Sunday, January 8, 2012

Miolo Seleção Cabernet/Merlot 2009

É com grande satisfação o que eu vou dizer nas palavras a seguir: os vinhos nacionais estão realmente subindo de patamar. E isto, vindo de um cético como eu, é de se considerar. Vejam, eu sempre disse por aqui que não acreditava muito nos vinhos nacionais, em grande parte pelos preços por eles praticados. Mas atualmente eu tenho aprendido muito e degustado algumas boas opções de vinhos nacionais em diversas faixas de preço e me surpreendido, na maioria das vezes positivamente, em relação a qualidade dos vinhos. Acho que agora podemos falar em competição com alguns outros mercados, como o argentino, chileno e sul africano, para começarmos. Os de velho mundo eu ainda acho que só em linhas mais top conseguimos alguma competição, mas estamos no caminho certo. Isto é uma opinião pessoal, é claro, mas se quiserem discordar, por favor comentem e troquemos idéias por aqui, vocês são mais do que bem vindos.

Mas toda esta introdução foi para descrever a experiência que eu tive ontem com o vinho alvo deste post em uma pizzaria sem muitas opções em sua "carta de vinhos". Eu nem estava com muita esperança, mas como já tinha ouvido falar muito bem deste vinho, resolvi apostar. E me dei muito bem. O vinho serviu bem de escolta para as fatias de pizza que vinham na sequência do rodízio.Pesquisei um pouco no site da vinícola Miolo mas não encontrei em que proporção as uvas cabernet sauvignon e merlot entram no corte, uvas estas provenientes  do terroir da Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul no projeto intitulado Seival Estate. Este pode ser considerado o vinho de frente da vinícola, mas mesmo assim 10% do mesmo permanece por um ano em carvalho para afinamento. Vamos as impressões.


Na taça o vinho mostrou cor rubi violácea com algum brilho e certa transparência. Lágrimas finas, abundantes, rápidas e ligeiramente coloridas ajudavam a tingir um pouco mais as paredes da taça.

No nariz o vinho tinha aromas de frutas vermelhas frescas, leve floral e alguma lembrança de baunilha. Tudo bem integrado e agradável.

Na boca o vinho tinha um corpo de leve para médio, boa acidez e taninos finos, macios e bem integrados com o restante do vinho. Trazia na boca bastante fruto e algo de baunilha. Final de curta para média persistência. 

Uma boa opção de vinho para o dia a dia, sem defeitos e que pode agradar até quem não é um grande apreciador de vinhos. Eu recomendo.

Até o próximo!

Thursday, January 5, 2012

Alta Vista Premium Malbec 2009

Sabe aqueles dias que depois de tudo que você já fez, sente aquele pequeno tédio e a vontade de somente relaxar, tomar um vinho e relaxar? Pois foi nessa toada que este malbec argentino apareceu em minha vida. Estava eu, após um dia de trabalho, academia, notícias, sentado em minha cama pensando na vida quando me bateu uma vontade de tomar um vinho e coincidentemente não tinha nenhuma garrafa comigo. Resolvi ir até um local perto de casa que tem algumas coisas razoáveis a preços razoáveis para pegar algo. Chegando lá resolvi que iria escolher obviamente um vinho que ainda não havia provado, o que me deixou com algumas opções ilustremente desconhecidas. E ai optei pelo Alta Vista Premium, o que se mostraria mais tarde uma excelente opção e descoberta.

A Bodega Alta Vista é de uma família francesa que se estabeleceu em Mendoza em 1998, plantando as uvas ícones argentinas, Torrontes e Malbec, e desde então vem colhendo os frutos de todo seu empenho com vinhos de reconhecida qualidade, desde as suas linhas de entrada. O vinho é feito com uvas 100% malbec provenientes dos vinhedos de Mendoza e passam por afinamento de 12 meses em carvalho francês e americano. Vamos as impressões.


Na taça o vinho tinha uma cor violácea muito profunda, quase negra, que em conjunto com suas lágrimas extremamente coloridas tingiam as paredes da taça de uma maneira impressionante. A expectativa é de um vinho com muita potência, muita juventude, como a maioria dos malbec argentinos tem se mostrado.

No nariz o vinho demonstrou uma boa complexidade aromática, começando com frutos vermelhos frescos (morango/cereja) passando por café torrado, caramelo, um pouco de couro e carne defumada e leve toque de especiarias. O vinho mudava muito a cada instante na taça, o que eu achei interessante tendo em vista que o vinho não é nenhum topo de gama.

Na boca o vinho perde um pouco desta potência toda demonstrada até aqui, mas tinha corpo médio, boa acidez e taninos finos mas presentes e em boa quantidade. Trazia no retrogosto muita fruta e alguma coisa de chocolate. Final de média duração. 

