer pessoa possa entende-la sem a necessidade de conhecer muito a respeito de vinhos. Imaginem agora que o Chile fora cortado em 3 partes iguais na direção longitudinal, saindo do oceano e encontrando a cadeia montanhosa do Andes do outro lado. A partir dai nascem as subdenominações Costa, Entre Cordilheiras e Andes. Vamos falar um pouco sobre cada uma.

Costa: recebe a influência direta das correntes marítimas vindas do Oceano Pacífico e portanto, tem um clima mais frio o que faz com que a maturação das uvas se dê de forma mais lenta. Acaba por aportar mais acidez e frescor aos vinhos. Área notadamente utilizada para vinhos brancos a base de Sauvignon Blanc, espumantes e alguns tintos a base de Pinot Noir. Seus representantes no Winebar de ontem eram: Ventisquero Reserva Pinot Noir, Concha y Toro Terrunyo Sauvignon Blanc & Miguel Torres Santa Digna Estelado Rose;

Entre Cordilheiras: é provavelmente a zona vitivinícola mais antiga do Chile e está num ponto médio entre o oceano e as montanhas andinas recebendo influência de ambos e originando vinhos mais equilibrados. Seu representante na noite de ontem era o Concha y Toro Terrunyo Carmenere;

Andes: como o próprio nome já denuncia, é a região vitivinícola que está mais próxima a Cordilheira do Andes, cadeia montanhosa de maior extensão no mundo. O clima é altamente influenciado pela corrente Humbolt e pelas montanhas que criam uma barreira natural para o deslocamento de nuvens, diminuindo consideravelmente a ocorrência de chuvas na região. Aqui os produtores fazem o uso do controle de temperatura pela posição dos vinhedos e por sua altura (insolação e amplitudes térmicas). Uma curiosidade é que ontem durante o Winebar fora discutido que em função destas características, é uma região que pode abrigar facilmente cultivos biodinâmicos de uvas. Seu representante na noite de ontem era o Perez Cruz Reserva Cabernet Sauvignon.

Vocês devem estar se perguntando: mas e os vinhos, você não vai comentar sobre eles? A resposta é simples: sim, mas é claro que vou. Mas resolvi dividir este post em dois para facilitar a leitura e não tornar isto um exercício massante. Portanto, não percam a parte 2 onde irei colocar um pouco de minha opinião a cerca dos vinhos degustados.

Até lá!

Wednesday, August 7, 2013

Montalcino, seus vinhos incríveis e suas belas paisagens

Pouco se passava das duas horas da tarde quando ao final de uma estrada sinuosa, com muitos sobes e desces incrivelmente margeada por muito verde, muitos vinhedos e um intenso clima de paz, que chegávamos a comuna de Montalcino, no alto de mais uma colina. Seus altos muros escondiam mais uma cidadela com vielas estreitas, alguns quase labirintos, fachadas de pedra. Assim como o período medieval exigia e se moldava. Como trafegar de carro dentro dos muros históricos da cidade também era proibido (aliás, uma constante em nossa viagem à Itália) fomos primeiro ao hotel pra depois nos deliciarmos com a cidadela. O hotel escolhido era o Hotel Dei Capitani.

Vista do quarto do Hotel Dei Capitani

Vista do restaurante do hotel durante o café da manhã


Chegando ao hotel a primeira (de muitas) agradáveis surpresas desta passagem por Montalcino. O hotel era incrivelmente bem localizado e próximo a todos os pontos e atrações principais que a cidadela nos reservava. Um aviso aos incautos: esteja preparado também para caminhar muito, pois o mais gostoso da região é conhecer as cidadelas a pé. Malas no quarto, tênis nos pés, partimos rumo a mais uma aventura com direito a muita caminhada, muito vinho e vistas de cair o chapéu. A cidade se mostrava a cada ruela que adentrávamos, com muitas casas em tons de areia e seus telhados em terracota. Além disso, existiam muita ladeiras que testavam nosso preparo físico. Montalcino é outro lugar pitoresco, que parece um set de filmagem a cada esquina, com direito a uma grande fortaleza, um antigo mosteiro, uma praça com um palácio e muitas outras atrações. Mas como os vinhos são a estrela maior deste blog, o primeiro contato com os preciosos líquidos de Baco desta famosa região vinícola se deu logo. As ruas são apinhadas de enotecas e de pequenas lojas que também contam com degustações de vinhos e iguarias da região.

Ladeiras e...

..mais ladeiras

Um breve parêntese. Montalcino é a terra de, na minha opinião, os melhores vinhos da região da Toscana (os famosos Brunellos e Rossos di Montalcino). É aqui que crescem as uvas Sangiovese Grosso, variedade genética da Sangiovese e que dá origem a vinhos incrivelmente elegantes e musculosos, harmônicos e extremamente gastronômicos.

