Friday, September 26, 2014

Masterclass Vinhos do Alentejo: A Arte do Corte

No último dia 15 de Setembro aconteceu no Hotel InterContinental São Paulo a Masterclass ‘A Arte do Corte’, conduzida pelo crítico de vinhos português Rui Falcão através da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana. O evento foi organizado pela Essência do Vinho e integra a programação do Tasting anual da CVR Alentejana, que aconteceu no mesmo dia. A assessoria de imprensa ficou a cargo da sempre competente Alessandra Battochio Casolato através da CH2A Comunicação, mestre no quesito. Na prova, Rui Falcão falou sobre como o Alentejo tem conseguido combinar diferentes variedades de uvas alcançando vinhos que são um conjunto superior à soma das partes. Complicado né? Vamos ver a seguir se consigo simplificar um pouco o que aconteceu por lá.


Primeiro é preciso dizer que, se você um dia tiver a oportunidade de visitar Portugal (eu ainda não tive, mas vou ter) nunca diga que você quer um vinho de corte. Eles não vão entender! Afinal quase tudo que se faz por lá é a mistura de mais de uma uva. E mais, lá se você quiser realmente conversar sobre o assunto, fale em vinho de "lote". Enfim, particularidades da língua. E foi mais ou menos assim que Rui começou a aula, ou melhor, o show.


Mas a pergunta que começou a povoar a cabeça dos presentes (mentira, começou a povoar a minha cabeça) era o por que do uso quase que integral de cortes dos vinhos ao invés de se pensar em vinhos varietais. E Portugal, através de Rui Falcão, justificou: pluralidade de uvas autóctones, complementação de uma uva com a outra (características distintas), preferência pura e simples entre outros motivos. O mistério começava a se desfazer. 


Antes porém é preciso ressaltar que o Alentejo é uma das regiões mais consumidas no mundo. Some-se a isso o fato de se produzir vinho por lá a milhares de anos e as recentes inovações tecnológicas que por lá se empregaram para termos uma região muito interessante para se provar. E nada melhor do que provar vinhos e tentar entender o que acontece por lá. De brancos a tintos, muita coisa boa passou pelas taças. Vamos aos astros principais:


Adega de Borba Tinto 2012: corte de Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet com uma cor bastante escura e vibrente, frutos escuros, caramelo e toques florais no nariz. Na boca tem um corpo médio, boa acidez e taninos marcados. Final de médio para longo;

Cortes de Cima Tinto 2011: aqui já entram uvas internacionais como Petit Verdot e Syrah com as tradicionais Touriga Nacional e Aragonês. Violáceo de grande intensidade, fruta, flor, especiarias e tostado no nariz e confirmado no paladar. Taninos marcados, bom corpo e acidez na medida;

Esporão Reserva Branco 2013: feito a partir das castas Arinto, Antão Vaz, Roupeiro e Semillon, este branco tinha coloração amarelo palha bem clarinha e brilhante, aromas de maracujá, lichia, coco e tostado. A acidez era marcada com um corpo médio e um final de média duração;

Vila Santa Reserva Branco 2012: este tem em sua composição Arinto, Alvarinho e Sauvignon Blanc. Mostra alguma evolução para um amarelo dourado com toques herbáceos, de abacaxi e maracujá no nariz. Na boca é untuoso, mineral e fresco com um final de longa duração;

Tinto da Talha Grande Escolha Tinto 2009: talvez um dos melhores, senão o melhor da noite, feito com um corte simples Alicante Bouschet/Touriga Nacional já apresentava traços evolutivos granada com muita complexidade aromática: fumo, fruta, floral, medicinal e toques terrosos. Na boca mostrou corpo e acidez invejáveis com taninos bem marcados e um final longo e delicioso;

Dona Maria Reserva Tinto 2008: corte de Alicante Bouschet, Syrah e Petit Verdot trazendo aromas frutas, balsâmico e toques animais. Guloso e encorpado na boca, com taninos macios e uma boa acidez. Um vinho mastigável e delicioso;

Paulo Laureano Premium 2012: famoso bigode do mundo do vinho, seu vinho é um corte de Alicante Bouschet, Trincadeira e Aragonês de coloração violácea escura e sem transparência, com muita fruta e especiaria em primeiro plano. Encorpado, taninos marcados e de boa acidez.

E foi assim que essa intrigante região vinícola, eleita como umas das melhores do mundo para se visitar por uma publicação americana, se apresentou neste dia. Muita diversidade, muitas uvas e muito vinho bom.

Até o próximo!

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