Um vinho que me surpreendeu positivamente, pois eu não nutria quaisquer expectativas sobre ele. Não tem defeitos e apresenta boa relação custo benefício. Sinceramente, um vinho para se ter na adega e para beber no dia a dia. Eu recomendo!

Até o próximo!

Wednesday, January 4, 2012

Retrospectiva 2011 - Parte II - Final

Continuando com nossa retrospectiva, principalmente nos assuntos voltados ao blog e seu foco, o que será que o segundo semestre nos reservou?

Julho: a principal conquista aqui foi ter me formado no curso de sommellerie, tendo a oportunidade não somente de desfrutar de muito conhecimento e informação com pessoas tão singulares com as quais tenho tentado manter o contato vivo até hoje e mais do que isso, ter tido a oportunidade de aprender junto de uma das mais renomadas sommelières do país, a Alexandra Corvo. Além disso, uma marca impressionante para o blog, que rapidamente atingira a marca de 10 mil acessos em 11 meses (uma marca muito boa pra mim) e que fez com que eu me empenhasse ainda mais para que o blog conseguisse angariar novos leitores. Estes assuntos foram retratados no post "Motivos para Comemorar". No tocante a vinhos, um bom exemplo de custo benefício vindo da Nova Zelândia (relembrem aqui o Yealands Way Sauvignon Blanc).

Agosto: este foi um mês bem agitado o que fez com que eu conseguisse gerar muitos posts interessantes pro blog. A primeira coisa que eu achei interessante foi minha primeira experiência, altamente positiva diga-se de passagem, com compras coletivas para jantares em restaurantes (relembrem meu jantar no iBistrot aqui). Depois disso, tiveram alguns bons eventos que participei mas um em especial sempre foi meu favorito, uma vez que já havia comparecido em outras edições (relembrem o Encontro de Vinhos aqui). Tiveram muitos bons vinhos, mas para não tornar o mês uma compilação de posts escolhi um argentino de peso para esta retrospectiva (relembrem o Zuccardi Q Cabernet Sauvignon aqui). Eu ainda convidaria você que não acompanhou de perto o blog na época a dar uma revisitada nos posts, eu acho que você irá encontrar postagens que possam te interessar.

Setembro: o mês em questão também foi deveras agitado. Como eu havia comentado na seção de julho, tenho tentado manter contato com o pessoal que se formou comigo no curso de sommellerie e uma das maneiras que encontramos para tal foi a criação de uma confraria com alguns dos alunos, sendo que em setembro tivemos a primeira reunião do grupo (relembrem a inauguração da Confraria do Meio aqui). Outro evento de que sou muito fã deu início em Sampa nesta época, o Restaurant Week, e eu tentei visitar alguns restaurantes durante este evento e postei minhas impressões no blog (relembrem aqui minha visita a Cantina La Grassa). Quando o assunto é vinho, desta vez eu pude provar meu primeiro Barolo, o vinho dos reis e o rei dos vinhos (relembrem  o Beni di Batasiolo Barolo aqui).

Outubro: Apesar de não parecer, este foi um mês mais do que agitado, eu diria deveras especial, pois foi aqui que um grande acontecimento em minha vida pessoal aconteceu: meu irmão casou e eu fui padrinho dele (relembrem minha singela homenagem aqui). Foi neste mês também que eu tomei conhecimento de um serviço inovador de reservas em restaurantes on line, o Gourmeo, e eu resolvi testa-lo postando no blog minhas primeiras impressões (relembrem aqui). Foi um mês também de grande vinhos e foi difícil separar um único, mas resolvi trazer um belo exemplar francês da região de chateauneuf du pape nesta retrospectiva (relembrem o Laurus Châteauneuf du Pape aqui).

Novembro: este mês trouxe pra mim um oportunidade incrível: eu fiz uma viagem ao Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, onde pude visitar várias vinícolas nacionais e tomar conhecimento de que nossa vitivinicultura está em franca evolução e nos reserva boas surpresas. Para a retrospectiva, eu trouxe uma das minhas visitas a vinícolas que mais me satisfez em termos de conhecimentos (relembrem minha visita a Vinícola Angheben aqui). Aqui também pude ir mais uma vez a mais um de meus eventos favoritos, a Expo São Roque (relembrem aqui). Para finalizar, com relação a vinhos, um dos que eu trouxe de minha viagem ao Uruguai foi a escolha (relembrem o Alto de La Ballena Tannat Viognier aqui).