Nós e a Enoteca La Fortezza ao fundo

Vista do interior da Fortezza

Voltando a nossa viagem, o primeiro contato com os vinhos da região se deu em uma enoteca chamada "Enoteca la Fortezza di Montalcino", como o próprio nome já diz uma fortaleza medieval que foi transformada em enoteca e que além de contar com uma seleção impressionante de vinhos (tanto em garrafas como para se tomar em taças com algumas máquinas enomatic) tem uma vista privilegiada da cidade em seus altos muros. Adentrando o local confesso que fiquei até intimidado dado a quantidade de vinhos no local, mesmo nas enomatics. Entretanto, resolvi realizar uma extravagancia: provar um Brunello di Montalcino Biondi Santi 2005. E que vinho! Elegante, com couro, frutas escuras, florais, toques terrosos e de especiarias, tudo muito harmônico formando um ótimo conjunto aromático. Belo corpo e acidez bem viva com taninos presentes mas muito redondos e sedosos. Um deleite.

Na Fortezza, provando o meu Biondi Santi (foto cortesia de minha esposa)
Mas pra quem achava que tudo se encaminhava para nenhuma surpresa adicional nesta passagem por Montalcino, chegava a hora de procurarmos um bom restaurante pra jantarmos. Depois de pesquisar um pouco aqui e acolá decidimos pela "Taverna del Grappolo Blu" onde não imaginávamos que faríamos uma de nossas melhores (senão a melhor) refeição na Itália. O local era aconchegante e pequeno, poucas mesas com um atendimento quase personalizado. Um menu enxuto contrastava com uma lista imensa de vinhos, maior do que muito romance por ai! Segundo vários locais que frequentamos por aqui, era época de trufas, então tentamos provar a maioria dos pratos com molhos que tinham a iguaria em sua composição. E foi aqui que um pappardelle ao molho porcini com trufas nos conquistou. Além disso, um belo Rosso di Montalcino acompanhou a refeição que teve ainda um vin santo pra fechar a noite. Tudo incrivelmente delicioso. Extasiados e cansados, retornamos ao hotel para mais uma noite de sono para continuarmos nossa viagem rumo a Siena. Mas isso é assunto pra outro post.

"Pequena" carta de vinhos

O escolhido da noite

Trufas pra que te quero


Até o próximo!

Tuesday, August 6, 2013

A Toscana que eu conheci através de vinhos e suas cidades míticas: Montepulciano

Como alguns aqui já devem saber, no último mês de abril estive em lua de mel na Itália, mais precisamente saindo de Roma e passando por algumas cidades da região da Toscana, famosa por suas paisagens rurais e medievais, gastronomia e vinhos. Desde então eu fiquei de postar aqui algumas dicas e impressões sobre esta viagem. Confesso que com o tempo, esta tarefa se tornou mais difícil do que eu pensava. Não que a viagem tenha sido ruim, muito pelo contrário, foi a viagem mais inesquecível que já fiz até hoje, o problema é que traduzi-la em palavras se tornou algo maior do que eu consegui fazer até agora. Tem me faltado palavras e idéias de como organizar minhas aventuras por aqui. Hoje será uma tentativa, um pouco diferente do que eu havia pensado, pra dividir com vocês um pouco do que vivi naqueles 10 dias maravilhosos. Espero que aprovem.

Visual deslumbrante da estrada

A Toscana fica localizada na região centro-sul da Itália e abrange uma vasta gama de comunas e cidades. Pode-se dizer que sua capital, no entanto, é a mítica cidade de Florença. Começamos nossa viagem com direção a Toscana bem cedo saindo de Roma, e sem dúvida nenhuma, adentrando a estrada já foi possível imaginar o que nos esperava. Paisagens incríveis, estradas cercadas de vinhedos e um clima deslumbrante. Tudo isso e era só o começo. 

Queijo Pecorino, iguaria da região,maturado em cinzas

Degustações em cada portinha

Desembarcamos em nosso primeiro destino, Motepulciano, e já ficamos deslumbrados. A cidade se encontra no topo de uma montanha e é uma das mais altas da Itália. Era necessário estacionar o carro fora da cidade histórica, uma vez que o trânsito de veículos no interior de seus muros é vetado. Caminhando por suas vielas de fachadas irregulares nos sentimos em um set de filmagem, aguardávamos ansiosamente os gritos de "gravando" e "corta". Em cada portinha, era possível encontrar degustações de queijos, embutidos, azeites e vinhos oriundos da região. Aliás, lá o vinho mais conhecido é o tinto "Nobile di Montepulciano", produzido a partir de uvas Sangiovese na região. Lugares para se comer não faltam, então optamos por um almocinho mais básico e tranquilo a base de brusquetas, mussarela de búfala e presunto de parma. O local escolhido foi o restaurante "..E Lucevan le Stelle" , restaurante parte do complexo do hotel "Locanda San Francesco". O local é agradável e tranquilo, com um deck que possui vista para as cadeias de montanhas e muito verde típico da região. Sofás confortáveis e aquela sensação de pique-nique que contagiam. Tudo deliciosamente harmonizado a taças de Nobile di Montepulciano, é claro. Reserva, de preferência. 

Almocinho básico em Montepulciano
Adentrávamos os primeiros minutos da tarde deste dia, e era hora de partirmos rumo a nosso próximo destino, onde iríamos inclusive passar a noite. E este destino era Montalcino. Mas isso fica pro próximo capítulo de nossa saga. Continuem nos acompanhando. 

Até o próximo!