Dezembro: com a correria do final de ano, fechando últimos problemas no trabalho e as festas se aproximando, dezembro é sempre um mês especial. Foi aqui que eu comecei a frequentar as degustações as cegas dirigidas pelo Beto Duarte, do Papo de Vinho, que farão parte de um guia editado por ele e tive a oportunidade de, além de degustar muitos bons vinhos, conhecer muitas pessoas do mundo enoblogueiro e trocar muitas idéias (relembrem aqui meu primeiro post sobre o assunto). Além disso, eu não citei anteriormente, mas em alguma parte deste ano eu comecei também a frequentar uma outra confraria, a Pane Vinum Et Caseus, da onde vem o vinho do mês que apesar de ter sido degustado em novembro, só entrou no blog em dezembro (relembrem aqui o Fragulho Douro). Pra finalizar a retrospectiva, um fato que eu considero também relevante é que apesar de uma primeira experiência ruim com o serviço do Gourmeo, tive motivos para voltar atrás e indicar o serviço, o que eu expliquei aqui o por que.

Espero ter trazido o que de mais interessante o blog nos brindou neste ano, mas caso eu tenha deixado algo de fora, é por um bom motivo ou simplesmente por que em respeito a você leitor, não quis tornar esta retrospectiva cansativa ou sem graça. Eu realmente espero que vocês tenham gostado e que neste 2012 que se abre na nossa frente vocês possam continuar acompanhando o blog e me dando a força necessária para que o blog continue desta maneira e evolua sempre! Deixo aqui o meu muito obrigado!

Até o próximo!

Tuesday, January 3, 2012

Retrospectiva 2011 - Parte I

Bom, depois de muito pensar e relutar a idéia de fazer uma retrospectiva do ano de 2011, resolvi que era hora de contar um pouco do que de melhor aconteceu comigo este ano e do que eu produzi para este humilde blog. Vou tentar separar um pouco por mês a fim de tentar não esquecer algum fato positivo. E também na medida do possível, separar um ou dois posts por mês. Espero que vocês, meus poucos mas fiéis leitores, apreciem a leitura.

Janeiro: o ano começou de maneira lenta mas eu consolidava a idéia de dividir com vocês minhas impressões, meu aprendizado e tudo que eu lia, ouvia e degustava com relação a vinhos. Foi uma decisão difícil e ousada pois eu já tinha uma idéia do oceano de blogs (bons) a respeito de vinhos. Foi nesta época também que comecei a escrever sobre minhas experiências gastronômicas no blog. No quesito vinhos, acho que o mais interessante foi ter provado um Beaujolais Nouveau de um bom produtor (relembrem o Beaujolais Nouveau Joseph Drouhin 2010 aqui).

Fevereiro: aqui as coisas começaram a mudar. Foi quando eu comecei meu curso de sommellerie para além de ampliar meus horizontes, poder falar com um pouco mais de propriedade sobre os vinhos que eu escolhia e degustava. Afinal de contas, é necessário um mínimo de credibilidade e conhecimento se você quer começar a se embrenhar em um novo "mercado". Além disso, neste mês eu acompanhei a despedida do esporte de um de meus maiores ídolos, Ronaldo Fenômeno (relembrem aqui). No tocante aos vinhos acho que o mais interessante foi um Bordeaux que eu provei, talvez o primeiro com alguma qualidade (relembrem o Chateau Piron 2004 aqui).

Março: foi neste mês que comecei também a ter mais contato com pessoas do mundo enoblogueiro e vitivinícola, tendo a oportunidade até de participar de uma degustação interessante de apresentação de uma vinícola chilena em uma grande loja de vinhos em sampa (relembrem a Apresentação da Vinícola Pérez Cruz na Loja Pérez Cruz aqui). No quesito vinhos, nenhum grande vinho mas um destaque pela relação custo benefício de um bom brasileirinho (relembrem o Milantino Ancelotta Reserva 2005 aqui).

Abril: mês de aniversário é sempre interessante e acaba por nos reservar ao menos boas companhias, pequenas comemorações e coisas do gênero, não é verdade? Pois bem, um ano antes, mesmo sem conhecer direito sobre vinhos, eu tinha uma ambição: degustar um Brunello de Montalcino. E foi em 2010 que eu ganhei um dinheiro de presente de meus pais e resolvi comprar um representante destes vinhos, de boa qualidade e que pudesse me saciar tal vontade. E foi justamente em 2011 que eu viria a degustá-lo (relembrem o Brunello de Montalcino Camigliano 2003 aqui). Aqui neste mês eu também comecei a acompanhar outras mídias relacionadas a vinhos e pude assistir um filme interessantíssimo sobre o grande julgamento de Paris (relembrem o filme Bottle Shock aqui). Não foi exatamente neste mês que me associei a um clube de vinhos, mas foi aqui que eu degustei um de meus primeiros bons vinhos californianos, que viera em uma das remessas deste clube de vinhos (relembrem o Educated Guess Cabernet Sauvignon 2006 aqui). E pra fechar com chave de ouro, foi em abril que eu fiz minha viagem de férias para um lugar animal: Punta Del Este, no Uruguai, tendo a oportunidade de conhecer bons restaurantes, curtir uma boa piscina, descansar e claro, tomar bons vinhos tendo inclusive visitado uma vinícola boutique que se encontrava por lá. Os posts sobre esta viagem foram feitos todos em maio, quando retornei da viagem.

Maio: foi um mês em que eu consegui aumentar o ritmo de postagem do blog e comecei a colher tais frutos, com aumento no número de visitantes porém sem maiores agitos. Os posts da viagem foram colocados no ar, mas o que mais me chamou a atenção foi a oportunidade de provar um vinho grego retsina, que tem um curioso processo de fabricação, e que obviamente me ajudou a expandir ainda mais meu conhecimento e meu paladar (relembre aqui).

Junho: estávamos chegando ao meio do ano e com este, as festas juninas. E foi neste ano que eu tive a oportunidade de participar de um evento gastronômico diferente, que misturava ingredientes típicos das festas com vinhos, e que eu considero como um dos melhores eventos do gênero que eu participei (relembrem o Gourmetizando II aqui). No quesito vinho pura e simplesmente, tenho um destaque da minha importadora favorita, a Cave Jado e seus vinhos franceses acessíveis (relembrem o Chateau Du Donjon Grande Tradition 2008
 aqui).

Para evitar que o post se estenda demais, vou parar aqui e deixar pro próximo post os detalhes dos meses de julho em diante. Espero que estejam gostando e em caso negativo, deixem os comentários com suas sugestões. Continuem nos acompanhando!

Até o próximo!

Monday, January 2, 2012

Palácio da Bacalhôa 2007

Nada como começar bem um ano novo, não é verdade? Eu ainda nem parei pra fazer uma retrospectiva do blog ainda, mas pretendo faze-lo ao longo desta primeira semana do ano. É que eu acho que isto deve ser feito com calma, de forma bem pensada e não somente por quer o ano acabou. Mas voltando ao tema deste post, resolvi que deveria começar o ano em grande estilo e já que o almoço seria igualmente em grande estilo, com direito a paleta de cordeiro, salpicão e batatas assadas com parmesão, o vinho não poderia decepcionar. E eu escolhi um vinho que já estava a algum tempo em minha adega e que sempre dava uma piscadinha pra mim mas que eu vinha guardando para uma ocasião como esta, que é o Palácio da Bacalhoa, um grande vinho português feito por uma das mais conceituadas vinícolas de Portugal, a Bacalhôa Vinhos de Portugal.  A vinícola existe desde 1922 mas ganhou um grande impulso com a parceria com o Grupo Francês Lafitte Rothschild e a aquisição de propriedades como a Quinta do Carmo, por exemplo. O Grupo Bacalhôa possui adegas nas regiões mais importantes de Portugal: Alentejo, Península de Setúbal (Azeitão), Lisboa, Bairrada, Dão e Douro, produzindo uma grande variedade de vinhos, dos mais simples aos topo de gama.


O vinho alvo do post é um dos topo de gama da vinícola, sendo produzido na região da Península de Setúbal (Azeitão) com uvas francesas, sendo que destas a composição se dá da seguinte forma: 70% Cabernet Sauvignon, 25% Merlot e 5% Petit Verdot. O vinho é então fermentado e após a separação das parte sólidas (cascas, sementes, etc.) o mesmo é transferido para barricas de carvalho francês onde passa cerca de 18 meses para maturação. Depois desta etapa há ainda o envelhecimento de 12 meses em garrafa antes da liberação ao mercado. Vamos então as impressões sobre o vinho.

Na taça uma bonita cor rubi violácea profunda, brilhante e pouco transparente. Lágrimas finas, ligeiramente coloridas e até certo ponto rápidas completam o conjunto visual.

No nariz o vinho abriu com aromas de frutos vermelhos maduros, notas de chocolate, especiarias (pimenta) e leve herbáceo. O vinho mostrava bastante complexidade, e ia mudando de acordo com o tempo que ficava na taça. Era difícil dizer que apenas estes ou aqueles aromas estavam ali.

Na boca o vinho tinha bom corpo, acidez viva, taninos finos e macios, redondos e totalmente integrados ao vinho. Na boca trazia de novo muita fruta e chocolate com leve lembrança mentolada no final, que era de longa duração.

É como eu sempre digo, os portugueses vivem me surpreendendo positivamente. Este sem dúvida é um vinhaço!! Está entre os melhores, se não o melhor, que já provei. Não é barato, principalmente aqui no Brasil (este foi comprado no free shop) mas vale cada centavo!!

Até o próximo!